quarta-feira, outubro 08, 2008

Plantas

De repente eu voltei a fazer uma coisa que sempre gostei: Cuidar de plantas. Estou com quatro plantas no meu quarto, inclusive três delas são do carrefour (e fiz com que elas sobrevivessem!) Três roseiras bem pequenas... Daquelas miúdas mesmo. E também um cacto. Adoro cactos. Acho que sou viciado neles. Os cactos gordinhos sem espinhos, ou aquelas plantas bizarras e genéricas de clima árido. Adoro isso. E também as de flores bizarras e resistentes. Na realidade tudo aquilo é lindo...

Vou encher meu quarto de cactos daqueles dos vasinhos pequenos, hauhaua.

domingo, outubro 05, 2008

A Crise Estudantil

Depois de conviver algum tempo no ambiente universitário, percebi que os estudantes de música não são imunes a preguiça - e há um fenômeno não-exclusivo da Escola de Música que poderia chamar de "alergia musical".

Até as primeiras semanas do primeiro semestre, tudo são rosas. Mas depois que você se desorganiza e deixa as inseguranças tomarem um pouco a frente, tudo que é música começa a te dar verdadeira RAIVA. Então você tira todo aquele texto bonito que colocou em "Música" no orkut, começa a esquecer seu mp3 player de propósito, ou simplesmente não ouve mais música erudita...

Estive sinceramente pensando sobre isso: conheço mais de um punhado de bons instrumentistas e cantores que parecem definitivamente não gostar de música! Eles chegam, fazem o que tem que fazer, e depois nem sequer falam sobre isso. Então a música deixa de ter o seu propósito fundamental que é a catarse. Se torna uma profissãozinha, um estudinho barato e medíocre.

Quando percebi que estava me tornando um desses, eu não raciocinei muito e deixei rolar. Eu também estava de saco cheio daquela porra toda. Meio que a música se torna isso: Harmonia, percepção, formas... Vira um conjunto de cadeiras de faculdade. E uma coisa especialmente sem sentido: Você está estudando aquilo tudo (que não é fácil) pra depois se juntar com outras pessoas e organizar todos aqueles sons pra fazer alguma coisa. Mas o quê? Pra que diabo serve isso?

Eu não me atrevo a responder. Só não custo a dizer que esses dias fui questionado por alguém importante, e essa pessoa me perguntou "não foi isso que você escolheu fazer?" Por que diabos eu escolhi isso? Só por que eu me considero bom? Só por que eu acho que tenho "talento"? Não - eu gosto de música. Algumas vezes eu deixava um pouco de falar nisso porque ficava constrangido na frente dos colegas da faculdade, que infelizmente já tinham se tornado mesquinhos, e eu ainda não.

É realmente importante não deixar a ingenuidade, se faz algo porque se gosta disso, e algumas vezes isso nos expôe mesmo. Antes de querer ser um profissional em música, eu quero ouvir muita música, e curtir bastante. Acho que isso é no final das contas o que importa. É esse o prazer. Não é ter a melhor leitura ou a melhor técnica, é estar bem com o que se faz - e nunca deixar que nada seja capaz de transformar algo tão sublime em chacota ou profissãozinha, ou algo que te distancie de quem as pessoas realmente são.

Me metido com música porque gosto de ouvir concertos, gosto de textos clássicos, gosto de literatura, de poesia, gosto dessa merda toda, e nunca vou deixar de carregar isso no meu mp3 player (na realidade é um celular) e nunca fui fã de música eletroacústica. Era alvo de chacota antigamente por causa disso, e continuo sendo anos depois. Odeio MPB, odeio bossa nova, odeio pop rock, essas caralhadas todas me dão coceira. Ultimamente, só depois de ter começado a estudar música que comecei a descobrir um prazer em ouvir isso. Engraçado, diziam que era o contrário...

Quando se é exigido "seja bom", a gente esquece disso. Se você esquecer mesmo, melhor nem continuar insistindo - isso definitivamente não faz o melhor profissional de qualquer forma...

sábado, setembro 27, 2008

Pô, tá difícil passar pra licenciatura em música esse ano, né não?

quinta-feira, agosto 28, 2008

É sempre difícil lidar com o mundo. "Foda-se" realmente virou o meu jargão. Nunca pensei que fosse chegar a esse ponto. Mas pelo menos minha vida começou a alavancar. Recomendo. Dói perceber que realmente existem Pessoas e pessoas. E pra que tenhamos o maiúsculo, infelizmente temos que nos livrar do que pesa. E às vezes os sentimentos de medo, disfarçados de diplomacia, de culpa, disfarçados de paciência, e de rancor, disfarçados em "dizer a verdade" nos puxam pra baixo.

O mundo realmente fica mais fácil com mais desapego, mais confiança em si e mais "foda-se" pras pessoas. Cada um que faça sua parte. Diz respeito a si, o que diz respeito. E só. Nada mais. Fazemos por nós, os outros que façam por si - isso é a mais nobre demonstração de altruísmo. Se todos fizerem por si, todos farão por todos. E ponto final.

Não haveria lugar para frustração em um mundo onde não se tem tempo pra auto-piedade e "peninha" dos outros. Então chega de teletubbies. A moda é essa:

- Te pediram a mão?
Estenda.
- Te pediram o pé?
Dê uma voadora, pra matar.

O pior tipo de inimigo é o sanguessuga. Mas o mais perigoso sempre é você mesmo (que às vezes cái nessa).

Pronto, aprendi

Querido Papai-do-Céu;

hoje aprendi uma coisa muito importante:
Que eu não tenho a obrigação de ser legal.
Então é foda-se pra todo mundo que é mané. FODA-SE!
É ferro, e pimenta no toba alheio!

segunda-feira, agosto 04, 2008

Foda-se

Pratiquemos este verbo. De todas as formas e em todas conotações. Bom verbo, vulgar é o verbo. Mas nunca vi expressão mais poderosa.

Não conseguiu? "Foda-se" Não perdoou? "Foda-se" Não lembrou? "Foda-se" Não esqueceu? "Foda-se" Não deu? "Foda-se" Não vai dar? "Foda-se" E o melhor: não deixa de incomodar? "Foda-se"

Manda se foder, veja o circo pegar fogo. Porque pra você amigo, eles também só dizem isso, só dizem
"Foda-se"!
"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.

Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. Não há como não admirar um homem - Cousteau, ao comentar o sucesso do seu primeiro grande filme: 'Não adianta, não serve para nada, é preciso ir ver'. Il faut aller voir. Pura verdade, o mundo na TV é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo." [Amyr Klink]

Feliz coincidência ter me encontrado com este texto agora. Ontem mesmo estive debruçado sobre os saldos da minha vida e o cearense em mim só começou a bater no peito e dizer "comedor de rapadura sou eu" depois de ter colocado os pés rachados de sol onde só se usa tênis e quase só se come industrializado.

Também pensando nas Minas Gerais, e todos estes novos mundos: Como é maravilhoso ver o que se repete, e também o que muda violentamente de um quilômetro de chão pro outro. Nosso egoísmo, nossa pequenez toda seca como folha moribunda depois de ver que existem lugares mais secos, existem vidas mais complexas, e existem mundos maiores pra se ver. E sempre se tem onde e como crescer.

O mundo é uma máquina maravilhosa. Sem dúvidas.
(Diário de bordo já esteve em: Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais - estou dominando o sudeste!)

terça-feira, julho 29, 2008

Esse negócio de festival de música é mistura de terapia com curso de férias. Transforma o que a gente às vezes acha que detesta em alguma coisa agradável, lúdica. A parte boa é tudo isso, a ruim é ter que voltar da experiência. É triste deixar os novos amigos pra trás de alguma forma. O bom é se tocar de como o mundo, e tudo nele, é bem maior que a gente pensava que fosse.

Que bom que existem os festivais de música!

sábado, julho 05, 2008

Copioso... em branco

Não é só o clima que está frio. O resto anda um pouco assim também... Apesar da paz (o fim de semestre realmente me impressiona) eu me sinto um pouco feito um esquimó. Tudo está em branco. Como gelo, ou uma grande folha de papel.

Voltei a ter desejos estúpidos como terminar aquele romance que eu comecei há mil anos, ou mesmo fazer um curso de alguma coisa estúpida pra me sentir uma pessoa melhor. O que eu queria mesmo era saber usar melhor o tempo, e ser mais indulgente. Me permito a fazer poucas das coisas que realmente gostaria. Porém, uma delas que é andar sem rumo depois de gastar o dinheiro da passagem com um pacote de biscoito trakinas, eu continuo fazendo.

O frio pode ser dúvida. Não sei se vou me tornar um desses cantores solistas cheios de si (no melhor sentido possível e imaginável da realização pessoal) ou um musicólogo empoeirado. Sou curioso demais pra olhar sempre pras mesmas coisas e dar as pessoas o melhor do mesmo.

Talvez solidão? Eu sou uma pessoa estranha: Rejeito convites de baladas dos amigos, não bebo, não fumo (nem maconha), não cheiro... E estou quase sempre só. Será que eu tenho 22 anos mesmo? De repente se eu tiro a barba melhora. Me sinto velho. Sempre ouvindo essas músicas só minhas, e lendo os textos que só eu conheço.

Mas meu mundo é meio isso... um lugar escondido, solitário, pacífico e terrível como uma floresta virgem cheia dos mais belos monstros. E o maior deles é o desejo... de existir? De entender? E eu sei lá, de repente isso tudo é só o frio - coisa física de arrepiar os pêlos. O mundo é banal, o que o torna algo mais são as pessoas. E as pessoas não estão ao redor. Eu também não fiz por merecer melhor, sou um mané muito avoado que deixa a mãe a dois mil quilômetros e sái de casa pra ser artista, onde já seu viu cara mais babaca? Hahahahahaha.

Sonhador, romântico, meditativo... Me banhem os arquétipos. Tô concluindo que pode ser que eu seja mais um desses.
Me sinto tão bem.
Fim de semestre é uma beleza ;)

quarta-feira, julho 02, 2008

Fim de semestre. Sensação de dever cumprido? Mas o semestre vai acabar mesmo... Aprendi alguma coisa? De repente posso ter me tocado que num primeiro semestre a gente só aprende como é zé-ruela :-P

Nunca imaginei que faculdade fosse uma coisa tão estressante. É um frio na espinha contínuo. Uma culpa que te diz que, ao invés de escrever no blog, você deveria estar estudando. Mas são muitas coisas que eu deveria estar fazendo. Simplesmente não me acostumo mais em ficar sozinho, tô parecendo um daqueles pássaros migratórios meio fora do bando.

Mas eu me acostumo. A gente não nasce grudado em nada nem ninguém (salvo raras e tristes exceções). Eu aguento.

Quem sabe...

"Und morgen wird die Sonne wiederscheinen..."

domingo, junho 22, 2008

...e a cruz

Há tempos que não cito uma das minhas coisas favoritas, que é Loreena McKennitt, uma ruivinha canadense que produziu das maiores pérolas da música contemporânea. E uma das peças que mais me chamaram atenção na obra dela, é a canção the dark night of the soul (a noite escura da alma) - que remete a uma expressão não exatamente negativa, mas sim à idéia da contemplação de algo sombrio ou misterioso.

E o poema escolhido por ela foi um manuscrito sem título de um visionário do século XV, conhecido por São João da Cruz. O mesmo descreve com requintes românticos a relação do escritor com seu Deus; e apesar de algum homoerotismo implícito (proposital?) acredito que é uma das passagens mais belas e ricas da literatura que eu já pude ver.

Mais ou menos como Hildegard von Bingen (Santa Hildegarda), talvez São João da Cruz fosse um desses sujeitos altamente inspirados e atemporais que nos trazem um certo e perturbador mistério sobre o amor, sobre Deus, sobre a verdade...

Infelizmente só tenho acesso a tradução em inglês por enquanto, e é a mesma usada pela própria Loreena em sua canção que colocarei aqui. É exatamente ela que me lembra as boas coisas :-)

Upon a darkened night
the flame o love was burning in my breast
And by a lantern bright
I fled my house while all in quiet rest

Shrouded by the night
and by the secret star I quikly fled
The veil concealed my eyes
while all within lay quiet as the dead

Oh night though was my guide
oh night more loving than the rising sun
Oh night that joined the lover
to the beloved one
transforming each of them into the other

Upon that misty night
in secrecy, beyond such mortal sight
Without a guide or light
than that which burned so deeply in my heart

That fire t'was led me on
and shone more bright than of the midday sun
To where he waited still
it was a place where no one else could come

Within my poinding heart
which kept itself entirely for him
He fell into his sleep
beneath the cedars all my love I gave
From o'er the fortress walls
the wind would brush his hair against his brow
And with its smoothest hand
caressed my every sense it would allow

I lost myself to him
and laid my face upon my lovers breast
And care and grief grew dim
as in the mornings mist became the light
There they dimmed amongst the lilies fair

Factum est

"Existe uma violência instrinseca em ser pacífico".

domingo, junho 01, 2008

E o céu chora gotinhas geladas

Não se sabe até quando vou ficar ilhado nessa molhação das águas que deviam ter caído em março (porque no Rio, pra tudo tem uma música idiota) mas até que estou lidando bem com a violenta variação climática comum aqui no sudeste.

Apesar disso estou feliz, as pesquisas com células tronco embrionárias foram liberadas, ganhei um celular novo bloqueado pra claro (mas o celular é bonitinho!) o mundo é lindo, minha cadela está no cio... O que mais poderia melhorar?

terça-feira, maio 20, 2008

Finalmente escolhi os personagens de ópera que eu quero fazer. Dois na mesma ópera - Narraboth e Herodes na Salomé de Strauss. Por que me deu vontade de cantar logo dois coadjuvantes?
Vai saber!

Não sou o tipo de cara que pira com heroizinhos típicos de ópera, cheios de árias cantando os xavões de sempre. Ok, vou assumir: Não gosto daquela baboseira italiana de sempre. Não sou um herói, não sou divino... sou completamente humano, e definitivamente não me sinto inspirado fazendo um personagem plano e previsível. Gostei do Strauss por isso. Previsível é tudo que ele não é.

Eu e a... laje, tópico pitoresco

Hoje estive lendo uma matéria em um site sobre distúrbios psíquicos, e dei alguma atenção especial para a esquizofrenia. Assim como você eu entendo pouco sobre esta condição, que é uma das mais perturbadoras e tristes imagináveis.

Pelo que entendi, mesmo hoje em dia não se sabe ao certo o que causa a esquizofrenia. E, assim como o câncer, a esquizofrenia não é uma doença, mas sim, um grupo de patologias com sintomas que possuem alguma afinidade, mas não necessariamente desencadeiam-se de forma idêntica. Porém, o traço marcante da esquizofrenia, é retirar o indivíduo da percepção convencional da realidade e de si mesmo.

Um exemplo típico são as comuns alucinações auditivas; onde o paciente diz ouvir vozes que o perturbam com xingamentos, ameaças e julgamentos, ou também as perturbações de pensamento, também descreveria como perturbação de identidade, de difícil explicação e diagnóstico - o indivíduo sente alguma dificuldade em identificar a si mesmo por alguma razão (acha que é um alienígena, que não é humano, que na realidade é uma pedra, e todas as pessoas são pedras disfarçadas de pessoa tentando enganá-lo...)

Importante lembrar: Esquizofrenia NÃO é maldição, NÃO é falha de caráter, e também NÃO é possessão demoníaca. É uma patologia difícil, triste e complexa, que se fundamenta em mecanismos do corpo e da consciência humana ainda em processo de estudo pela ciência regular; então, é sempre bom evitar entender qualquer comportamento estranho ou violento dos outros como mero capricho. Nosso corpo é como um computador, às vezes ele pifa. E ter problemas psíquicos é como ter cárie, se você não se cuida, pode esperar que um dia o molar vai doer.

Estive falando nisso porque coincidiu de eu receber um convite para uma comunidade relacionada no orkut, e infelizmente possuo parentes que sofrem da doença. Pra ser bem sincero, às vezes eu tenho verdadeiro pânico disso, por estar na "lista de risco" da patologia. Essa coisa de querer viajar pra Marte, ter medo do Cão, ter dificuldade em manter rotina, ter certas atitudes de fuga, algumas dificuldades de associação e expressão de idéias... Espero que seja só um estado depressivo standart de adulto jovem. Mas uma coisa é certa: À toa, nenhuma doença me pega. E espero que também não faça o mesmo com ninguém.

Se ligue, não se perca num ralo qualquer.

sábado, maio 10, 2008

Queijo Gruyère

Consumam este queijo.
Ponto final.
(Nunca vi um queijo ficar tão bem com TUDO, fala sério!)

quinta-feira, maio 01, 2008

terça-feira, abril 22, 2008

Ps.:

Preciso dar um jeito sério de voltar a estudar alemão. Acho que sou a pessoa que conheço que mais gosta do Lied germânico. Nunca vi, fala sério. Estou com Lieder como adolescente com metal: Ao invés das tablaturas são partituras, e sempre correndo atrás de uma tradução. E cada Lied que consigo traduzir, é como uma faca que me rasga o peito (mas daquele jeito triste que é bom - você sabe do que estou falando) ou então como um brigadeiro (sei lá, tipo um ferreiro rocher) ou mesmo uma jóia rara - daquelas que você nem encosta direito com medo de estragar o brilho.

Agora que eu fui entender porque isso deu tão certo. Esses compositores conseguiram trazer para a música um certo amor, uma dor, uma sensação de solidão que viveram os poetas e os músicos que compuseram as obras (em dada época), que de uma maneira maluca representou magníficamente esta coisa noir, contemporânea, insólita que ainda vivemos. Cidades grandes, muitos mundos... E nenhuma comunicação com isso tudo. Então tudo que é de belíssimo fica íntimo, fica pequeno, tímido...

Um canto ali, um piano aqui... E todo amor que couber em um papel, uma voz e duas mãos.

Já estou cansando o assunto...

O bom de se acreditar em Deus é que, por mais idiota que seja, você tem um tipo de certeza contínua de que algo em algum lugar se encaixa. E que alguém perde tempo olhando por você. (Não simplesmente pra você como faz um transeunte com cara de taxo no meio da rua).

Certos tempos colocam nossos culhões a prova, e nessa hora eu percebi que não acredito em nada além da minha família e meus amigos. Meus Deuses.

A pior coisa do mundo num caso destes é sentir que as coisas não se encaixam. E que os Deuses não estão lá. É você e o monólito. Você e a lenda pessoal. Seja a tragédia ou o triunfo. Toda a odisséia está pronta. As bestas e os demônios estão em suas respectivas alcovas, com suas bocarras abertas, esperando aquele frouxo herói ousar dar os passos adiante para ser simplesmente devorado pelos mesmos.

Um herói leva consigo a terra, o suor e o sangue de suas origens. Tem algo tremendo e quase terrível de tão perfeito em si. Um herói tem uma certeza, e seu coração é um castelo repleto do seu passado, adornado com as boas memórias, onde moram os seus bens e queridos, e tem como tapetes as tragédias e os desafios.

Já eu me sinto um retirante numa tempestade de areia andando pra algum lugar que mais parece um buraco sem fundo. Quantas vezes um ser humano se sente assim? Meu Deus - quantas vezes alguém precisa olhar pra morte pra saber que está vivo? Quantas vezes precisa cair no poço pra saber que está em pé?

As coisas são o que são... e sejam lá o que forem, eu não as sei, não as conheço. É uma noite sem estrelas, é uma chuva em silêncio de vento frio, e à frente há o escuro.

Não fossem as palavras, estaria morto. Acho que não sei mais chorar.
Que porra é essa, né?
Dane-se.

sábado, abril 19, 2008

Allein, allein und immer allein

Por mais que eu não seja um astronauta, e muitas pessoas também nunca foram ao espaço sideral, é comum a sensação de vácuo num mundo tão cheio de gente tão cheia de si. mas não importa com qual força prendamos o ar e a sensação de self, a porra toda trava como um ciclo que não se fecha: Ser humano é estar em contato. É compartilhar.

Eu escrevi este blog pensando nisso. E por mais que ninguém o leia (também por mais que ninguém além de mim saiba o que realmente se passa na minha vida) continuo buscando reencontrar os elos rompidos.

Me sinto um pedregulho no vácuo, em algum lugar praticamente sem temperatura pelo espaço - preto e fundo.

Sempre uma canção...
Sempre uma pancada seca, ressoando fria no escuro...

 Die sich hier Gespielen suchten, 
öfter weinten, nimmer fluchten,
wenn vor ihrer treuen Hand
keiner je den Druck verstand:
Alle die von hinnen schieden,
Alle Seelen ruhn in Frieden!

terça-feira, abril 08, 2008

Wie eine Traum...

Heilige Nacht! Heilige Nacht!
Sterngeschlossner Himmelsfrieden!
Alles, was das Licht geschieden,
Ist verbunden,
Alle Wunden
Bluten süß im Abendrot.

Bjelbogs Speer, Bjelbogs Speer
Sinkt ins Herz der trunknen Erde,
Die mit seliger Gebärde
Eine Rose
In dem Schoße
Dunkler Lüste niedertaucht.

Heilige Nacht, züchtige Braut,
Deine süße Schmach verhülle,
Wenn des Hochzeitsbechers Fülle
Sich ergießet;
Also fließet
In die brünstige Nacht der Tag!

Clemens von Brentano

Ps.:

Na vivamúsica tô como barítono.

Sacanagem!

Uma coisa é te chamarem de barítono se você for, outra é ser barítono e ter culhão pra fazer aqueles repertórios pauleiras.

Quem dera que eu tivesse aqueles vozeirões. Mas não gente. É voz metálica e espetada mesmo. Esta porra que vos fala é tenor mesmo.
Quem dera que o mundo pudesse ser um pouco maior quando precisamos de espaço, e menor quando precisamos de tempo... Mas as coisas são como são. E não existe lugar para o medo.

A fraqueza é constante, e todos os vícios são como pólen para as abelhas...
Desagradável.

quarta-feira, abril 02, 2008

É tão bom ver os avestruzes com a cabeça num buraco e os vermes na carniça. Ó vida, ó lei do retorno.

domingo, março 30, 2008

Coisas que nunca se deve esquecer na faculdade

Todos são humanos,
todos estão tão confusos e estressados como você,
pessoas mais burras que você sobrevivem ao primeiro semestre,
o vestibular não é nada comparado ao tipo de coisa que se tem que fazer na faculdade,
você não vira bicho, continua digno de respeito como qualquer pessoa,
você ainda tem família, amigos, necessidade de se alimentar, de fazer sexo e de respirar,
pessoas vão falar mal de você, e as vezes na sua frente - simplesmente fale mal delas também,
alguém sempre aparece pra falar uma merda quando você está na merda,
normalmente você está na merda,
ninguém te trata com mais respeito porque você agora tem "nível superior incompleto",
no caso dos músicos, você começa a ter uma certa raiva de música e não ouve mais tanto,
no caso dos médicos, você só pensa em abrir uma clínica e ser um liberal,
no caso dos advogados, você se desespera,
você não é bom em nenhuma matéria - todas são difíceis,
no caso dos cantores, nada do que você canta serve, tem que ser outra coisa
no caso dos pianistas, todo mundo acha que você automaticamente sabe fazer arranjos,
no caso dos compositores, todo mundo acha que você compôe,
você nunca tem dinheiro pra nada, então não gaste o que você não tem com cartão universitário,
invente uma maneira de dar aulas do que quer que você esteja fazendo, por pior que seja nisso,
e principalmente: Estude! Quatro ou cinco anos voam, e a chance de não servirem pra nada além de um trote no primeiro dia de aula é enorme.

Experiência própria e alheia.

Ano passado eu fui o Diabo...


You are The Empress


Beauty, happiness, pleasure, success, luxury, dissipation.


The Empress is associated with Venus, the feminine planet, so it represents,
beauty, charm, pleasure, luxury, and delight. You may be good at home
decorating, art or anything to do with making things beautiful.


The Empress is a creator, be it creation of life, of romance, of art or business. While the Magician is the primal spark, the idea made real, and the High Priestess is the one who gives the idea a form, the Empress is the womb where it gestates and grows till it is ready to be born. This is why her symbol is Venus, goddess of beautiful things as well as love. Even so, the Empress is more Demeter, goddess of abundance, then sensual Venus. She is the giver of Earthly gifts, yet at the same time, she can, in anger withhold, as Demeter did when her daughter, Persephone, was kidnapped. In fury and grief, she kept the Earth barren till her child was returned to her.


What Tarot Card are You?
Take the Test to Find Out.

Fancy, isn't it?

Do fundo do baú...

Achei um backup de arquivos antigos, inclusive gravações das minhas aulas de canto. Tomei coragem pra ouvir, e ouvi.

Posso dizer com certeza que tenho pena de quem me ouvia. Como eu era teimoso, meu Deeeus! Uma voz completamente nasal, atochada, presa... E as benditas professoras dizendo "falta espaço". E eu batendo a cabeça na parede feito uma mula.

Então, depois de um bom tempo, finalmente eu começo a engatinhar, a rastejar chegando aos pouco no que chega a se parecer com um tímbre relativamente bonito, e talvez elegante de tenor. Diferente da gralha com mania de se achar o cara da voz acutíssima, (que não passava direito de um sol3).

Parei pra raciocinar e fazer um balanço do que aprendi... E um conselho eu dou a qualquer cantor: Além de ter um bom professor, é preciso ter um bom senso crítico. Saber também se ouvir. Como se diz em inglês if it feels wrong, it is wrong. Bati muito a cabeça na parede querendo fazer o certo, e só deixava professores confusos.

Depois de tanto tempo, de não sei quantos anos tendo lições de canto, descobri o que nunca devia ter esquecido... Se lembra como a gente canta embaixo do choveiro? Relaxado? Garganta aberta, sem nenhuma sensação de prisão, desconforto ou estranheza? Pois é. É não sabendo fazer que a gente melhor faz, o resto é estética e estilo.

Ó vida. Ó dia.

Birgit Nilsson

É triste ter me tocado que a mulher existiu só depois da morte dela. Hoje em dia eu digo sem sombra de dúvida que esta foi o soprano dramático mais impressionante que eu já ouvi. Graças a Deus tive acesso a várias gravações dela, desde a Isolda até dona Elvira, passando por Lady Macbeth e muitas outras... Nada me decepciona. Realmente foi uma voz de aço no quesito de resistência e força, mas uma artista de morango com leite condensado quando precisava.

Taí, pra essa eu tiro o chapéu e estiro o tapete vermelho: Diva, diva, diva!


Birgit Nilsson em "Ozean, du Ungeheuer" (Oceano! Tu Poderoso Monstro) da ópera "Oberon" de Webber.
Mais cansado que velho asmático, sem um tostão no bolso, sem livrinhos pra estudar e enrolado na bendita faculdade. Além de tudo gripado. Quantas vezes eu adoeci esse ano?

Something could be any better than that?...

quarta-feira, março 12, 2008

Continuo a perguntar

Alguém tem um celular velho pra fazer um jogo? Pago em cash na mão! Vocês não sabem como é foda ficar sem um aparelho!

Guia de como passar na UFRJ pra música

Por favor, não me contactem com perguntas cretinas sobre o vestibular. Tudo o que eu posso fazer para ajudar já está escrito. Não me adicionem em redes sociais e não me mandem mensagens pessoais. Vocês já tem uma ajuda que eu não tive, dêem um jeito de usá-la a favor de vocês.

Aqui segue mais ou menos o esquema que eu fiz, e pro meu curso que tinha concorrência de 1,25 pra 1 me rendeu o segundo lugar:

I. Antes mesmo de sair o edital, veja alguns editais e provas antigas da faculdade (dos últimos dois anos, por exemplo) e selecione, entre as específicas, assuntos que se repetem e comece a estudar. É bom que em pelo menos uma específica você se sinta genial, por enquanto fique nas específicas.

II. Seja lá qual for o instrumento que você toque, solfejo e ditado cái pra todo mundo, então, com uma boa antecedência também é bom manter uma rotina de solfejo.

IIa.: Sabendo-se que não é nada prático estudar solfejo, e parece surreal estudar ditado, uma boa idéia é procurar peças corais de música antiga (preferencialmente em escalas regulares, mas se aparecem os modos, pega) e sair lendo voz por voz, do jeito que der. Canções folclóricas e outras peças vocais simples ajudam muito na familiarização com estudo de melodias. Melhor que método de solfejo, mas não dispense um.

IIb.: Não tem com estudar ditado? Peça alguém pra tocar um, ou em última hipótese, componha uma música tonal aleatóreamente (algo que você imagine que possa ser cantado), e leia depois, tendo atenção pra entender as relações de intervalos. Outro socorro é estudar intervalos harmônicos no piano / teclado. Perde um tempo tocando intervalos diversos e tentando entender os sons. E se você tem hábito por instrumento harmônico (violões e harpas incluídos), quando tocar, preste atenção nos acordes que você toca e os intervalos que as notas fazem entre si. Identificar e classificar os sons na sua cabeça já servem como guia na hora de um ditado ou solfejo.

IIc.: Sobre ritmo (uma parte que eu desprezei no meu THE) eu observei que a música popular, principalmente samba, maracatu e essas paradas, são bons exemplos de trabalhos difíceis em rítmica. Conseguir reproduzir os ritmos ouvidos em pauta ajuda na hora fazer a leitura rítmica (que vem junto do solfejo).

É muito importante ter contato sempre com a música, seja cantando ou ouvindo e analisando. E sempre que você tocar alguma coisa, tente memorizar os intervalos (você canta uma música que tem um salto de sétima menor ascendente, você faz o salto e tenta "decorar" aquele salto que você cantou); fazendo disso um hábito já torna as coisas muito mais fáceis (lembrando, claro, dos carros-chefes do solfejo - segundas menores, maiores, terças menores e maiores e os intervalos justos, o resto é consequencia).

IId.: Evite se atrever a fazer o vestibular com qualquer dúvida que seja sobre formação de acordes, tríades, tétrades, inversões, cifras e escalas (em suas diferentes formas). Prova de teoria não se "faz bem", se gabarita. (O assunto pode ser extenso - mas definitivamente contamos com um livro excelente e acessível no Brasil - Teoria da Música do Bohumil Med. Muuuito bom pra se preparar pro vestibular).

IIe.: (Mas não menos importante!) Tenha o hábito de cantar as melodias das peças que você executa. Nem que seja com voz de taquara rachada. Isso resolve o problema de inibição na hora do solfejo, e ajuda você a memorizar a sensação das notas no corpo. Excelente macete pra memorizar melodias, melhorar solfejo e até tocar melhor.

III.: Pro teste de execução é bom você estar bem maduro no que vai fazer; tenha uma rotina de ensaios. É bom escolher e testar o repertório com uma boa antecedência, e não conte com a sorte. Imagine de cara que você vai pegar a banca mais exigente, e se prepare pra dar o melhor, porque se você pegar uma banca de ovo virado... Se ferra!

IIIa.: Na prova de instrumento / canto também tem leitura a primeira vista. Usar peças folclóricas / populares como estudos de leitura também funciona bem - o importante é tentar ler, errar muito, mas não desistir de ler.

IV.: Quando chegar o edital da prova, veja o que muda em relação aos outros, estude todas as matérias específicas e português, que vale uma boa pontuação. Pratique uma redação de vez em quando, e dê uma olhada nas não-específicas que você é bom, se não tiver nenhuma, estuda só filosofia no wikipedia mesmo. Isso já garante uma pontuação razoável.

Resumindo - leia os editais, estude TUDO com calma e antecedência, não despreze NENHUMA parte do THE nem das provas e evite ficar estressado no dia do teste e das provas. Os professores devem imaginar que muitos candidatos não estarão na melhor forma, mas é bom contar que você não será um desses. E lembre-se que o THE na UFRJ vem antes das provas, é eliminatório! Mesmo assim NÃO esqueça que o que garante a vaga não é passar no THE, é passar no THE e fazer boas provas! :P

(Ps.: Dica de calouro - O maior stress da Escola de Música não é o vestibular, e sim a inscrição em disciplinas. Passar no vestibular é fácil, o difícil é ter resistência pra lidar com ponta solta e burocracia. E olha que beleza: Eu não sou nenhuma encarnação do Mozart e passei de primeira vez. O negócio é estudar, mesmo que seja pelo wikipédia, solfejando atirei o pau-no-gato e lendo deep river no teclado!)

domingo, março 02, 2008

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Travian!

http://www.travian.com.br/?uc=br5_17098
Joguinho legal: Você cria sua cidadezinha com romanos, teutões, gauleses - e passa mais dias e dias criando sua cidadezinha, depois suas tropas... Tudo muito sem pressa.
Pra quem gosta de estratégia e jogos em .html, vale a pena. Basta seguir o link acima :D

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Esta vai entrar pra história: sexta-feira, dia 8/02/2008 - A sexta-feira mais sinistra já registrada.

"Friday is gloomy..."

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Pensamento genérico

Costumo ver muitas coisas do tipo "gosto de pessoas simpáticas" e "sou sempre sincero" também alguns "detesto mentira e falsidade"...

Isso constrói uma imagem na minha cabeça - me dá a clara idéia de que estamos sempre procurando nos relacionar com "super seres" ao invés de pessoas normais. Pessoas normais sim... Nós somos falsos quando precisamos, mentimos quando somos encurralados, somos chatos quando estamos inseguros... E além de tudo, todo mundo tem um pecado sério a confessar (não há um único ser no mundo que não tenha o rabo preso).

Então temos algo perto de uma receita infalível nas relações interpessoais... Ora, se só gostamos de quem é legal, estas pessoas chatas ficam fora da jogada... E um dia que os legais se cansem de ser legais o tempo todo, também saem da "vibe".

Observei uma coisa semelhante a "solidão grupal" quando entrei em contato com esses grandes centros urbanos: Nesses lugares mais do que nunca há a necessidade de se criar grupos de amigos perfeitos, como se o ambiente hostil exigisse talentos sociais excepcionais das pessoas, que para se proteger, formam verdadeiras "empresas sociais" - os amigos atuam como ampliações dos atributos do sujeito. E se ajudam mutuamente na conquista do status.

Não sou eu quem vai condenar isso. Mas é triste observar até que ponto a alienação chegou.

Paro pra pensar nos vilões... Os maus, os pobres, os feios, os vis... O que será deles? Ninguém gosta dessas pessoas, e todo mundo se esforça pra manter o perfil "vencedor do BBB" pra se sentir em dia com o mundo.

Viver já é difícil. Imagina viver pensando nisso: "Tenho que ser melhor que sou, senão ninguém vai me levar a sério".

E como eu ODEIO gente que se leva a sério!
Por mais que a gente negue, a entidade que mais influencia nossa vida tem um nome só: Mãe.

Um pedaço meu foi naquele avião pra Fortaleza...

Seria tão melhor se o mundo tivesse uma única cidade. Ninguém precisaria ficar longe de quem gosta. Porra de saudade desgraçada...

domingo, janeiro 27, 2008

Mozart é a...

Ontem eu tive a certeza de que não sou deste planeta, ou que preciso de um tratamento psiquiátrico.

Desde o Caccini até Ronaldo Miranda e mais recentemente Ernesto Hartman (no hall dos bons compositores e vivos!) é sabido que eu sou dos atrevidos que vai mesmo e estuda tudo o que é interessante. Existe bastante coisa que eu gosto de cantar que pouca gente conhece. Mania por música esquisita, folclórica, experimental e subversiva (eu e os conjuntos folclóricos do Ravel - isso já ficou famoso, inclusive).

Porém, um repertório convencional, que todo mundo canta, não faz parte do meu cânone: Mozart.

Quem sabe tudo começou em uma tarde enevoada de segunda-feira, onde eu descobria o meu asco por aquele compositorzinho serelepe, meio crianção e metido... Falo como se tivesse conhecido o cara. Mas, de certa forma, quando se estuda música, você meio que desvenda a pessoa pela obra. E tenho a impressão de que não teria gostado da pessoa viva.

E isto se refletiu nos estudos - nunca consegui fazer nada do Mozart, oficialmente falando. (Extra-oficialmente pense em Cherubino e Papageno, mas não estou falando só de ópera). Era como se o cara escrevesse as peças de tenor, ou as canções agudas pra um tipo de voz, uma concepção de técnica que eu não conseguisse entender.

É engraçado - escreveu "tenor" e é de Mozart, eu não canto. Se você troca o nome do compositor, mas mantém a mesma melodia (se quiser, até transpôe uma segunda menor acima), eu consigo cantar. Talvez eu idealize.. Sei lá.

Então ontem eu peguei, e me atrevi - fui terminar de ver o Idomeneo (só a ária "vedrommi intorno") e terminar de estudar a melodia e as respirações do Tamino (aquela ária famosa). A coisa parece ter mudado de figura... Não é tão complicado. Só muito gay.

Mozart é muito, mas muito gay :P

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Passei no vestibular!!!

Bom, vou começar assumindo logo que parei de postar neste blog por causa do vestibular. Parece mesquinho, mas poucos sabem como isto tudo de vida estudantil me perturba. Eu terminei o segundo grau da pior forma, e toda minha formação básica foi difícil (apesar de ter tido a sorte e uma boa mãe que sempre fez o impossível pra me deixar em escolas particulares). E eis o resultado: Segundo lugar pro bacharelado em canto na UFRJ.

Tô feliz pra caralho.

Eu tinha pesadelos horríveis, achando que ia ter que refazer todo o meu nível médio, que a polícia vinha me buscar por causa de um certificado de conclusão falsificado, de que um funcionário se recusava a fazer minha matrícula na faculdade... Um monte de parada.

Sabendo que todos meus primos e primas estão cursando faculdades, alguns já tem mestrados, ganham bem e tal, me sentia humilhado. A banda podre da família sabe? Algo como "a bichinha subversiva e burra, aquele troço que foi pro Rio bancar o artista". É terrível se sentir assim. Algo que me faz sentir mal é este assunto.

Mas é ótimo saber que isso - esse pesadelo de incompetência e autoflagelação acabou. Acabou! Anos de medo, culpa, vontade de desistir, de "assumir o fracasso", de sumir... É bom saber que o meu ímpeto por seguir em frente, assumir o aventureiro, o sem-rumo, deu frutos. A partir desta nova notícia eu me tornei outra pessoa, minha jornada finalmente saiu do ponto inicial. Pela PRIMEIRA vez na vida eu me sinto capaz, realizado comigo mesmo, é o fim de uma longa e confusa depressão; era como se o peso de toda a desgraça do mundo tivesse virado uma montanha de sequilho, daquele bem docinho que desmancha na boca. Cara, eu me sinto finalmente gente.

"Um bom viajante não tem planos fixos nem a intenção de chegar"
- Lao Tsè.
(E obrigado ao tempo, a chuva, ao irmão, aos amigos, aos inimigos, ao atraso, ao medo, a frustração, a humilhação, ao desprezo, aos falsos, aos maus, aos pedantes, aos lerdos, aos desprezíveis, aos exemplos, aos vivos e mortos, a mãe, ao amor e finalmente obrigado, mil vezes obrigado a minha existência. Existir é o máximo!)
* Acorde Maior *
(com muitos metais, dobramentos de tônica e tímpanos eufóricos)