Finalmente um dia de clima ameno dá as caras no estado da Guanabara. Eu não agüentava mais dormir e ter a sensação de eu estava sendo torradinho em um forno gigante.
Apesar disso, (da comédia de sempre), hoje eu tive sonhos desconexos... Primeiro sonhei com a senhora que mora aqui em baixo (de quem eu teimo em não gostar por passar o dia fumando e se queixando da vida), também com a minha mãe, e com uma versão fictícia da namorada do meu irmão. O que elas tem a ver entre si?
Todos os sonhos eram pautados por um clima meio bíblico de "julga teu caminho e tuas escolhas" e agora que eu fui entender o que era a sensação ruim que me acompanhou quando eu acordei. E era uma baita de uma saudade de casa, dos amigos, de mamãe... Daquele calor seco e cheio de vento lá de Fortaleza. E então eu acordei, tendo uma tremenda sensação de desgosto... Uma saudade do conforto e bem-estar que me tirou a fala.
Eu penso sobre isso, normalmente, de uma maneira meio hiper-racional: Você está fazendo o melhor. E todos os outros "isso" e "aquilo" que uma pessoa pode inventar pra se manter calma.
Mas a verdade é que não existe mais "aquele" aqui. Aqui é aqui, e as coisas tem sua própria norma. Talvez eu tenha vindo cavar a minha cova - às vezes essa é a única coisa que me parece verdade. Mas sempre me lembro d'ele (sim, ele) do meu lado me mostrando doces coisas... E eu sinto que o mundo é bom... Apesar dos meus amigos, e daquela pessoa que existia em Fortaleza, não estarem aqui.
Talvez eu esteja evitando me aproximar das pessoas aqui pra não "manchar" a memória dos meus amigos. Ou não queira "me contaminar" com os hábitos que eu abomino. Mas esses são comportamentos meio idiotas de se tomar - afinal aqui ainda é Brasil. E no final das contas somos todos a mesma porcaria: Um monte de gente que tenta, e tenta a vida toda. Então o que há de tão diferente entre o "aqui" e o "lá"? Como pode uma coisa me incomodar mais do que a própria memória da morte? A sensação de que é aqui que a verdadeira trilha começa? Os verdadeiros passos difíceis?
Isso me faz chegar a conclusão que o meu problema não é estar onde eu estou. E sim, não estar onde eu estava - ou seja - estar em qualquer lugar onde eu não seja quem eu sempre fui, e não faça o que sempre fiz.
E esta sexta-feira permanece nostálgica que nem fotografia amarelada, que nem sorvete de morango com gosto de corante, que nem grupos de pardais cantando de manhã cedinho... Que nem reencontrar com um velho conhecido na frente do espelho...
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