quarta-feira, abril 25, 2007

A poça de lama

Não gosto de pensar em coisas como 'inferno astral', ou 'azar'. Mas estou numa onda de lundú, (ou 'banzo' como se diz em carioquês), dos diabos.

Tudo começou com uma persistente sensação de que o céu pesa cem quilos e que "é inútil resistir". Ah, lá vai mais um dos meus 'sei lá'. De repente eu sou mais romântico do que imaginava.

Não daqueles românticos triunfais, que escrevem peças belíssimas sobre as mais virtuosas pessoas e lugares (o romântico do mundo ideal) --- mas sim o famoso
loser, aquele Zé-Mané que se perde mil anos em um problema de dois segundos.

Ou não! Quem sabe tudo isto tem um ponto - meter meu pezinho¹ nesta poça de lama enquanto ouço os ecos de mil conselhos e preces pela minha felicidade, onde na realidade eu
devia estar sentindo o que sinto, e estar onde estou. (Onde estou?)

Haverão certos camaradas que soltarão fogos de artifícios sabendo do meu banzinho. Afinal é falta de Deus², né? Mas até da minha desgraça eu faço a porra de um texto.

Na realidade eu gosto de sentir as coisas, preciso saber até onde elas são reais. Não que eu seja masoquista - mas preciso sofrer para saber o que é felicidade.

Se sofro, simplesmente sofro. Não finjo que estou sentindo outra coisa para que, de forma vã, passe de fato a sentir outra coisa. Apesar dos pareceres, quero uma vida bem real.

E esta poça, quão fundo ela vai?

Será que só estou frustrado com a aproximação intimidante do meu vigésimo primeiro aniversário? Será que sou o pior taurino já lançado em viva carne na terra, que não sabe o significado da palavra
esperar? É uma pena terrível a sensação de total inutilidade.

Na dúvida é melhor eu procurar um terapeuta antes que a faca fique convidativa. (E para os que andam não tendo notícias, CALMA, não quero terminar no
Profiles de Gente Morta do Orkut. Isso é brega - vou morrer bem velho. A questão é - frustrado ou de bem?)

Penso demais, é verdade. Mas o que me separa das lesmas é esta odiável e incansável retórica. E mais! O que ainda me dá entusiasmo é a curiosidade de saber o que eu vou achar depois que o próximo evento aconteça.

Não gosto de dar closes visíveis, mas adoro saber quando acontecem. E isto é bom³. Não que minha vida se resuma a isto, apesar de que eu não saberia responder em que minha vida se fundamenta. E como isso dói.

É a dor de um tirano que perde o controle de si mesmo. Mais irritante que pisar em poça de lama.
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¹: Calço 44. Bem discreto.
²: Como eu sou baixo! E vou provar por A+B que se pode viver, morrer, e viver depois de morrer sem me sujar neste sangue.
³: Quase um 'estilo de vida fofoqueiro'.

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