segunda-feira, abril 16, 2007

Aê, ô, porra!

Metaleiro não é cantor lírico não; é metaleiro! Metaleiro não canta em registro de tenor ligeiro, canta em registro de contratenor¹! Metaleiro não canta com voz plena não; é com voz de cabeça, laringe alta e/ou falsette! E o mais importante: Estudem belting! Desistam de canto lírico! NÃO TEM NADA A VER!!!

Úi.

Precisava desabafar e bancar o sabichão metido a besta. Porque estavam me dando nos nervos com essa papagaiada! Gente - sejamos práticos e sinceros: Quando você trabalha com música eletroacústica², você não precisa se preocupar com projeção vocal, muito menos em cantar com uma voz extremamente quente e impostada - o microfone e o pedal resolvem o problema para você.


Público de Metal raramente tem gente com mais de trinta anos, logo o perfil é mais teen, então pra que se preocupar horrores com afinação, (ou dizer que o faz)? Tônica, Dominante, Subdominante... É só isso gente, assumam. Isso é moleza com um teclado da Yamaha.

Aprendam a se maquiar e pentear! Música popular exige um bom visual, e como a maioria dos metaleiros se mistura no universo "gótico" e emo, assim como outros³, é interessante descobrir o poder da base, sombra e batom suave (porque também é pra menino, tá?)

Comecem a se assumir! Já conheci mais de trinta pessoas envolvidas profissionalmente com metal (e graças à Pequena Sereia* posso dizer que mais da metade são pessoas maravilhosas), e dessas trinta nenhuma freqüentava abertamente ambientes gays, ou muito menos mantinha algum relacionamento afetivo com uma pessoa do mesmo sexo.

O problema é que mentira tem perninha cuuurta... Então o que diabo é isso? Se o Rob Halford é gay assumido, fez uma carreira brilhante, e nem por isso terminou como o George Michael, porque você aí, metaleiro escondido no seu heavy armário não pode fazer o mesmo e dizer ''I want out''?

Minha crítica é sobre a relação que se faz entre música e a necessidade social de ser viril - pegador da mulherada. Como se metal fosse "coisa de macho".

Aqui mais uma vez vemos o caráter extremamente dialético da coisa, é um misto de esporte colegial cult com estilo underground, (e o efeito é incrível, as meninas no segundo grau adoooram apresentar para as amigas o namorado guitarrista - mas sempre assim: Uma menina e um menino. Raras vezes duas meninas, nunca dois meninos). Ah, vão foder do jeito que vocês querem, pelo amor da Pequena Sereia*!

É muito bonito ver que os músicos deste ramo expandem seus horizontes e buscam inspirações e refinamento artístico em outras vertentes da música, como a folclórica e a erudita. Mas precisamos situar as coisas muito bem - Em termos de prioridades, são estilos MUITÍSSIMO diferentes.

Apesar da riqueza e elaboração em um sem-número de peças metaleiras, Metal é Metal e música erudita (o conjunto de épocas e estilos que definem este conceito) é música erudita! São
práticas artísticas diferentes.

O que me irrita é ver gente tentando se apropriar em um mês de uma coisa que se leva uma vida pra (tentar) se conquistar, como por exemplo, se vestir de maestro ou canto erudito sem saber ler nada além de tablatura de revistinha.

Tenho muito respeito pelos roqueiros, metaleiros, cantores pop, bandas de pagode, e todos os outros que também gostaria de me matar por eu os estar colocando em "comparação" --- é como judeu e muçulmano, periogoso meter na mesma fila --- mas quero situar que todo este conjunto de estilos ainda é considerado popular.

Alguns grupos, como o fabuloso Therion por exemplo, transcendem explicações e definições pela pura soberba da qualidade artística (que em poucos momentos se preocupou com as modas ou a estilística padrão de um estilo ou outro) e nos mostram que há muito mais na música que repetição e moda.

Mas até o ponto em que os alunos de guitarra dos conservatórios do mundo amadureçam e cresçam suas perspectivas, a música vai ser isto: Segregativa.

Que pena, né? Afinal o que importa é fazer o Metal e viver no estilo de vida metaleiro. E a música que se foda, o que interessa é o Metal. Como diria meu amigo Leozão, metaleiro convicto: "Êta porra!"

(Sim! Eu acho que é isso aí!)

¹: Estou me referindo especificamente ao Heavy Metal (e suas zilhões de vertentes), onde o cantor é normalmente um homem --- mas hoje em dia muitas góticas de cabelo hennado - normalmente namoradas dos membros da banda ou simplesmente suas glam bitches promovidas a outro nível - fazem o papel vocal, e o fazem muito, muito mal algumas vezes; mas a xavasca tem poder --- canta com a laringe bem alta, a voz bem metálica, em uma coisa que poderiamos chamar de falsette belter ou mesmo berrerão espremendo o saco.

O que eu, como ouvinte posso concluir em termos técnicos é algo entre Mi 2 e Sol 4 (escala brasileira), sendo que a região mais comumente usada é a Si2 Mi4. Não me parece um registro de tenor.

²: De ligar na tomada.

³: Heavy Metal, Speed Metal, Gothic Metal, Glam Metal, Dark Metal, Trash Metal, Black Metal...

*: Pra não dizer graças a Deus. Deus não tem nada a ver com isso!

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