quinta-feira, março 29, 2007

E mais este mês vai-se acabando e dando lugar ao próximo... Que saudade da época em que o tempo custava a passar! Não que fosse sempre bom, mas tudo anda muito acelerado, e tenho a impressão de não estar enxergando muito bem as pessoas com quem convivo (de repente é o grau dos meus óculos que mudou. Vivo com dor de cabeça).

Ainda assim é bom sentir este bem-estar de saber que os investimentos de tempo e suor (numa linguagem romantizada o seria sangue). Todo esse universo de solfejo, interpretação em canto... De repente eu não tinha pensado direito antes de entrar de cabeça nisso. Mas tudo é uma linguagem muito nova, e muito custosa. Porém ainda consigo me descrever como satisfeito. Satisfeito comigo.

Não - não vou falar de ninguém. Estou cercado de pessoas maravilhosas, verdadeiros anjos. O que me enerva é a forma como as coisas precisam acontecer no campo dos estudos e vida profissional pra que dêem certo. Realmente se abdica de muita coisa, e finda-se alienando muito a perspectiva de mundo e até mesmo a auto-imagem fica tendenciada. Estou triste sim, com o mundo que é muito pequeno quando é inconveniente (como encontrar pessoas cretinas em um conjunto de pessoas que deveria ser agradável --- ahem! ---) e muito grande quando é penoso (e registro a minha insatisfação com os custos para as viagens à Europa e a fajuta "promoção de 50 reais da Gol" - não achei sequer UM trecho daqui a Fortaleza pelo preço referido.)

Muitas vezes eu senti uma vontade visceral de ter o poder de dobrar o espaço de acordo com a minha necessidade - fico pensando, por exemplo, se na casa da minha mãe, em Fortaleza, houvesse uma porta que desse na sala aqui de casa. Ia ser incrível poder estar em Niterói e Fortaleza ao mesmo tempo. Perto de todos que amo, lá e cá. Como me dói ter que fazer esse tipo de escolhas.

A pior parte é quando as pessoas começam a nos descrever como "clueless", sem referências, sem passado. Como se tivéssemos nascido dentro de um avião a caminho da "cidade grande" (engraçado que Fortaleza não deixa de ser a quinta maior capital do Brasil, e mesmo assim aqui no Rio, provavelmente o conjunto que representa a segunda maior, eu tenho a constante sensação de não estar exatamente acordado - era como se as coisas aqui não fossem exatamente tão reais como lá. Adaptação difícil! Mas ninguém consegue me convencer de que Fortaleza mal tem duzentos anos, e o Rio de Janeiro já foi capital do Império. Sei lá, era como se aqui fosse uma dungeon para personagens de nível alto se degladiarem com bestas que rendem "trocentos" pontos de experiência).

Era como se, mesmo em uma tremenda densidade de dúvidas e dificuldades, o conjunto "Rio de Janeiro" (compreendido pela capital e cidades agregadas) fosse uma construção diáfana, uma coisa que existe porque várias pessoas acreditam nela. Como se o lugar não fosse real, fosse subjetivo - dependendo da crença e opinião de um grupo de pessoas. É muito estranho. Ando sentindo muita falta de RPG também!

Uma leitura possível, seria de que o Rio de Janeiro é uma espécie de egrégora onde sonhos e pesadelos se misturam num caldeirão de sangue e êxtase (nunca estase) enquanto coisas sugerem acontecer - mas não acontecem. Poderiam, mas de fato não se concretizam, só em um plano especulativo, filosófico, uma coisa meio Sigil em Planescape - sendo que ao invés de uma, várias Ladies of Pain. E muitos Lower Wards. Chega, chega...

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