domingo, julho 20, 2014

Como fazer muitos admiradores: 


1) Mostre como a sua vida é fácil e confortável, você não tem problemas!


2) Mostre as suas receitas de sucesso e vitória, como você tem fé em você mesmo, e como você se vira bem sozinho.


3) Não se interesse muito pelas pessoas, mostre que você não tem tempo para isso, "infelizmente".


4) Sorria, esteja sempre sorrindo, seja jovem e gostoso, mesmo se você for velho e feio.


5) Seja diplomático, mesmo que isso queira dizer ser um perfeito mentiroso e alguém que simplesmente não tem nenhum escrúpulo. As pessoas não ligam. Você é legal. 


6) Se cerque de pessoas que tem utilidade pra você e faça com que elas acreditem ser seus amigos.


7) Não tenha opiniões pessoais, apenas avanços estratégicos.


8) Faça algumas pessoas acreditarem ser seus inimigos. Inimigos criam tensão, sensação de injustiça, isso aumenta a tensão em torno da sua imagem. Tensão rima com tesão. As pessoas precisam de sexo, vão gostar ainda mais de você.


9) Não tenha vida pessoal. Tudo o que você faz, até o seu cocô, tem que virar um produto pra ser vendido.


As coisas que a gente aprende com a pesquisa de campo e o método científico em antropologia das redes sociais...

quinta-feira, julho 17, 2014

Une joie trop parfaite

On se plaint souvent de l'influence négative des américains sur la société occidentale. "La culture du succès" est quelque chose que j'aimerais en parler. Sommes-nous vraiment en position de nous attaquer au "American Way" ?


Le succès c'est ce qu'on cherche. On veut réussir. On veut être quelqu'un dans nos vies. Nos parents, l'école... Tout œuvre de manière très intense pour nous apprendre que la bonne voie c'est d'être un individu qui trouve sa place dans la société et qui produit. C'est bien d'être modéré, diplomatique, avoir des bons sentiments, transmettre des bonnes impressions ou même si on est un enculé fini, le simple fait d'avoir du fric nous rendrait quelqu'un d'imitable.


J'ai été confronté à l'échec plusieurs fois : l'échec à l'école, l'échec dans la vie sociale, l'échec dans la maîtrise de mes "petits secrets" (ceux qui comprennent, savent combien de choses on peut cacher dans un placard). On est très copains, l'échec et moi.


Dans mon dialogue avec l'échec j'ai pu rencontrer quelques unes des personnes les plus formidables et incroyables. Parmi ces personnes exécrables, insupportables, j'ai trouvé mes deux meilleurs amis et, dans le groupe des connards finis, mon presque premier petit ami qui est, hélas, mort par suicide.


Oui. C'est bien désagréable tout ça, mais j'aimerais partager ce sentiment de révolte. Pourquoi nous sommes obligés de transpirer le succès et la joie de vivre ? Pourquoi il faut qu'on bombarde les gens des plus belles photos de nos voyages plus incroyables et que l'on cache nos mesquineries ? Nos envies ? Notre égoïsme ? Notre peur de mourir tous seuls ? Que nous avons, j'en sais rien, une maladie incurable et on fait semblant qu'elle n'est pas là pour mieux vivre ?


Depuis que j'ai dû me renfermer dans cette coquille de succès et espoir j'ai senti comme si une énorme abysse s'était créée autour de moi et les gens. Tellement j'entends ce que vous dites et je vois dans le fond de vos yeux que vous ressentez la vie autrement, que vous avez envie de pleurer, de rire, d'être cons, d'être simples... Mais vous y êtes : si sérieux, si intéressants, si parfaits, vous et vos carrières, projets et recettes infaillibles de comment on doit s'y prendre pour bien vivre...


Ben... Que chacun cherche sa raison de vivre comme bon il lui semble. Pour ce qui me concerne : j'ai choisi le chemin de la vérité, pas celui de la joie, coûte qui coûte. Dans la plupart du temps, ce que j'ai partagé avec mes amis c'était l'amour et le partage dans la tempête, et avec ma famille, c'était la survie dans la galère et le désespoir. Depuis que je ne vois plus de zones d'ombre, je me pose des questions...


Suis-je entouré d'êtres humains ou de personnages de télé-réalité ? Ça me manque un peu de folie. Ça me manque un peu de normalité.


"Je n'ai jamais eu les pieds sur terre..."

domingo, maio 11, 2014

Sim, chega um momento que a gente se cansa de precisar de atenção, de viver um contato íntimo com as pessoas, de saber que elas nos conhecem realmente, a telepatia retorna ao reino da imaginação.

Eu estou sozinho, continuo sem nenhum propósito, e me acostumei com a ideia de ver o tempo da vida passar.

Uma hora isso para de doer.

segunda-feira, abril 21, 2014

L'homme Européen, aisé et bourgeois qui dit à l'homme de l'Amérique latine (souvent pauvre) "Que viens-tu faire comme tourisme en Europe ? Nos villes sont pleines de vieux, tout est gris, il fait froid, il n'y a qu'une bande d'églises et bâtiments partout, les gens font la gueule, on y fait pas la fête, c'est ton pays qui est bien, restes chez toi !"


Le latino-américain lui répondit "oui, cher ami, tu as raison - mais n'aurais-tu pas oublié quelque chose ? Les villes de ton continent ont été les villes de mes ancêtres, tous ces vieux bâtiments pour moi sont comme des photos de famille qui ont été perdues et enfin retrouvées. Vous n'y faites pas de fête, mais je peux me promener tranquillement et en silence, chose difficile dans le nouveau monde, vu la violence et la misère qui nous distrait aussi souvent de la simple méditation. 


On fait la fête pour donner du pain et du cirque aux gens sinon on s'entretue tous."


Le problème en Europe c'est que l'Européen ne sait pas s'en servir. Ce continent est comme un grand entrepôt vide... On peut tout y faire, il suffit un minimum de bonne volonté et initiative.


A part râler tout seul dans un coin en songeant des temps dorés du passé, que fait l'Européen sinon le même que les citoyens de partout ?


N'aurait-on pas toujours envie d'ailleurs ?


Qui que vous soyez, quoi que vous faites : ne soyez pas si sur de vos opinions, vous ratez des sacrées occasions pour apprendre sur vous mêmes en étant d'abord curieux avant d'être prétentieux.


sábado, abril 19, 2014

Eu tenho saudade da minha infância católica, naquela época que não tinha muita diferença entre católico, crente, rezadeira, macumbeiro e o resto, as festas religiosas eram só desculpas pra gente poder se ver e mostrarmos como estávamos felizes em dividir alguma coisa com as pessoas que já nos eram queridas e as outras que iriam se tornar novos amigos.

Hoje religião é só uma maneira de separar as pessoas, de mostrar quem tem o poder, quem "vai pro céu" e quem é pecador e fudido. Queria que não fosse assim, sinto falta de muita gente, mas quando ouço que eles "abominam o pecado mas não o pecador", sinto que perdi aquelas pessoas para a loucura do fanatismo...

quinta-feira, abril 17, 2014

Sobre esses assuntos de violência e crise social no Brasil, gostaria de comentar mais alguma coisa. Vocês querem saber mesmo? Do jeito que o Brasil está brigando e vivendo de picuinha de partido político, encobrindo escândalos de corrupção como se ainda estivessemos na ditadura, dizendo que bandido bom é bandido morto e não vendo que O BRASILEIRO É PRETO, POBRE, CRACUDO, CRENTE E DESEMPREGADO, nada vai mudar!

Nós temos uma parcela gigante da população que não teve pai e mãe pra ensinar as coisas da vida, dizer o que era certo e errado, que os esforços de hoje geram frutos amanhã... Temos uma população gigante de gente sem passado e sem futuro, bombas-relógio ambulantes que esquecemos durante o "boom" econômico do Brasil, nos aproveitamos deles!

O Brasil é um país rico, mas quando se vê que toda essa riqueza pertence à algumas famílias de herdeiros que se acreditam gente muito boa e correta, a gente percebe que essa riqueza é falsa.

Temos o país que escolhemos, o país do elitismo, do esnobismo, da falta de respeito, da falta de humanidade, da corrupção, do nepotismo, do "galinha pouca, meu pirão primeiro"... É esse o nosso paraíso. É essa a nossa sociedade ideal.

A CULPA É DE QUEM PODIA FAZER, E SÓ FEZ PRA SI E PROS SEUS. E vai piorar, não vai melhorar não. Agora só vai resolver na guerra, no tiro e na morte; não vai resolver do jeito certo não porque todo mundo é santo demais, ninguém tem culpa de nada, cada um está "vivendo do suor do próprio rosto". É fácil quando papai, vovô e bisavô viveram em cima do suor de tantos outros pra dar para a prole "um conforto" passando por cima da lei e da moral.

Bravo. Agora colhamos a merda.

quarta-feira, abril 09, 2014

Acho que o que eu tenho não é depressão nem desejos suicidas, mas sim um chamado do meu espírito me dizendo que eu definitivamente não sou desse mundo. Se eu fosse volátil tudo ia ser mais simples, mas eu não sou de carne e osso...

Eu sempre me impressionei muito com gente, sempre tinha como que "paixões cerebrais" por alguns tipos de pessoas, e isso me acompanhou durante vários anos. Porém, mais recentemente, percebi que me encantei com pessoas desprezíveis. Não desprezíveis no sentido "novela das 8", mas é que eu sempre gostei dessas pessoas cheias de "fé", cheias de "certeza", que falavam cheias de imperativos... Simplesmente me deixava levar por aquela torrente psíquica.


Quando me deparei, sem querer, várias vezes com essas coisas que a idade, as experiências e a própria internet vão ensinando... Meu Deus, como eu perdi tempo com bezerros de ouro. Como eu admirei totens de cera, como eu respeitei quem não respeitava quem quer que fosse. A inefabilidade da moral, da palavra, a incondicionalidade do respeito, da fraternidade, da vontade de ver o outro crescer, se conhecer e prosperar... Não encontro isso nessas ex-musas ("musa" como forma de dizer, não estou falando exclusivamente de fêmeas).


Fé nas pessoas? Vou continuar sempre o cara motivador de sempre, gosto de ver as pessoas felizes e bem. Mas além dos dedos na minha mão, os dentes na minha boca e alguns indivíduos excepcionais que não superam um por signo do zodíaco, não acho que vou conseguir cair de amores por mais ninguém não.


Estou muito triste por ter percebido que caí das nuvens, mas feliz por ter finalmente visto as pessoas mais como elas são e menos como eu fantasiava.


Minha crise dos 28 está sendo muito iniciática.

terça-feira, abril 08, 2014

A simplicidade tem dois lados, e tem também a simplicidade que não é simples mas simplória.


Vejam bem.


Hoje a noite fomos comer pizza pra eu ir respirar um pouco depois de três dias socado em casa espirrando que nem o brinquedo do Cão.


Chegados na pizzaria, vi um sujeito de scooter que trazia na garupa sua bela potranca: ele com cara de estrangeiro (tudo menos francês) ela com cara de pseudo-brasileira. Por que eu soube que não eram brasileiros?


Tupiquim quando cola coisa em carro e em moto é materialista, mas muito místico, sempre fala em Deus como a gente fala do gênio da lâmpada, do pote de ouro no fim do arco-íris... Deus pro brasileiro simplório, o neo-crente comum é um cara em cima de uma nuvem que dá mesada pra quem agrada pastor, mas o que vi escrito naquele scooter "traficado" preto, branco e vermelho era algo de uma ignominia ainda maior que qualquer trecho da bíblia, era a antítese de tudo o que eu acredito e quero, era o orgulho de um ser humano em gastar do seu dinheiro para ter escrito o seguinte:


"Money

I need money everys day

Money forever".


O materialista teísta já me deixa nervoso, mas quando vejo isso é melhor ir comer pizza. Mesmo com febre.

sexta-feira, abril 04, 2014

Hormis ce puissant clash que j'ai vécu avec les styles de vie possibles en Guyane, qui ont été source d'étonnement, bonheur et malheur pour moi, j'ai constaté que je ne sais pas vivre à la Française.


D'abord il faut que je m'explique : c'est quoi un Français dans ma tête ?


Le Français c'est la discrétion, le silence, le réfléchir d'abord et parler peut-être ensuite. Le Français est platonique, contemplatif, pensif et même dans son explosion il s'arrête en temps du pour regagner la raison.


La raison - on s'y accroche tellement dans le monde francophone ! La raison en tant que capacité libre de la pensée, la raison comme certitude d'avoir le dernier mot véritable, le plaisir de faire connaître aux autres la qualité de ses raisonnements et de sa pensée.


Le Français au travail dit "bonjour" et "bonsoir", il ne prend pas des partis, il n'engage pas sa parole, il maîtrise les conflits, il glisse entre les crises, il sait le moment de frapper pour obtenir ce qu'il veut.


Le Français professeur est sévère mais par dur, est organisé, voire psychorigide tellement son obsession avec la perfection le démange.


Le parfait n'est pas un idéal chimérique, mais un fait mathématique trouvable au bout d'une longue route professionnelle où celui qui gagne est celui qui sait quoi et quand le faire.


Le Français est athée, même quand il est catholique, sa foi est pure raison, même si en délire, ce qui n'empêche son côté iniciatique (la franc-maçonnerie est Française). Le Français aime appartenir aux élus, à une élite, à une société secrète qui voit sans être vue, chaque Français est un peu voyeur, le Français aime par télépathie, il embrasse par télékinésie, il fait l'amour dans ses rêves mouillés.


Le Français est comme une espèce de fantôme physique : il vit sans rien toucher, rien déplacer, rien déranger. Il est une brise, un coup de vent, un frisson dans le dos, et s'il vous bouscule dans la rue, même avant de sentir le coup vous entendrez "pardonnez-moi" et toutes les autres formules de politesse qui en sortent comme d'un ordinateur. 


Et voilà pourquoi je ne sais pas vivre à la gauloise. Je ne dis pas "bonjour" je dis "hm", je ne excuse pas, j'ai fait exprès, je veux que tu te casses les deux jambes - je te déteste. Je suis "Santo de macumba", "Curupira" et "Saci-Pererê", pas Astérix. Je suis "Pedrinho" et "Menino Maluquinho", pas Tintin. Je suis un criminel né, quelque chose entre l'orpailleur, le transsexuel et la pute.


Mon chemin au monde est physique, émotionnel, viscéral, rouge, noir, il fait mal, il me drogue, il pue, il envahit ma pensée, il me possède comme un esprit malveillant, un démon de passion et de rêve en forme de vie.


Je suis un animal désorganisé qui vit dans un trou qui sent la charogne recouvert des ossements des victimes de ma faim : mes projets inachevés, mes rêves, mes haines et mes amours et toutes les autres choses que font les animaux.


Ma vie est un livre ouvert sans beaucoup de secrets (sauf les incontournables), ma pensée aussi facile à connaître. Mes amours et mes chagrins sont à la portée d'un regard ou d'une question de 5 secondes. On me voit sans être vus, je suis en scène.


Je suis sud-américain, je viens d'une colline d'ordures, je marche pieds nus, je m'habille contre ma volonté. J'ai envie de lui péter la gueule, de lui arracher les yeux, de lui mariner dans du napalm, de lui toucher, de lui baiser, de haïr, d'aimer, de sentir, de vivre sans entendre mes pensées pleines de doutes, des songes et de tourments.


Pour ce pays des gens discrets, pleins de raison, pleins de temps, de tranquillité et d'acquis de civilisation je dois déranger pas moins qu'un fou enragé qui échoue sur les côtes issu d'un navire du Styx, Hel ou pire encore. Je ne suis pas Français... Don Quixotte, je lui pète la tronche, je lui nique sa race - Voltaire c'est un grand focu, Clarice Linspector est la seule capable d'entrer dans des pensées aussi néfastes que les nôtres : ces êtres de chair, amour, passion, ombre et tourment.


Non, je ne suis pas Français.

terça-feira, abril 01, 2014

Eu não to conseguindo processar a quantidade de coisas ruins que estou vivendo e sabendo. Eu adoro pensar em bichinho e coisa boa, mas como se não bastasse eu estar dentro de uma vida que não me faz feliz, a morte aparece dando pulinhos de longe. O que isso significa?


Eu sei - um momento todos nós vamos morrer, mas eu tô sufocado de coisa ruim, de tédio, de amargura é de sensação de estar perdido! E se não é isso são lições de moral é receitas mágicas estúpidas, ou insultos em forma de trechos da bíblia.


Eu queria realmente um milagre: que eu conseguisse reencontrar alguma fé na vida, nas pessoas e em mim. Não posso mentir, não estou com a *menor* vontade de fazer absolutamente nada. Não tenho mais projetos, não tenho mais sonhos, não ficou mais nada... Vocês aí que gostam de rezar, rezem. Eu não sei mais em que espelho eu deixei a minha face...

quinta-feira, março 20, 2014

Bom, realmente, tem hora na vida que a gente realmente precisa ser muito forte. A minha cabeça já estava cheia quando toda essa confrontação com a morte começou. Parei de trabalhar lá no Inferno Verde (vulgo Guiana Francesa) graças à um atestado médico de um sujeito muito compreensivo que viu que eu já estava aí me arrastando.


A volta pra lá está sendo como uma queda livre: agüentar três meses lá não vai ser uma das tarefas mais fáceis, e hoje eu só queria realmente não estar só, queria um abraço, um beijo de boa noite, eu queria uma frase de "tudo vai ficar bem" por mais hipócrita que ela fosse.


Caos. É disso que a minha cabeça está cheia. A corrida pelo sucesso termina, a corrida pela felicidade começa, e todas as estrelinhas e pessoinhas pequenas cheias de lições de moral e interesses que vão se fuder, mas se fuder gostoso... 

Que fim de tarde triste. Cá estou eu rodopiando dentro desse ônibus indo embora do Rio de Janeiro.


Acabo de passar do lado do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e me lembro de como está saída pedregosa começou: colaram um visto no meu passaporte que tinha só uma semana de vida e eu fui embora procurar a vida em outro lugar.


As pessoas estão sempre me dizendo que o Rio está horrível, e está mesmo: violência, drogas, caos, desigualdade social... Mas o que vocês querem que eu faça se eu preciso ser feliz? Tentei ganhar dinheiro, não gostei. Tentei ser outra pessoa, não gostei. Eu gosto de cantar e dar aula, posso talvez fazer um concurso público pra carimbar coisas e pagar minhas contas, mas eu preciso viver onde eu esteja feliz.



Não tem como abrir negócio no Rio por conta dos lobbies e da corrupção, não tem como ter emprego de carteira assinada, e nas óperas da faculdade, que não haverão, também não poderei cantar (desde a audição que eu passei e anularam tudo, percebi que eu não estava lidando com uma situação favorável).


Mas vamos lá: o lento retorno à uma casinha simples num bairro de gente humilde onde quer que seja nessa cidade que respira crack, caos e fé em Deus.

"Wanderlust" ou "mal du pays"?


Os viajantes me entenderiam que em cada descoberta que fazemos deixamos um pedaço do nosso espírito com os sonhos que dividimos com as pessoas.


Os lugares, pouco importam, mas as pessoas são o motivo que nos faz atravessar os mares, cruzar as fronteiras, descobrir o esplendor da natureza e das construções do homem. Mas os lugares, estes pouco importam - o que importa são as pessoas.


Fortaleza, Crato, Niterói, Rio de Janeiro, Paris, Bordéus, Lyon, Beauvais, Canny-sur-Thérain, Ruão, Basiléia, Caiena, Matoury, São Lorenço do Maroni, Regina, São Jorge do Oiapoque, Oiapoque, Remire-Montjoli... São tantas ruas, tantas esquinas, tantas saídas, tanto asfalto e pista e pedra e cabos elétricos, mas sem as pessoas, são só lugares. E os lugares não tem importância.


Viver em movimento é viver em meditação, é viver vendo o presente desfilar em alta velocidade sem que possamos parar pra olhar pra um momento sem que o mesmo já tenha ficado em outro lugar, com outro alguém que talvez não revejamos mais.


A viagem é uma analogia da morte, é uma imitação da roda da fortuna que gira e nos deixa ébrios de tanta humanidade e tantos lugares.


Mas os lugares não são importantes se não tivermos com quem nos maravilhar do canto de um pássaro ou do vermelho do poente, os lugares não são nada - só o que resta são as saudades...

segunda-feira, março 10, 2014

Essa ideia de voltar pro Rio, terminar a faculdade e rever a vida que eu deixei pra trás é reconfortante, mesmo eu sabendo que tudo isso depende da decisão de uma comissão de pessoas que não me conhecem, e que tem coisa melhor pra fazer.


Mas eu me pergunto o que eu vou fazer no Rio de Janeiro... Hoje em dia eu tenho a impressão que não sobrou mais nada de mim é que eu devia "ir embora".


"Ir embora" talvez tenha sido o que eu fiz indo pra Guiana Francesa, me pergunto se intuitivamente eu já não sabia o que me esperava, e que não teria ido de propósito pra desafiar a morte.


A morte, é essa palavra pesada mesmo, a morte! Essa história de depressão faz a gente ter muitos pensamentos extremos, e faz tempo que a gangorra balança cada vez mais baixo, e depois dessa estadia na floresta, o balançado está cada vez pior.


Quando penso hoje no Rio de Janeiro, vejo um pouco uma espécie de "Montsalvat", de "Eldorado", de paraíso onde eu conseguia sorrir diariamente sem precisar fazer muito esforço.


É bobo, apesar do fato de eu viver sozinho, não fosse a presença sempre agradável dos meus alunos e todos os sonhos que eles traziam pra dentro da minha casa: uns queriam cantar no casamento da irmã, outros tinham tanta fé em Deus que precisavam cantar mais agudo, tinham uns que eram profissionais, tinham outros que cantavam melhor que eu, e tinham outros que se sentiam muito só e só queriam um pouco de atenção...


Também me fazia bem todas aquelas pessoas chiques falando de coisas chiques e de Europa durante os ensaios de concertos.


Eu sempre me disse que esse meio não era pra mim, que eu era muito lento e muito burro pra acompanhar isso tudo, mas eu acho que aceitei ficar pela companhia. Era pouca, ninguém nunca ia na minha casa, mas eu tinha essa sensação boa de fazer parte de algo, por mais que eu me sentisse mais só do que acompanhado.


A verdade é que, naquela época, a minha vida se parecia um pouco com o que eu acho que fosse a felicidade, apesar dos canoa estourados, das alergias constantes, do trabalho pesado, de ter que engolir pastor evangélico dentro da minha casa, mas isso me ocupava, eu me sentia útil pra alguém quando eu via meus alunos felizes, ou o público dizer que o concerto foi lindo, mesmo se nós fossemos extremamente mal pagos.


Voltar pro Rio, pra mim, vai ser ou seria um retorno à vida depois de dois anos de vácuo onde eu fiz de tudo pra tentar ser outra pessoa. Não dá, eu gosto muito dos franceses, mas não sou francês, e eu não gosto da Guiana Francesa nem dos problemas deles.


Espero que daqui pra agosto eu tenha força pra resolver isso tudo e que eu tenha força e coragem pra entrar no avião assim que o momento chegar.


Eu nem penso mais em fracasso, eu nem penso mais em "andar pra trás" eu só estou tentando me convencer de que existe alguma utilidade pra que eu continue respirando. 


Estou muito assustado porque perdi a minha curiosidade.

domingo, março 09, 2014

"For the bible tells me so" est l'un des documentaires les plus beaux et inspirateurs que je n'ai jamais vu. On y montre la pensée chrétienne américaine (qui est d'ailleurs une bonne métaphore de l'occidental et du monde entier, peut être) en clash face au "problème gay".

J'ai 27 ans, et il y a au moins 15 ans j'ai arrêté de faire semblant qu'il y avait une partie de moi qui "n'était pas censée d'y être" et dans ces 15 de discutions acharnées, drames, une vie double (ou triple), de disparaître de la vie des autres, de demander à Dieu qu'un miracle vienne pour tout changer, je peux dire que je sais comment la discrimination interne et externe peut vous faire du mal.

Quand vous êtes gay ou lesbienne ou transsexuel(le), vous n'êtes pas capable de "rester neutre", la vie vous oblige de prendre partie consciemment de votre rôle dans la société: Soit vous décidez de faire semblant qu'il n'y a absolument aucun problème et vous vivez avec une sorte de cancer spirituel, ou vous, dans un acte de folie et courage colossale, vous vous dites que celle-là est la vérité, que vous n'allez pas présenter une copine à votre famille, que vous n'aurez pas de fête de mariage à l'église et que si vous aurez des enfants ce ne sera pas comme aux comédies romantiques de la télé - c'est très dur. 

C'est vraiment très dur, mais ce qui est pire, des fois, c'est de remarquer comment les gens que vous estimez, aimez, respectez, n'arrivent pas à voir cette souffrance omniprésente chez vous que vous avez maîtrisée pendant toute votre vie par honte ou pour ne pas gêner ou agacer les autres avec vos "problèmes abominables".

Si vous êtes d'un naturel sociable, vous vous enfermez, vous perdez toutes vos couleurs, vous cherchez à ne pas vous habiller ou coiffer de manière exubérante, vous essayez de "mériter le respect" et se fondre avec la masse pour que personne vous fasse du mal, mais finalement cela vous arrive...

Le poste que vous perdez, l'appartement que vous n'arrivez pas à louer, la dette qu'on ne soldera jamais avec vous, le coup de poing, la bousculade, le coup de tuyau en fer, le gobelet de bière dans le visage, le caillou qu'on vous balance... Tout cela parce que vous êtes un homme gay.

N'oublions pas que je suis blanc et j'ai un 1,84m ! Je n'ai aucune idée de la difficulté vécue par une femme lesbienne ! Encore moins d'être lesbienne et noire ! Et pour les transsexuel(le)s ? Quel genre de personne peut supporter de se faire mal-traiter et humilier 24/24h tout simplement être qui il ou elle est ? Combien de gens arrivent à garder le sourire et avoir de la foi en l'humanité en étant entièrement rejetés pour tous, ne pas avoir un emploi fixe, de la famille, ne pas pouvoir aimer ou être aimé sans être automatiquement jugé comme un(e) tordu(e) ? Et tout cela pour le simple fait d'être soi-même ?

Je comprends qu'il y ait beaucoup de gens qui baissent les bras. Je comprends qu'il y ait des personnes qui entèrent la vérité dans le coin plus profond et sombre de leurs âmes et vivent consommées par la culpabilité et la confusion - des fois du à des sacrifices importants - tels que le rêve d'avoir une famille "normale", jusqu'à ce que la vérité explose comme une bombe nucléaire sans laisser des survivants.

Dieu, la Nature nous a faits ainsi. Il n'y a pas de force de la nature qui puisse être maîtrisée sans qu'il y ait des conséquences, c'est alors que chaque homo ou transsexuel se pose la question suivante : "Qui veux-je pour ennemi juré ? Toute la société ou cette 'force étrangère' chez moi ?"

Notre combat pour "se caler", "se retrouver", "s'accepter", ou comme veulent les pasteurs-dieux-députés chrétiens veulent "tolérés", à la façon d'un brigand qu'on est obligés de laisser en liberté, est une lutte journalière.

Je sais bien que le 8 mars on fête la journée internationale de la femme, le jour des 55% invisibles de la société, mais j'aimerais attribuer le 9 mars à tous les autres "restes", tous ceux qui sont à la base de la chaîne alimentaire humaine et qui se battent tous les jours pour comprendre "pourquoi eux", tous ceux qui doivent "être sages" devant les autres pour ne pas se faire punir car ils ont accepté le "pêché abominable", et à tous ceux qui sont "celles" et à toutes celles qui sont "ceux".

Courage ! Il y a beaucoup d'amour pour vous au monde. N'oubliez pas que chaque fois que malheur vous arrive, c'est parce que les gens ont peur, ils sont innocents, ils ne savent pas ce qu'ils font...

https://www.youtube.com/watch?v=es2hzyjywnE
"For the bible tells me so" é um dos documentários mais inspiradores e bonitos que eu já vi na vida. Ele discute como o pensamento cristão americano (que é uma boa metáfora pra todo o ocidente, e talvez mesmo o resto do mundo) se choca com o "problema gay".

Eu tenho 27 anos, e há pelo menos 15 anos eu parei de fingir que tinha um pedaço de mim que "não devia existir", e nesses 15 anos de discussões, dramas, vida dupla, tripla, sumir da vida das pessoas, pedir pra que um milagre acontecesse e tudo mudasse, eu posso dizer que sei como é viver a discriminação interna e externa, e o que isso pode fazer com você.

Quando você é gay ou lésbica ou transsexual, você não consegue simplesmente "ficar neutro", a vida te obriga à tomar uma posição consciente sobre o seu lugar na sociedade: Ou você finge que não tem absolutamente nada acontecendo e vive com esse tipo de câncer espiritual, ou você, num ato de coragem e de loucura enorme resolve dizer pra você mesmo que aquela é a verdade, que você não vai apresentar uma namorada pra família, que não vai ter festa de casamento na igreja, e que se você tiver filhos, não vai ser como na novela das oito - é muito duro.

É realmente duro, e o mais duro é ver como, às vezes, pessoas que você admira, ama, respeita, não conseguem ver esse sofrimento que você escondeu toda a sua vida por vergonha, pra não incomodar ou irritar as pessoas com os seus "problemas abomináveis".

Se você for de natureza sociável, você se fecha, perde todas as suas cores, não procura se vestir nem se pentear de maneiras exuberantes, você tenta "se dar o respeito" e se fundir com a massa pra que ninguém te faça mal, mas finalmente acontece...

O emprego que você perde, o apartamento que você não consegue alugar, o calote que você toma, o soco, o empurrão, o golpe de cano de ferro, o copo de cerveja na cara, a pedrada na cabeça... Tudo isso pelo simples fato de você ser um homem gay.

E isso tudo porque eu sou branco e tenho 1,84m! Eu não tenho a menor idéia de como deva ser difícil ser uma mulher lésbica! Menos ainda ser lésbica e preta! E os transsexuais? Que tipo de pessoas suportaria ser humilhado diariamente 24 horas por ser quem se é? Quantas pessoas conseguiriam guardar o sorriso e ter fé na humanidade sendo completamente rejeitadas por todos, não ter emprego, família, não poder amar e ser amado sem ser automaticamente julgado como um@ depravad@? E isso tudo por ser simplesmente quem se é?

Eu entendo que existam muitas pessoas que desistem. Eu entendo muitas pessoas que enterram a verdade no mais profundo das suas almas e vivem sendo consumidas pela culpa e pela confusão - às vezes fazendo sacrifícios importantes - como o sonho de ter uma família "normal", até que a verdade explode como uma bomba nuclear, sem deixar sobreviventes.

Deus, a Natureza nos fez assim. E nenhuma força da natureza pode ser controlada sem que haja consequências, então todo homossexual ou transsexual, um dado momento da sua vida se faz simplesmente a seguinte pergunta: Quem eu quero ter como inimigo? Toda a sociedade, ou essa "força estranha" dentro de mim?

A nossa luta é um combate diário pra tentar "se encaixar", "se encontrar", "se aceitar" e ser aceitado, ou como querem os líderes-pastores-deuses-deputados simplesmente "tolerados", como qualquer mal-feitor que somos obrigados à deixar em liberdade.

Eu sei que ontem foi o dia da mulher, o dia dos 55% invisíveis da nossa sociedade, mas gostaria de dedicar o dia 9 de março à todos os outros "restos", todos os outros que estão na base da cadeia alimentar humana e que lutam todo santo dia pra entender "por que eles", todos aqueles que precisam "ser bons meninos e meninas" na frente dos outros pra não serem punidos por terem aceitado o "pecado abominável", todos aqueles que são aquelas, e todas aquelas que são aqueles.

Tenham força, tem muito amor pra cada um de vocês no mundo. E não se esqueçam que sempre que algo ruim acontecer com vocês, é que as pessoas tem medo, elas são inocentes e não sabem o que fazem...

https://www.youtube.com/watch?v=RSkUAx-IY6I

terça-feira, março 04, 2014

A sensação de ser um vetor de caos, confusão e sofrimento: despertar esperanças em todos e não ter nenhuma. Eu não quero a morte por não querer mais viver, mas tenho medo do que a minha existência possa continuar fazendo contra os que me apreciam. As mãos pesadas, as lágrimas secaram, é uma dor deslocalizada... Eu não aguento mais viver.

domingo, fevereiro 23, 2014

Essa coisa de "paixão" é muito importante na vida, pra fazermos alguma coisa bem feito, precisamos estar apaixonados por aquilo; ou pelo menos pra continuar fazendo. Uma coisa que eu faço muito bem (e mesmo me surpreendo com os resultados) é ser professor de canto, e, modéstia à parte, o canto propriamente dito - mas não vejo como levar uma vida disso... 


Não é rentável, não é estável, não é seguro e eu não tenho cabeça pra dizer "I have a dream": eu só vejo alguém que quer ou que precisa muito cantar e queimo todos os meus neurônios ao ponto de ficar exausto pra colocar essa pessoa em "situação".


Mas é essa a verdade, eu não acredito mais nisso como profissão, gostaria muito de fazer isso como hobby e ouvir meus "padawans" preferidos (que estão quase todos aqui no meu face) quando for preciso.


A vida pra mim virou um beco sem saída: absolutamente mais nada tem graça pra mim, e eu não acredito que mais absolutamente nada vai dar certo porque eu tô muito velho, gordo, feio, doente e sem diplomas.


É besta, mas é isso.


Como qualquer ser vivo eu sei que o instinto de sobrevivência vai findar por falar mais alto e eu vou terminar conseguindo tomar uma decisão mais rápida (claro, sem esquecer que ainda estou preso pela prova de piano que estou pensando seriamente em mandar pra puta que pariu), mas é complicado olhar ao redor e só ver problemas: os franceses me dizem que a França é o inferno, o Brasil não está melhor, os colegas de trabalho lamentam que "o único professor legal vai embora"... O que quer que eu consiga fazer alguém vai ficar triste, mas o mais triste é eu ficar 7 dias por semana em inércia total.


Não sei qual foi o último dia em que não pensei como a minha vida é sem graça - acho que faz mais de um ano! Assim como não sei mais qual foi o dia que pensei que me sentia bem, realizado, feliz, com esperança, satisfeito... Deve fazer pelo menos três anos! Sacudir a poeira é preciso pra viver, mas pra viver (e não "sobreviver" como estou fazendo) a gente precisa de um motivo.


Motivos, esperanças, missões, sonhos no sentido mais puro da coisa... Eu não tenho nenhum. Não tenho vontade de fazer absolutamente nada e isso me entristece muito. A vida ficou muito desagradável pra mim...

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Não é normal. 

Não é normal todo santo dia ter os mesmos pensamentos, as mesmas frustrações, se perguntar as mesmas coisas e ter sempre as mesmas respostas...

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

domingo, fevereiro 09, 2014

E eu ali, como um perfeito babaca esperando a boa nova do fim dessa tristeza - não tem boa nova: nenhuma ligação, nenhuma notícia de ninguém; absolutamente nada, é como se eu não existisse...
Que sentimento ruim...
Mais um fim-de-semana inútil se acaba...
Tudo continua, mas vamos ver se tudo melhora, muda ou piora...
Pronto, estou fechado na minha bolha. Agora não tem mais rede social pra ficar vendo a vida dos outros desfilar na minha frente: sou eu e eu mesmo pra resolver o que fazer. Eu continuo? Eu paro? Eu faço o que acho que tenho que fazer? Em todos os casos preciso de coragem...

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

A depressão é uma das coisas mais estressantes e difíceis de entender, principalmente quando você está do lado de dentro.

"Entender" vira justamente um verbo inexplicável: você não entende mais nada, não ouve mais nada, não tem mais voz... Você se torna um fantasma ambulante que não consegue captar direito a passagem do tempo. Os eventos desfilam, as pessoas vem e vão e a sua mente continua congelada, enquanto um veneno misterioso escorrega pelo seu corpo.

A sensação é ácida, você sente as veias pulsarem, você tem sempre a impressão que acabou de tomar uma surra (principalmente quando você acorda) e você tem que fazer todas as coisas, principalmente falar com as pessoas.

E falar com as pessoas, como é horrível! Formar as frases, explicar, discordar, mostrar outro ponto de vista, é tudo tão cansativo, tão repetitivo... E você olha todas as ambições das pessoas passarem em cima da sua cabeça, você vê exatamente o quê toda essa gente quer: dinheiro, poder, dinheiro, poder - enquanto tudo o que você pensa é que cedo ou tarde todos estarão mortos, e nada disso faz absolutamente nenhum sentido sequer.

Então você se irrita com aquela perda de tempo - tudo o que você quer é que te deixem em paz, que você volte pro seu canto escuro e fique olhando o vazio enquanto as horas, os dias e os meses passam e você não consegue decidir.

Não consegue decidir se mexe o braço esquerdo ou direito, se anda ou fica (em geral você fica), não consegue decidir se vai viver ou se mata de vez... Tudo fica suspenso.

Você não sente mais nada além do medo, da culpa, da tristeza, da amargura, da raiva, da vingança: mas como todas essas emoções horríveis se misturam, elas se matam mutuamente, e finalmente você não sente absolutamente nada, só um vazio,  esse vazio te dá muita vergonha e medo pelas outras pessoas.

Então você se isola como se fosse uma bomba relógio, ou se isola como os bichos quando se preparam pra morrer.

Mas você não está se preparando pra nada - você simplesmente não está mais ali. A depressão é como se fosse o corpo que chora ter-se perdido da alma, ou a alma que grita quando está soterrada pelo corpo. De qualquer forma é muito desagradável: o corpo luta contra si mesmo, se machuca, se tortura e isso tudo acaba com a sua energia e a sua vontade de fazer as coisas.

Os projetos para o futuro se acabam: tudo vira passado. O presente também se desloca, ele se torna uma eterna preparação mal feita para o futuro pois enquanto você luta pra esvaziar a cabeça e se concentrar em alguma coisa já são 3 horas da manhã, seu coração está à 140 bpm e você está tão cansado que não consegue mais dormir.

A depressão não tem a menor lógica. Mas o que não tem a menor lógica mesmo é fingir que nada está acontecendo: grite. Aproveite aquele único segundo de energia do dia que você tem e grite, chore, implore por socorro antes que a depressão te amordace de novo - assim que ela puder, ela vai te calar.

Se as pessoas do trabalho são frias e não ligam pra você, se os seus amigos não são mais os mesmos e te deram as costas, se a sua família te abandonou, se a sua esposa morreu, amigo - foda-se! Não perca tempo e peça socorro! Você não tem nada à perder, mas se alguém te estender a mão, você tem tudo à ganhar.

De depressivo para depressivo/a.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

"Leva pra casa"

Ora - o delinquente, marginal, pilantra, ladrão já está dentro da nossa casa - o Brasil. Não adianta ficar colocando a mãozinha na frente do rosto pra fingir que tem uma solução mágica pra violência descontrolada, agora é a época de começar à preparar a única solução possível: desenvolvimento! É trantando o pobre que nem gente e dando um mínimo de dignidade pro brasileiro que a situação pode se inverter, não é dividindo a sociedade em "cidadão de bem" e "vagabundo" que isso vai funcionar.

Qualquer pessoa que é testada com a pobreza, o racismo, a precariedade e a humilhação durante toda a vida pode cair em tentação e ceder ao crime, crime violento de roubar bolsa de loirinha bonita em Botafogo, crime escroto, de roubar o carro de um "cidadão de bem pai de família que come hóstia"... Isso aí tudo acontece.

A corrupção e a marginalidade é tão forte que tenta até os ricos e burocratas - esses aí que quando a gente vê com o rabo do olho até parecem cidadãos de bem, e é pra pagar o luxo da vida dessa gente que 33% da tua grana vai-se embora na boca do Leão.

Mas vai, classe média, Estados Unidos, partido de direita, deus é mas, vai, continua falando do pobre, dizendo que o Brasil é uma merda por causa dele...

E para todas Cheirazadas, vão se lascar. Eu tô do lado do cracudo, da Nem, das pessoas que não agregam valor e que não deram certo na vida.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O mundo pra mim, talvez por causa das escolhas que eu fiz - ou por causa de uma falha de caráter que parece durar desde a manhã da minha vida, é um lugar horrível.


A maldade das pessoas sempre me afetou de uma maneira diferente, com 10 anos de idade eu levei sozinho uma professora mesquinha diante da diretora por maus tratos e insultos, com 22 eu denunciei um policial militar no Rio, com 23 coloquei os pingos nos "i"a para outra professora diante umas 40 pessoas, e com 27 anos eu enfrentei a imigração francesa sozinho: escrevi a minha defesa jurídica e ataquei o pescoço de um dos sistemas mais injustos e cruéis do mundo.


A dor alheia me chama atenção, ela me comove de um jeito muito intenso - ela dói em mim como se fosse minha, e toda essa miséria faz parte da minha vida.


Finalmente existe o canto - o que isso significa na minha vida? Ora, eu não consigo me ver em plena felicidade, com viseiras de burro sem olhar pros lados. Eu não sou ninguém de objetivo, muito menos de "eficaz", eu sou essa coisa emocional que sangra, e que tenta curar o mundo com bandagens sujas de sangue: o mundo tem muita dor, muito sofrimento, e eu gostaria muito que as pessoas parassem de fingir que não.


Eu não digo isso como uma simples cobrança, mas já abri a porta da minha casa para catar no chão o que restava de alguém, e continuo vendo que as pessoas tem uma verdadeira obsessão pelo sucesso e pela paz de espírito absoluta, como uma espécie de reprodução terrena do paraíso supremo de Deus, o criador.


Enquanto não se divide o pão, enquanto não se enxuga a lágrima, enquanto não se estende a mão, e se abraça a amargura do outro sem pensar e nem julgar, nós não somos em nada diferentes do nosso pior inimigo: que ele seja a vida que nos tomou um ente querido, ou um superior que simplesmente "não tinha nada a ver com isso" ou alguém que naquele momento "não podia fazer absolutamente nada" - o que nos torna medíocres não é não ser o melhor no que se faz, mas é aceitar a vida nos tornar simplesmente alguém que só consegue olhar pra frente ou ter uma visão distorcida de si mesmo no espelho, só vemos quem deveríamos ser, e não vemos nada que se mete no nosso caminho entre o real e o sonho do super-eu...



Bom, é isso. Talvez eu esteja sempre diante de uma experiência muito ruim, mas quando vejo esse culto do sucesso, das fotos em festas, de carros, das conquistas, eu me pergunto "qual o problema de toda essa gente que vive pra fugir de todos esses pesadelos que eles me ligavam aos prantos 11 hora da noite pra pedir socorro"?


Quantos desses maravilhosos e bem-sucedidos não eram suicidas em potencial que se escondiam atrás de religião, da maconha, da amante, da academia ou do relacionamento falido?


Eu vejo que a profecia de mãe se cumpre. "Amigos são meus dentes".


Pois é. Desculpem-me todos se não tenho mais sucesso é boas notícias pra dividir com vocês. Como vocês sabem, meu sol é a lua, o que me faz existir é a angústia, e a nuca certeza que eu tenho é a dúvida.


Este grande retorno de Saturno me arrancou desse mundo real e me mostrou de uma vez por todas que não adianta eu fingir que pertenço à lugar nenhum ou à quem quer que seja.


Nasci pra ser anônimo, ou ora estar sempre chegando ou indo embora pra sempre...

sexta-feira, janeiro 03, 2014

O segredo, na verdade, não é perguntar como os outros conseguiram, mas simplesmente olhar pra frente com uma certa crueldade, uma certa vontade de viver o vácuo...