domingo, dezembro 30, 2012

Fim do mundo

A minha vida teria sido mais fácil se eu tivesse feito as escolhas erradas. Hoje eu poderia ser um concursado hétero, e talvez até com filhos, como todos os ex-gays que preparam com o máximo de agilidade a sua descendência, talvez com medo de morrerem antes de poder vê-la. Além disso poderia ter conseguido um emprego na prefeitura de Niterói, ter continuado no Rio de Janeiro, ou qualquer coisa assim, mas preferi escolher o vazio. É escura e enorme a minha constatação de como somos vazios, nós, os homens. Somos como qualquer bicho que morde, arranha e machuca, e depois desses oito anos seguidos de materialismo confirmo que o mundo dos homens não é um lugar muito bom; não é bom viver nas paixões desse mundo, não é bom amar nada aqui, tudo é feito de areia e sal, tudo termina por se esfarelar, e a nossa centelha eterna (que não existe, pois a gente morre depois de morrer) viaja com o vento no esquecimento azul e frio do tempo que costura a eternidade.

O meu mundo acabou. O meu mundo de aliados, o meu mundo de fé, o meu mundo de dividir e não se apaixonar pelo que acaba e pelo que não me pertence, tudo isso se foi, e se foi pra bem longe - pra onde será que foi? Se foi pra onde não tem mais eu, no lugar no meio do universo onde todas as coisas são possíveis e nenhum olho pode ver, nenhum ouvido pode ouvir. Se eu ainda tivesse tanto fogo no coração poderia chorar ou gritar, mas não consigo. Sinto que aquela história sobre as linhas da minha mão pode ser verdade, o que significa que posso esta vivendo os últimos anos da minha vida, uma vida curta como a do meu pai, que também se acabou prevista e predizida, a minha pode-se ir assim, mas especialmente porque não tenho vivido bem. Procuro, vasculho, reviro, e não consigo encontrar um pouco de contentamento, esse mundo não tem lugar pra mim, e eu nele não tenho motivação, não tenho esta felicidade de homem branco.

Já vi um bocado de como as coisas são aqui e ali, mas não gostei. Muito materialismo, muita segregação, muita ausência e muito de muito pouco pra muita gente. Toda herança que estou tendo disso tudo é muita raiva, muito rancor, muito silencio e talvez um mistério terrível que eu esteja preparando sem saber. Pode ser que eu, como os animais, procure uma morada quieta para dar o meu ultimo suspiro. E ultimo suspiro por quê? Por que não tenho muito o que ver... O mundo é só um lugar grande com lugares diferentes de situações e pessoas que se repetem.

Quantos sóis, quantas luas e quantas estrelas os meus olhos de carne vão ver até que tudo seja escuro?

"In fernem Land..."

domingo, novembro 04, 2012

Dix choses qui m’ont fallu des années pour comprendre.
Luiz Fernando Veríssimo

1. Une personne qui est bonne avec vous, mais rude avec le serveur ne peut pas être une bonne personne.

2. Les personnes qui veulent échanger leurs points de vue religieux avec vous, ne veulent que rarement entendre le vôtre.

3. Les gens s'en fichent si vous ne savez pas danser ; réveillez-vous et bougez !

4. La force la plus destructive de l’univers c’est le commérage.

5. Ne confondez pas votre carrière avec votre vie.

6. N’importe sous quel prétexte, ne prenez jamais une pilule pour mal du sommeil et un laxatif la même nuit.

7. Si vous avez à identifier, avec un seul mot, la raison qui empêche (et qui empêchera pour toujours) l’évolution définitive de l’humanité, ce mot serait-il « réunions ».

8. Il y a une ligne fine entre « hobby » et « maladie mentale ».

9. Vos vrais amis vous aiment n’importe ce qu’il peut arriver.

10. Ne craignez jamais d’essayer une nouvelle chose. Souvenez-vous qu’un amateur solitaire a fait l’Arche et un groupe de professionnels qualifiés a construit le Titanic.

sexta-feira, novembro 02, 2012

Dia um do onze de dois mil e doze


Olha, essa coisa de vir pro Rio de Janeiro me deu fortes emoções. Assumo: O vínculo que eu criei com o Rio de Janeiro foi muito, mas muito forte. É uma cidade de muitos falsos amigos, de gente que nunca tem tempo pra você e pouco se fode se você precisa de uma coisa ou duas, mas sabe... Percebi uma coisa... As pessoas no Rio, não é que elas sejam filhas da puta, elas se tornam. O Rio de Janeiro suga muito de todo mundo, todo mundo vive cansado e sem um tostão no bolso pra nada, que dirá pra ajudar quem quer que seja. Então eu posso fingir que entendo e me liberar dessa carga de mágoa de sete anos.

Hoje foi um dia muito rico, essa caminhada absurda até a pista Claudio Coutinho e não sei aonde me fez rever como eu gostava daqui, como esse lugar é agradável apesar de tudo. Sem dúvida nenhuma o Rio de Janeiro é *muito* mais agradável que Paris, Frankfurt, Cayenne, Remire-Montjoly, Kourou, Mana... Tem muito mais coisa pra fazer, sem dúvida! Porém enquanto eu tiver meus sonhos pra realizar, minha vida pra viver e meus SONHOS pra perseguir, infelizmente o Rio de Janeiro, esse paraíso de INFERNO está totalmente fora de cogitação. É com lágrimas nos olhos que digo isso, mas o Rio não tem vaga pra mim.

Sobre o vínculo, é estranho, mas eu me sinto mais ligado à cidade do Rio de Janeiro que à minha cidade natal. Conheço mais as entranhas do Rio de Janeiro do que as de Fortaleza, e a maioria das minhas boas memórias de conquistas, vitórias, e tudo o que conquistei na raça, no suor, na competência e na CORAGEM (porra, bota coragem nesse caralho) foi aqui, no Estado da Guanabara, Última capital Imperial das Américas. Apesar de toda a dificuldade, o Rio de Janeiro foi quem me abriu as portas pro mundo e pra minha vida. Foi no Rio que a minha competência foi reconhecida e muito bem. Em Fortaleza o que eu tenho são as memórias da adolescência mais mágica que uma pessoa pode ter, mas viver em Fortaleza não tem condição. Fortaleza está na Idade da Pedra. É um lugar em completa barbárie. Se o Rio tá ruim, nem se atrevam à ir lá... Dá pena. Queria muito que a minha cidade fosse o paraíso que ela MERECE ser, mas enquanto a administração política for quintal de prefeito e governador, não dá. E agora tá muito, mas muito pior.

Eu me sinto fortalezence de cartório, varzealegrence de sangue, cratense de afeto, niteroiense de vivência, carioca de respeito e francês de tabelinha.

O bom de viajar é conhecer.
O ruim de viajar é ter saudade de tudo depois...

terça-feira, outubro 30, 2012

As idas e voltas da política na sociedade do bicho homem


A gente se sente tão chique, a gente se sente tão educada, mas a gente é tão, mas tão pretensiosa... Mais uma vez eu vejo como as coisas não estão boas porque as pessoas não tem um pingo de uma coisa que se chama *generosidade*.

Dia intenso. Revi boa parte dos antigos colegas de faculdade, mas agora são antigos colegas da minha ex-faculdade, esta UFRJ que eu tanto detestei, e que sem que eu soubesse me abriu as portas pra um mundo bem maior que eu imaginava que fosse possível pra mim.

Vendo ali a minha velha vida, eu tive saudades, tive vontade de dizer "não, eu fico"; mas acho que a vida tem que ter mão única, tem que i
r reto e sem dar retorno. Tenho impressão que a cada ano que se passa, tenho escolhido desafios cada vez piores pra mim, e que os níveis de stress que estou me submetendo estão se superando, mas o que fazer se, mesmo tendo um coração relativamente fraco, eu sou viciado em desafios?

Seguir adiante, vencer o invencível, ter medo apenas de não tentar, e ter medida viver dentro de uma bolinhazinha toda pequenininha. Mas que dá saudade... Ai que dá saudade dessa cidade apaixonante que me ensinou a viver, a errar, a ficar puto e, sobretudo, a não desistir dos meus sonhos. É noite de lua cheia, é quase noite de tosas as almas... Obrigado Rio de Janeiro sem lógica, sem palavra, sem pé nem cabeça...

sexta-feira, outubro 19, 2012

O desespero

Acho que pela primeira vez na vida tive realmente vontade de me matar.

E não era um sentimento de ódio, não era um sentimento de vingança nem nada disso, mas sim uma sensação de que não tenho muita saída, de que estou destinado de uma forma a sofrer, e sofrer e olhar para todos os males do mundo, como se eles se esfregassem em mim, e eu nada posso fazer. Absolutamente.

Porque nem por mim, eu posso. Não posso mais.

Quando eu era criança, no buraco, que nós chamamos de Veneza Tropical, no país da bunda, da putaria e da política falida, eu tinha um sonho que era sair dali. Fiz tudo o que pude pra nos tirar daquela casa, daquela porcaria de casa mal-assombrada pelo espectro da vida para, da preguiça, da má vontade e dos limites, depois da região pobre da cidade, e depois eu fiz tudo pra sair de Fortaleza, tudo, mas tudo mesmo.

Fui pra São Paulo com uma porcaria de um bilhete de avião só de ida, depois fui parar no Rio de Janeiro, depois vivi ali sete anos de stress, de desconforto, de incômodo, de falsidade, de gente interesseira, de trabalho semi-escravo, de tudo o que não presta.

Pra começar morei com a porcaria de um namorado completamente doente da cabeça. Um imbecil que só sabia reclamar, ter ciúme, me dar ordem, me fazer sentir mal, e dizer que os cento e oitenta reais que eu paguei pra me inscrever no vestibular das federais era "dinheiro jogado fora", porque eu não merecia ser aluno de universidade federal.

Isso, evidentemente, depois de fazer das tripas coração pra estudar solfejo (porque eu era analfabeto), piano, formação musical, e tudo isso... sem dinheiro! Sem um puto no bolso! E, aos vinte anos, cearense no sudeste, como uma tal pessoa consegue um emprego no sudeste? Só garoto de programa, e nem isso me ofereceram, porque magro, feio, com cabelo mal cortado e cara de aidético do jeito que eu tinha, não havia cristão ou muçulmano que quisesse me comer.

Passei nessa merda dessa faculdade pra me fuder que nem um animal lá dentro. Não sabia ler música e ficava que nem um imbecil às três horas da manhã fazendo porra de solfejo pra depois chegar na faculdade e tirar 3, 4, 5... Pra quê? Pra porra nenhuma, porque o que me deu emprego não foi competência nenhuma, foi fazer como todo mundo: ser convidado por alguém que conhece alguém e vai com a tua cara.

Eu achava que eu cantava bem, mas talvez meu primeiro professor de canto, um ilustre frustrado, com todo respeito, me disse que "eu não tinha o menor talento pra cantar, e deveria pensar em línguas, porque pelo menos pra isso eu tinha jeito". Jeito pra quê? Pra ser pobre, fudido, ganhar salário de mil reais pra dar porra de aula de inglês pra analfabeto funcional que não sabe nem a diferência de Nova Orleans pra Toronto? Não.

Então passei aí uns bons sete anos enrolando entre tudo e nada, entre trabalhar quarenta e quatro horas por semana pra levar cantada, calote, ouvir problema de vida pessoal, dar jeito em casamento e tudo de aluno. "Aluno"... "Aluno" ou caso psiquiátrico? O que significa cantar, pra essa gente toda? Não é o prazer, nem o dever de provocar bem aos outros, e sim, resolver um grande problema emocional, uma grande castração oral que termina por despejar todas as misérias da vida sobre um profissional - às vezes uma "profissional", como eu vi como muitas retardadas de mestrado embaixo do suvaco, e sempre uma mulher! Ô profissãozinha sexista do caralho! - atrás de um piano.

Deve ser por isso que os professores de canto são tão insuportáveis. Primeiro porque pra você terminar nessa profissão amaldiçoada pelos músicos e pelos pedagogos, você tem que cantar muito mal e ser um péssimo pedagogo, porque pra terminar aí, nessa lacuna da música onde qualquer pianista que conheça uma ópera ou duas pode se meter a dar aula, você tem que estar muito sem opção.

Então nesse mundo de ficar vendo estrelas cadentes e ascendentes suicidas-profissionais que vão e que vem, você começa a ficar cascudo. Fica a dica: Se você canta bem, e quer alguma coisa da vida, além de ser ou um músico muito foda, ou ser MUITO mas MUITO gato, ou ser MUITO mas MUITO rico, ou conhecer MUITA mas MUITA gente e ser MUITO mas MUITO querido por todo mundo, você tem que ter um senso de responsabilidade de juíz alemão, uma cara de pau de mendigo de Lapa, e sangue de barata. Sangue de barata porque você vai se fuder pra aprender repertório e ouvir "mas antes de pensar em uma prestação de serviços, a única coisa que podemos oferecer ao senhor é a concessão do espaço da casa gratuitamente para você divulgar o seu trabalho" - em resumo - trabalha de graça, e ainda agradece.

Vão todos tomar no cu!

Porcaria de lobbys do caralho, a mesma coisa que fazem com atores de segunda categoria, à propósito, é o gado que é movido pelo próprio ego de aparecer dois quartos de segundo no canto inferior esquerdo durante a novela mais vagabunda do canal do Edir Macedo. Arte? Arte de cu é rola! O negócio é dinheiro, muito dinheiro pra enfiar em buceta de puta, depois de passar por bolso de pastor.

Eu me fudi, e muito, nessa baitolagem de querer "servir à arte e também fazer o mundo melhor com o meu engajamento artístico".  O mundo tá pouco se lixando pro caralho de um viado latinoamericano gordo que pensa que é o Gênio da Lâmpada com a resposta pra tudo.

E o pior, eu ainda resolvi, depois de ter me fudido muito, mas bastante, de ter vindo pra uma porcaria de mato sem cachorro, uma merda de matagal de ex-colônia da França onde só tem gente sonsa, e até empregada doméstica faz politicagem. Aqui é pior que qualquer interior do Ceará porque todo mundo cheira o cu de todo mundo, e depois queima o filme de todo mundo. Viado? Viado não pode - apesar dessas merdas não serem nem católicos nem o caralho - mas vivem de fuder, de lamber buceta e enviar pica no cu dentro de carrões da audi e bmw em beira de estrada à vista de todo mundo. E no dia seguinte? Não sei, não vi, não conheço. Todo mundo faz, todo mundo lembra, ninguém fala porra nenhuma. Mas como sempre viado não pode.

E além disso, apesar de ter emprego dando em árvore, graças aos lascados expatriados do Brasil que vem pra cá atrás de viver de ajuda do governo, ou de catar essa porcaria de ouro que está socado no furúnculo dessa floresta, a imigração aqui é um inferno. Por causa desses vagabundos, desses semi-analfabetos sem noção que só pensam nesse caralho de dinheiro, esse lugar aqui virou uma fortaleza contra estrangeiros.

Mas eu penso, sinceramente: Que cagada de pombo foi essa que me deu no cérebro de pensar que isso ia dar certo? Imigração é coisa pra quem tem buceta porque, como tudo no mundo, as leis que não podem ser quebradas, as situações mais enroladas do mundo se resolvem com o poder da chavasca. Basta dar a chana, levar pica de algum gringo fulegarem e sem noção que vem dos cafundós do zeca do lado da puta que pariu, fugindo da polícia ou da interpol, ou porque não consegue um emprego decente na merda daquele continente chato de gente velha. e depois ir com cara de sonsa pedir "meus papiers", e as imbecis não sabem nem dizer uma frase completa na própria lingua nativa.

Porém elas estão erradas? Elas estão erradas de sair de um país onde um deputado federal ganha mais dinheiro por mês (contando a podridão da corrupção) que elas, essas fudidas sem escola, sem direito, sem família, ganham durante a vida? Será que elas são culpadas simplesmente por terem nascido? Eu não posso culpar ninguém.

De qualquer forma eu tô de saco cheio. De saco cheio de relativizar, de tentar compreender, de ir e vir, e tentar, e improvisar, e ir falar com não sei quem, e passar trezentos e-mails, e de ouvir que eu tenho "muita possibilidade", de que "eu aprendi um francês incrível em tempo recorde" - pra que isso serve? Ora, eu não consigo ser mau-caráter. Tentei. Tentei fazer teste de sofá, tentei puxar saco, tentei chupar pica... Mas não dá. Terminei virando copo de café na cara de imbecil, queimando a pessoa pra todo mundo, ou dando um murro na cara do corrupto. Não dá. Eu não nasci pra ser puta.

E agora? O que eu faço? Um concurso público? Pra quê? Pra ser reprovado mil vezes porque todos os políticos do Brasil precisam aprovar toda a linhagem familiar deles antes? Vou abrir um negócio? Pra viver como um asiático imbecil ou um Seu-Lunga que passa o dia vendo a vida passar enquanto ele queria estar fazendo mil coisas mais interessantes? Quando eu falo dos brasileiros, meu Deus, não penso como deve ser atroz ser asiático, como deve ser difícil fazer parte de países que fazem os parentes pagarem pelas balas da execução. Que porcaria de mundo é esse?

Então eu pensei que poderia ser uma boa idéia se eu morresse porque, honestamente, apesar de todas essas "eventuais possibilidades" que eu viria a estar tendo, sério, não tem lugar pra mim. Eu não sou inteligente, não sou dedicado, não sou bonito, não sirvo pra puta, não sirvo pra esposa, não sirvo pra imigrante, não sirvo... pra nada! Talvez se eu vivesse na Grécia Antiga desse certo, podia viver a vida reclamando de alguma coisa e ser chamado de filósofo. É bem o que eu sou isso... um cara que acha que tem a resposta mágica pra todos os males da humanidade.

E pros meus? E pros meus??? Se eu durmo duas noites seguidas em paz, é muito! Desde que eu nasci é assim! Meu Deus, que porcaria de vida é essa??? E quantas vezes eu já rezei ao Divino implorando à Deus que a única coisa que eu queria era um mundo justo! Era um mundo bom mesmo pras pessoas que às vezes eu digo que quero ver mortas! Eu não consigo querer mal à outra pessoa, mas estou cantado de ver pessoas quererem me fuder, quererem me esmagar com fofoca, com picuinha, com insulto, com indireta, ou simplesmente com desprezo, com proposta de trabalho semi-escravo, seja no Ceará, seja no Rio de Janeiro, seja aqui na Guiana Francesa... Eu acho que sou um tipo de gente que deu muito azar nessa porra de mundo... Mas deu muito azar... Eu nasci pra exercer um tipo de função que pede desapego e uma abnegação sobrehumana, mas eu morro de medo de ficar só. Falei.

Morro de medo de não ter com quem dividir essa existência miserável que eu me atrevo a chamar de vida. Morro de medo de não me sentir parte de uma comunidade, um grupo, um ciclo de boas vontades e bons espíritos que conspiram para o bem comum... Mas tudo o que eu vejo são inimigos, são guerras, são disputas políticas, são quebras de braço pessoais enquanto esse mundo, mesmo a buceta do caralho da porra da Europa apodrece em miséria e bagunça. Isso mesmo, seus imbecis! A Europa é um CU!

Então, eu me digo, ok, e aí Ramir? E aí, tu vais fazer o quê? Vai entrar pra Al-Qaeda? Vai entrar pro Ita? Vai entrar pras Powerpuff Girls? Não. Porque eu não consigo me imaginar estraçalhando uma pessoa porque Deus me mandou, ou porque eu tô com raivinha da vida. Se o problema é meu, então eu que me retire. E estou começando seriamente a me retirar.

Eu queria viver, mas vida é coisa pra rico, e rico cego, surdo, mudo e com sangue do Cão nas veias.

E, por este sincero desejo de acabar com essa porra e morrer, eu agradeço à todo aquele corrupto, frio, indiferente, manipulador, desonesto, ladrão, ciumento, fofoqueiro, inadimplente, sabe-tudo, desocupado, filho-de-médico, funcionário público, policial civil, professor universitário, colega de universidade, falso amigo, sanguessuga, vendedor de restaurante no quilo, cantor lírico, novo messias, matuto, evangélico, nepotista, ambicioso, todo-poderoso, sem critério, relaxado, motorista de carro esporte, menina bonita que pensa que eu sou hétero, pianista, professor de canto, concorrente tenor, velha fofoqueira do bairro, professor de matemática, médico urologista, enfermeira mal paga, vizinha mal comida, amigo problemático, "amigo" carioca, orientador profissional, contratante, diretor de associação, dono de firma, viado bonito e rico, viado bonito e carente, viado carente e grudento, amigos de foda, amigos maconheiros, igreja católica, igreja universa e, sem dúvida, eventuais familiares indiferentes do tipo "te vira". Por toda esta angústia que estou sentindo, agradeço de maneira personalizada à vocês.

Pra mim, não tem mais nenhuma graça viver. Não sei pra onde vou, não tenho mais liberdade nenhuma e nenhuma vontade de continuar com esta imbecilidade de "luta pelo meu futuro". Meu futuro é comer capim pela raíz.

Vamos direto ao ponto.

E vão todos se fuder.

domingo, outubro 07, 2012

Dia de cumprir o dever cívico no Brasil:

Ê! É hoje! É hoje que os investimento dos nossos empresários políticos vão frutificar! Mas saiba que cada primo, cada irmão, cada amigo que você, futuro político colocar dentro da política são várias pessoas que você mata com desemprego, fome ou doença.

Caros candidatos, saibam que cada carro, relógio, iPhone roubado de vocês ou das classes abastadas é um
a mera resposta aos crimes que vocês cometeram com desvio de verbas e corrupção mascarada.

O Brasil só tem uma saída: Tirar os carrapatos da máquina pública. O Estado brasileiro é um dos mais ricos do mundo, mas ainda somos um dos países com mais pobres - um dos países mais desiguais do planeta.

Vamos por favor mudar esta porra. Não façam como todo mundo, respeitem o seu país e todos os 190 milhões de pessoas que não são seus amiguinhos e nem a sua família.

E ao votante: Voto não é papel higiênico. Se passou na bunda, depois não reclame se seu país fede.

sexta-feira, setembro 28, 2012

Tem coisas que só a MPB ensina


Estive ouvindo umas cançõezinhas lindas de uma coletânea de MPB que eu encontrei, e tinha uma que dizia "amigo, apesar de modesta, minha casa é sua" - como sempre me pus a refletir sobre, e cheguei a constatações particulares.

No universo imaginário do Brasil, nos deparamos constantemente com a imagem dos bons amigos gentis e prestativos que se ajudam mutuamente, e nem a morte os separa. Porém, percebi que nos dias de hoje começamos a observar uma coisa nova, um tipo novo de egoísmo chamado de "individualismo".

A pessoa individualista, por exemplo, é aquela pessoa que prefere "não se envolver", porque simplesmente é individualista. Ou aquela pessoa que omite determinadas informações e não quer se dar ao trabalho porque "cada um tem que saber do seu".

A cada lugar que eu vou as pessoas dizem que o mundo está ficando mais difícil, mas não é o mundo, e sim as pessoas que estão ficando cada vez mais relapsas e distantes entre si, e tudo se justifica com o individualismo. Mesmo os pequenos rituais de bom dia, boa tarde, boa noite - tudo pode ser evitado com o pretexto inexorável desse individualismo que cria muros de gelo entre a única espécie animal que aprendeu a ignorar a si mesma.

Pense um pouco na sua própria vida, por exemplo, por que ela não é tão agradável? Porque você mesmo prefere não se cansar com determinadas "coisas desnecessárias".

O meu conselho? Ouça seus avós. Eles ainda sabiam ser agradáveis com os estranhos.

Que estão ficando cada vez mais estranhos...

quarta-feira, setembro 19, 2012

MANIFESTO: França x Brasil e seriedade política.


E se falando de direitos isso, direitos aquilo, estou muito descontente quando penso no Brasil em comparação a França.

Tomei um susto muito grande quando comecei a conviver com essa gente comedora de queijo, pensando que o país dos grandes pensadores na verdade era um antro de racismo e "fobias" no coração da Europa Ocidental.

Nós temos esta imagem cinematográfica de uma França aberta, acolhedora, igualitária - o caralho! A única coisa que faz a França um país mais confortável é que é menor, mais antigo e algumas leis funcionam (bem) melhor, assim como a assistência ao indivíduo em situação de risco social também me impressionou, apesar de estar longe do ideal.

Mas, no tocante a igualdade de direitos, aqui representada pelo dito "casamento gay" (união civil entre duas pessoas do mesmo sexo) eis aqui a minha posição:

François Hollande, presidente da França eleito no dia 6 de maio de 2012 (se não me engano), teve entre as suas promessas de campanha a igualdade de direitos para os casais homoafetivos, entre outras polêmicas (como uma criação de impostos sobre fortuna e um limite máximo de salário pago ao funcionário fixado em vinte salários mínimos - essas aí eu sinto cheiro de unicórnios, a briga vai ser  « ugly »).

Porém, tamanha foi a minha surpresa ao receber no dia 10 de setembro a notícia de que a Ministra da Justiça da França, Christiane Taubira (coincidentemente nascida e criada na Guiana Francesa, um lugar reconhecido pelo atraso cultural e pelo forte indício de assédio e abuso contra o homossexual) anunciou o "pré-projeto" da legalização dos casamentos homoafetivos a um jornal católico da França, o "laCroix", um mês antes da anunciação oficial.

Ela deve ser meio doida por ter começado por lá, mas talvez no instinto de provocar uma reação justamente onde a ferida mais dói, que é no nicho religioso. E pelo que parece a política é uma coisa séria entre os gauleses: Não faz aí nem um ano que o homem falou que ia casar as bichas e as sapatonas, e agora já estamos vendo a ministra nascida sob a chuva equatorial e criada a "poulet boucané" mostrando enfim que estas pessoas a quem me refiro com o jargão vulgar brasileiro, da maneira mais lúdica e despretensiosa, são levadas a sério lá.

E falando em França e seriedade, penso também no criador dos « restaurants du coeur » o humorista francês conhecido por "Coluche", que se apresentou como candidato a presidência francesa em maio de 1981, tendo desfilado vestido de noiva (e muito jeitosa, para uma baleia ou um ogro) acompanh"a" de seu noivo nas ruas de Paris, porém no último momento, este personagem "in"fame desistiu da eleição por ver que poderia ganhar, e pouco tempo depois foi encontrado morto devido a um "acidente" de moto.

Qual a questão?

No Brasil, na terra em que "Tiririca", "Maria Veneno", "Zé Bosta" ganha eleição em partido evangélico (mesmo sendo travesti, por exemplo), e onde se promete um Portal Para as Estrelas, Aquários Gigantes, ou simplesmente dentaduras, nós esperamos ANOS para ver um esboço mal-feito de uma promessa política tomar esboço.

Nesse país de um ex-presidente semi-analfabeto de nove dedos que revoluciona a política nacional a respeito das classes C e D e também das regiões norte e nordeste, ao invés dos ricos e poderosos (que hoje até dão aulas na Sorbonne), em terra em que candidatos a prefeitura de Fortaleza nem 1) são nativos e 2) nem moram no Brasil (falo do candidato evangélico Moroni), ou onde, no Rio de Janeiro, o governo no seu "choque de ordem", além de cobrir as favelas com grandes placas de fibra de vidro ou o que quer que seja, para que não as vejamos saindo do aeroporto, recolhem bicicletas "estacionadas irregularmente" por "incomodarem os transeuntes", onde um catamarã que faz um percurso de quinze minutos de um lado a outro de uma baía cobra o preço de um almoço popular por uma ida e volta, e sabendo que em Brasília quem ganha 7 mil reais é considerado pobre, e na fronteira amapaense com a Guiana Francesa ninguém tem nem renda declarada, eu me pergunto: Que diabo de país é esse?

Que diabo de país é esse em que o discurso de umas seitas inventadas há uns cinquenta anos valem mais que a seriedade e a retidão da máquina pública? Que país é esse que, com o tamanho de um continente, é mais desfuncional e mais esculhambado que qualquer fim-de-mundo do pós-guerra?

Eu sei que é muito bonito falar de Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, e o Eldourado da região sul do país - mas este país não funciona porque as pessoas que não herdam a riqueza ou o saber, fazem parte de uma minoria (aqui os homossexuais) estão FUDIDAS. Não tem direito a nada!

Vejo por exemplo os brasileiros que se humilham para vir para a Guiana Francesa: Preferem correr da polícia, mas serem tratados como gente no hospital de Kourou que tentar a sorte com emprego de salário mínimo no Brasil.

Eu, infelizmente afirmo, que depois de ter visto como um país CHATO (a França é chata pra caralho) consegue ser SÉRIO e tratar o ser humano com um mínimo de dignidade, que eu não tenho mais a *menor* vontade de voltar ao Brasil.

Prefiro me humilhar pra "pedir o meu séjour" (como dizem os imigrantes que não falam nem francês nem português direito), prefiro dar uma evitada nos "gendarmes", prefiro fazer como toda essa gente que é cidadão de segunda classe nos dois países, porque, oras, no Brasil eu não sou Barão, se eu volto pra minha terra natal, é pra ter salariozinho que acaba no dia 15, se eu volto para o Rio de Janeiro, volto para a prostituição do ensino, sem direito a nada e com todos os deveres.

Estou com cada vez mais nojo do meu país por saber que por ser brasileiro eu valho mais aqui fora do que aí dentro, que eu sou mais gente aqui para esses políticos que acham que a gente fala "macacudja" e que toda brasileira é meio puta (mas no final das contas termina sendo - nem que não queira, termina sendo obrigada), mas sabendo que nosso país gosta mesmo é de uma boa "pizza" no senado (um jargão usado para denotar o fracasso da máquina administrativa que termina sem consequencia alguma) ou simplesmente, como os "nem do morro" no Rio dizem: Uma boa duma putaria.

Então, por fim, este país que finalmente os homossexuais vão começar a ter um *minimo* de dignidade frente aos milhões de irmãos brasileiros que fogem da humilhação e da perseguição no meu Brasilzão, este país de revoluções, de guerras - de de queijo, de galette, de gente caladona e meio boboca - acabou de ganhar meu respeito.

Por fim digo a vocês chateado, com lágrimas nos olhos e muito contrariado pela frase seguinte: Sou brasileiro, e se depender de mim, não volto pra essa porra é NUNCA!

domingo, setembro 16, 2012

Ter muitos contatos não serve pra nada. Os poderosos e influentes só trocam favores entre si, os amigos distante na verdade não te conhecem, e aqueles conhecidos que você encontra do nada, ou são todas de um sábado a noite ou são só pessoas interessantes com quem você nunca vai ter afinidade. Não se iluda, nossa vida, no fim, se faz com poucos nomes. Dura lição. E mais: bancar a durona, indiferente só te faz parecer mal-comida.

Bancar o picão fode todas só te faz parecer um punheteiro.

sábado, setembro 08, 2012

domingo, setembro 02, 2012

Ultima reflexão da madrugada

Antes eu achava que precisava de uma justificativa pra fazer o que faço, mas depois percebi que antes de tentar descobrir quem ou o quê é a força motriz da minha vida, preciso fazer. Nada nem ninguém vale a pena, mas antes de se perguntar qual deus é a verdade, e qual sentimento sincero, se eu não fizer, minha vida se tornará um museu de "será".

Já vi o suficiente do ócio pra saber o que ele faz com o espirito humano. Antes me arrepender do que morrer imaginando, antes sofrer do que viver sempre em outro lugar que não em mim.

Como dizia um sábio "se o futuro foi ruim, o passado será bom".

Verbvm carvm factvm est

sábado, setembro 01, 2012

Há exatamente um ano atrás eu estava em Niterói correndo... talvez correndo em uma direção que eu ainda desconheço, e naquelas andanças dentro do parque do Barreto, às vezes na companhia do Paulo Ribeiro, para que pudéssemos perder peso e termos uma saúde um pouco melhor. Aquilo dava certo! Às vezes penso na minha vida carioca com um pouco de saudades, mas sigamos com os pés firmes! E sempre avante!

Alguns amigos queridos voltam pras suas terras, outros vão pra bem pertinho, outros perderam o emprego, tem certos que passaram em concurso público e tem outros que casaram e tem uma filha de dois anos - mais eu, já eu quero que até os que eu odeio não tenham pedra no rim, e que mesmo os que eu dizia que não queria que fossem felizes, que jamais percam o que lhes faz bem, e os que lhes mantém a vontade de seguir adiante.

Há exatamente um ano atrás eu estava vivendo um sonho, hoje graças à personagens importantes estou vivendo a realidade. Seja ela boa, seja ela ruim (às vezes ela é bem chata) pelo menos esta aventura está me mostrando maneiras diferentes (bem diferentes) de ser sinceramente feliz. Bom, sigam em frente vocês também, não deitem sobre os louros. Vejam o meu caso: Não faço ideia do que estou fazendo, mas tô fazendo!

domingo, agosto 19, 2012

I feel as if I had been forgotten. I know no more the sound of my own voice, and all that is left is anger and revenge, the ways I once wished so cheerily to follow are no more so I know me not more. And the soft and  gentle sound of my former dreams, my old songs are playing now, somewhere I cannot find, someplace I cannot track, and I fear that the end of all hope may be nigh, and all the flame I have dim.

I can no more. I feel no more. I dream no more. All that is left to do is to see, and not think, and not be content, and feel not cherished. I feel I became an unknown person to myself. I was pure fire, I was pure joy of showing wonders and possibilities, opening wide the horizons to those who dare to ride in my life. But there is nothing left. There is no light, no dream, no joy, no nothing.

Just some passing time...

sábado, agosto 18, 2012


Depois de ter vindo do Rio de Janeiro e desta minha experiência com os gringos, lamento por dizer estar muito decepcionado com o que vi na minha bela cidade.

Antes via a situação da oficiosidade aqui no Ceará, do hábito ao invés da lei, do jeitinho ao invés do que é correto até o ponto em que me perguntei como as pessoas vivem no "mas é assim mesmo", sabendo que existe uma elite que nem educada é, e pisa em cima dessa massa de gente pobre, mas as pessoas aceitam.

E todo mundo se acostuma a tudo resolver com jeitinhos ilegais, improvisações e acordos irregulares, aceitam o absurdo e o abuso como parte da vida e as pessoas estão aí sobrevivendo sem saber que tem direito a serem respeitadas. Pois no Ceará o que se diz é "rapaz, não se estresse não, a vida é assim mesmo".

E tudo o que vejo no Brasil é anarquia, cinismo e megalomania (como um show do Placido Domingo pago a três milhões de reais no centro de convenções em Fortaleza para um punhado de convidados que não fazem nem idéia do que significa Fanciulla del West, um artista da maior grandeza que foi mero passa-tempo de um bando de novos ricos que só sabem comer e comprar roupa). Eu não sei mais o que dizer do meu país, tive vontade de chorar com o que já vi nessas férias.

As praias estão lindas, sim! A orla está cada vez melhor... Mas a vida na periferia e nos ônibus que vão até a parangaba estão cada vez piores, está tudo cada vez mais difícil para quem é pobre. Há dez anos atrás eu pegava um ônibus desse lotado, mas conseguia ficar em pé, já hoje, fiquei de ponta de pé com a barriga encolhida e me segurando com uma mão só para dar espaço às pessoas que quando saíam do ônibus pisavam categoricamente no meu pé e me empurravam como um saco de merda sem ao menos cogitar pedir desculpas. Imagino uma pessoa ser obrigada de viver nisso... Não dá.

Além disso, os motoristas de Fortaleza usam a buzina como uma arma, eles te coagem a correr, a abrir espaço fazendo cara feia e xingando se você os fez perder cinco segundos do seu precioso tempo. São pessoas capazes de atropelar alguém porquê estão certas da impunidade (afinal a polícia aqui não funciona) e do "jeito daqui".

Por favor, não contrate sem carteira assinada, se errou, peça desculpas, não faça barganhas absurdas em cima de vendedores que ganham por comissão, só porque você tem um carro, não quer dizer que você tenha o direito de fazer os pedestres correrem porque você acha engraçado, peça licença, diga 'obrigado', se interesse pelas pessoas que você acabou de conhecer, e principalmente, aprenda a respeitar quem nunca vai te dar nada em troca, só assim esse país fica mais justo.

Esta é a minha nota de repúdio. Isso aqui está uma barbárie, dá desgoto de ver como isso funciona. Para quem tem dinheiro é sempre bom. Os ricos vão ser sempre os ricos mesmo que eles estejam no inferno. Nesta cidade se vive uma guerra civil não declarada. É rico contra pobre, polícia contra ladrão e bandido contra bandido - aqui não tem mocinho.

Aqui a lei é o dinheiro, a rede de contatos, o "jeito daqui". Aqui não se diz a verdade, não se procura direitos e nada se critica, tudo se aceita e nada se transforma. "Svm qvi svvm".

Gostaria de dizer que não, mas hoje eu tenho vergonha de ser brasileiro e nojo de ser cearense. 

sexta-feira, agosto 17, 2012

E a saga continua

Bom, neste caminho de auto-descoberta, tive uma semana intensa: Discussões famíliares de cortar o coração, tentativas de extorção por causa de celular, roupa lavada com professor antigo...

É impressionante quando você FOGE de uma coisa como o diabo foge da cruz, a coisa vem pra cima de você, e eu vim de férias querendo sossego, querendo parar toda essa tensão, todo esse acúmulo de pressão em cima do meu corpo enquanto eu estive fora, mas vi que o trabalho continua. Mas pelo menos hoje tenho a capacidade de reconhecer que algo precisa ser feito quando precisa ser feito, existem coisas que não podem ser ignoradas, e existem batalhas que precisam ser travadas também do lado de fora, não só na instrospecção misteriosa que não divide opiniões e não faz a alquimia de poder estar errado...

Como é bom poder não ter razão sobre nada...

quinta-feira, agosto 02, 2012

Estou impressionado como eu mudei. Em pouco tempo eu me tornei uma pessoa sem paciência. O começo do ano de 2012 está realmente sendo o fim de um mundo para mim, antes eu aguentava desaforo, tolerava manter contato com pessoas interesseiras e que não se importam comigo por... nem sei exatamente o quê, talvez porque eu achasse que essas pessoas fossem mudar, pudessem começar a me respeitar, mas infelizmente esta não é a verdade.

Se nós temos utilidade para alguém, existimos, senão, nos tornamos nada. Eu entendo isso, pois o mundo tem pessoas demais, então temos que escolher com quem vamos lidar, senão passamos a vida lidando com todo mundo, mas é triste saber que eu perdi a utilidade para tanta gente. Além disso, pessoas que eu admirava, percebi que pouco se importavam com a minha existência, mas o tempo passou suficientemente para me provar que eu sobrevivo à solidão. O mundo que eu conhecia acabou, a infância acabou, estou pronto para viver como a maioria das pessoas no ocidente - é cada um por si, e só.

É bom saber que ainda tenho meus amigos, que ainda existem pessoas que se importam comigo, embora não sejam muitos. Mas nunca são, enfim percebi.

sexta-feira, julho 27, 2012

Alegria misturada com tristeza, alívio misturado com culpa... a direção ou o movimento - quem é mais importante?

quinta-feira, julho 12, 2012

Mapas da conversação do Ramir

Depois de uma semana trabalhando com sites e mapas e coisas afins eu resolvi me gabar um pouco e dar uma olhada com que pedaços do mundo eu consigo falar. Vejamos:

Mapa da anglofonia no mundo:



Mapa da lusofonia no mundo:



Mapa da francofonia no mundo:


O legal nesse esquema é que agora eu posso viajar pra mais lugares e saber que os vendedores não vão me dar volta com o preço das coisas! Já tem pelo menos uma parcelinha do mundo oriental, hehe :-)


No final das contas dá isso!

sexta-feira, abril 13, 2012

Continuo feliz, mas agora inquieto - vou fazer uma viagem de praticamente um mês sozinho. Porra, como eu odeio estar sozinho. Mas vamos lá... terei a possibilidade de visitar vários lugares, conhecer muitas coisas... mas as coisas e os lugares pouco importam se eles não tem pessoas.
Ai ai, eu não mudo.

terça-feira, abril 03, 2012

Sicvt cervvs

Bem... o que dizer?

Sim, sim, estou feliz! É tanta felicidade, tantas oportunidades, tanta liberdade, tanto tudo que não posso dizer nada, estou tremendamente grato por tudo. Pela bondade, pelas coincidências, por tudo. É um sonho - uma vida sob bênçãos infinitas, talvez. Quem diria que depois daquele dia, daquele que eu não sei mais em 2004 que eu decidi ir embora, e fui. E oito anos depois eu estou aqui, o mesmo Ramir sonhador, ingênuo, despreparado e sempre anti-perfeccionista. Sempre se apaixonando por tudo a sua volta.

Me pergunto como eu tive tanta coragem. De onde ela veio? Eu sempre manteiga-derretida que só eu, eu sempre apegado e colado ao meu redor, fiz uma volta aos improváveis e vivo nas estrelas. Às vezes um frio de lascar que faz lá em cima. Eu vivo o impossível. O impossível em mim mesmo. Sou uma pessoa que tem inimigos, que não tenho sossego, e isso é uma coisa verdadeiramente minha. Tem sempre algo me perturbando, nem que seja a falta de perturbação. Eu sou uma pessoa inquieta por natureza.

Mas... sabe... agora o medo é de não ter mais nada, de retornar ao zero, de estar ali entre o nada e o nulo. Mas a vida é sempre uma experiência no frio das estrelas. Existe a luz, o frio, o mistério e a solidão. Somos feitos em unidades pois cada experiência humana é solitária. É uma sina rumo ao encontro derradeiro com a extinção - o momento mágico do verter do sangue, do quebrar dos ossos, do partir da consciência rumo ao negro, ao nada.

Agora o fatalismo me aterroriza. É do nada que tenho mais pânico. Do vazio, do indissolúvel mistério magno. E assim como o cervo deseja as fontes, eu desejo o infinito... eu desejo o êxtase, eu desejo o que alguns chamam de Deus, outros chamam de impossível.

Mas eu já vivo o impossível.

Quem sabe?

segunda-feira, março 26, 2012

L'amour

C'est archetypique d'écrire en français sur l'amour. On dira que c'est sujet nº 1 que nous sort de la tête en pensant sur ce pays : les émotions, l'amour. Par contre mon expérience avec les natifs me raconte que leur notion est assez particulière. Pour commencer - ils aiment tout. N'importe quoi tu en peux aimer - du pain, du riz, de la pluie, des petits chiots. L'emploi du verbe "aimer" est tellement banalisé. Pas comme en portugais ou l'anglais où nous disposons des options plus légères pour décrire nos préférences, chez les français le truc va jusqu'au bout remarquablement rapide. Les gens te demanderont "est-ce que tu aimes ça ? est-ce que tu n'aimes pas ça ?" en plus un truc que je trouve rigolo "tu aimes bien ça?" Est-ce que je peux "mal aimer" didonc ? Le monde sera rempli par l'amour, tout s'aime ou s'aime beaucoup, quoi même !

Je conseille les amis gallicistes de trouver par hasard des verbes moins sérieux... Ça force un peu !

sexta-feira, março 02, 2012

A Guiana Francesa

Finalmente depois de todos estes meses estou me sentindo bem, calmo, bonito, bronzeado e parecido com uma pessoa. Finalmente tenho um depoimento honesto sobre a Guiana Francesa. Não interessando muito a maneira como eu cheguei, mas sim o que se foi de mim ao percurso. Pois bem. Começa-lo-ei a descrever:

No meio do ano passado, já cansado da minha vida sem caos, me lancei na exótica aventura na selva francesa. O percurso que fiz, começou num sábado, dia 22 de outubro de 2011, saindo

do Rio de Janeiro com escala em Paris indo para Frankfurt na Alemanha, e somente depois eu iria

para a capital da Guiana Francesa - a cidade de Caiena.



Samantha Pistor, Paulo Ribeiro, eu e Francisco Gamboa antes da choradeira. Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro.








Tive esta semana muito especial na minha primeira visita internacional ao exterior, a cidade de
Frankfurt na Alemanha. Pasme. Frankfurt! Uma cidade onde todos os botõezinhos funcionam, as flores são uma gracinha, e todas as pontes tem toneladas de cadeadinhos com nomes de casais apaixonados. Muito fofo. Mesmo sendo final da primavera eu achei um frio de lascar...






Depois fiz a minha curtíssima estadia na cidade de Paris, uma noite apenas. Bati perna como nunca, e como sempre(hehe) tive uma boa cota de aventuras nas minhas 18 horas na cidade mais... mais... porra, nem preciso dizer, é Paris.















Esta noite foi especialmente interessante: descobri que muitos parienses tem origens muçulmanas, e que francês, francês é bicho sooonso... ;)

Em seguida parti pelo aeroporto de Orly, pela manhã a Guiana Francesa. Veja como esta segunda capital francesa tem um aspecto diferente de Paris:














É uma bela região amazônica bem preservada e com um número muito reduzido de pessoas, assim como uma situação cultural única: é um ponto de encontro entre pessoas que vem da Europa, brasileiros, locais e outros indivíduos que vem da América do Sul.
Presença católica na Guiana Francesa

É uma capital totalmente diferente de tudo o que eu podia imaginar: São em torno de 100 mil habitantes na capital, que é toute petite sem sacanagem. É muito pequenininha. Se você toma por extensão, até é alguma coisa, mas o tanto de gente... rapaz... depois sigo com descrições mais precisas :)


post de ontem

Dia primeiro de março de 2005 eu estava chegando pela avenida dutra vindo de São Paulo ao Rio de Janeiro após a minha primeira viagem aérea, e a minha primeira viagem pra fora do estado do Ceará. Nem eu sabia que ia ficar no Rio de Janeiro, e hoje sete anos depois, eu não fazia idéia que estaria escrevendo de Belém do Pará, depois de ter conhecido lugares que eu nem sabia que existiam, e exercendo um estilo de vida que nunca imaginei.

É uma loucura! Eu saí daquela casa, daquela vida, eu ali com 68kg, cheio de idéias na cabeça... e sobrevivi.

Apesar de estar magoado com algumas pessoas, e estar com uma impressão de muita inquietude, preciso me curvar ao sublime momento: Fazem sete anos que a minha vida mudou.

Depois desses sete anos estou aprendendo que as pessoas podem se virar sem mim, que eu posso me virar sem elas, e que existe muitas formas únicas, absolutas e certas de ser feliz. E além disso, que eu sou um cara muito estressado!

Então eu peço aos amigos, familiares e colegas que sabiam que a vida muda! Eu era um cara "cheio de problemas", e sobrevivi. Eu passei três anos da minha vida praticamente sozinho no Rio de Janeiro, e sobrevivi.

Deixem de ser medrosos, infantis e se aventurem! O mundo é uma bagunça, tem gente filha da puta em toda esquina do mercosul ou na união européia, mas o importante é viver sem depender de ninguém pra dizer que você vale alguma coisa!

Obrigado Rio de Janeiro! Por toda raiva, todo egoísmo, toda pobreza, toda humilhação, todos falsos amigos, todos os "vamos marcar" e toda a experiência que eu ganhei nessa terra de gente corajosa, de mil oportunidades e de quatro estações no mesmo dia!

O futuro... à Deus pertence!

E a mim, hehe.

quinta-feira, março 01, 2012

BLOGGER QUERIDO

Que saudades de você!!!

Depois da jornada do meu amado e querido notebook (que teve um coma graças a umidade da Guiana Francesa) de volta aos meus braços, voltaremos a nossa intensa produção, posteriormente em versão franco-brasileira

=)

sábado, fevereiro 11, 2012

Sem título

Ontem eu vi um post de um garotinho em uma comunidade gay do couchsurfing.com dizendo "eu moro na Índia, não sou bom em nada, não falo dez línguas diferentes, não sou rico, só queria que alguém me tirasse desse inferno!" Eu sei que a minha luxuosa vida de problemas subjetivos não deve ser nada comparada com a vida de um rapaz gay que vive ao lado do Paquistão, mas esses dias venho me sentindo muito descolocado. A questão não é mais o infantil "ai como eu me sinto só", já passei disso. Já me acostumei com a minha presença. A questão é que eu vivo como se estivesse em uma bolha, onde as pessoas não me vêem como alguém pessoal. Isso dá uma sensação bizarra que se passa algo que você não vê, e começo a pensar que tem alguma coisa errada comigo.

Talvez tenha... A falta de fluência na língua, esse aspecto meio deprimido que dá quando a gente se fecha pra olhar e tomar cuidado pra não falar besteira. Não sei o que pensar. Assim como não sei se vou querer outro ano disso- aí lembro que já disse que não queria outro ano como os que já tive. Eu devo ser morto de preguiça, só pode. Mas estou cansado de só receber ligação de gente me pedindo coisa, queria que alguém perguntasse se eu tô bem, se eu to comendo direito ou se eu prefiro Chopin ou Händel. Digo isso porque trabalho com gente. Se eu trabalhasse num escritório ou laboratório, talvez fosse mais fácil me sentir ok. Não estou me sentindo ok. Mas vou melhorar, sei lá como.

Será que alguém algum dia vai ler isso?