domingo, maio 27, 2007

Como ser Diva

Não me referindo ao soturno D.I.V.A (departamento de investigação da vida alheia, de cujo fazem parte todas as drags em fim de carreira e todas donas-de-casa e domésticas, assim como todas as pessoas excessivamente curiosas - por opção ou falta dela), vou mostrar um retrato sublime de superação e gênio. Isso, gênio.

Na última sexta-feira uma querida amiga, acompanhada pelo pianista Marcílio Meira, mostrou um belo - porém ousado - recital aqui em Niterói. Aline Ribeiro simplesmente foi lá, escolheu as peças mostrando uma espécie de "caminho histórico da música" e mandou bala.

Encarou peças barrocas de dois gêneros totalmente diferentes, depois partiu prum clássico com cadências melódias difíceis, peitou um Lied, um Puccini e quatro Negro Spirituals (sem bolinar na técnica vocal nem descaracterizar as peças. Me perguntem como ela fez isso, e eu só posso responder 'é raça!')

Porém, o que mais me impressionou foi um bis. Nada mais, nada menos que uma Carmen soprano. Não uma Carminha sopraninha, mas uma Aline Carmen (a classificação vocal 'Aline' significa, antes de tudo, metal e volume).

Ficou muito interessante. O negócio é que a moça, por falta de afinidade com o francês engodou na letra.

Eu penso... Se fosse eu, tinha parado de cantar e bolado na gargalhada (pra quem fica procurando transcrição fonética e tentando reproduzir até as inflexões de um certo sotaque na língua, imaginem como me sinto sem afinidade total com o texto!)

Mas ela não - permaneceu firme como uma rocha de salto e seu vestido de organza, permaneceu firme como a maquilagem que não sái com o primeiro toque do removedor - lá estava ela, Diva!

Ora, se um dos primeiros dons da Diva Cantora não é do do Embromashion! O ato de não saber uma vírgula do que se está cantando, mas mesmo assim transmitir uma mensagem que ultrapassa as palavras e define-se além da linguagem dialética. Arte!

Então plac, plac, Aline você é DIVA!

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