sexta-feira, julho 19, 2013

Sabe, quando eu era criança, feministas, ateus, agnósticos, LGBTs, anarquistas, ocultistas, umbandistas e todos os outros que não estavam no mainstream eram heróis, eram pessoas especiais que lutavam contra o status quo, o establisment (eu e os anglicanismos) e faziam do mundo um lugar mais colorido, melhor.

Hoje se instalou uma idéia de que "é modinha", e que quando "é modinha", não vale.

O fato de uma idéia se tornar popular a torna menos digna? O fato das mulheres cuspirem em toda a história ocidental (por enquanto!) de vergonha, humilhação e submissão, e ainda por cima terem conseguido disseminar a idéia de que os corpos e os espíritos delas pertencem à elas, isso é desprezível?

O fato do ano de 2013 ter sido o ano em que a geração mais desmaterializada que nós já vimos ter ido às ruas dizer que eles não estão de acordo com a política, isso é digno de cinismo e sarcasmo?

O ano em que o ocidente (por enquanto, mas é só por enquanto!) acordou para o direito (e a existência) das pessoas LGBT com essa onda de leis e novas diretrizes, isso tudo, porque está sendo discutido à boca grande na mídia, é digno de desprezo?

A não ser que você seja filho de um Eike Batista *e* alguém de uma índole muito fraca, um caráter muito perverso (ou pervertido), não tem como dizer que o que estamos vivendo é um momento dos mais bonitos da história recente do Brasil e da civilização ocidental (o Egito pode ser considerado ocidental?)

Eu queria que hoje nós tivéssemos mais orgulho de todas as gordas e as mal comidas que a cada dia que passam tem um pouco mais de respeito por si, por todas aquelas pessoas que no finado mês contam moeda de 5 centavos pra pegar ônibus no domingo, daquela bichinha pão-com-ovo que passou o ensino médio levado surra de grandalhão e hoje pode ir num cartório e casar (que nem gente!)

Finalmente estamos sendo capazes de olhar pras pessoas pelo que elas são por dentro e não por quanto dinheiro elas tem no bolso, a quantidade de melanina que elas tem em cima da pele, ou por qual tipo de órgão elas fazem xixi.

Esse é o mudo ideal: o mundo onde cada um tem o seu espaço sendo exatamente quem é.

Pena que ainda é só aqui no lado ocidente do mundo... Mas a gente chega lá!

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