domingo, outubro 01, 2006

Merope! Poliforte...

Enquanto ouço a exótica voz de Vivica Genaux, (e há quem escreva Vivika Genaux) me lembro das coisas bonitas deste mundo... E o engraçado e que isso ainda existe... Ou existia. Não sei o porquê dessa minha insistência por arte antiga - mas a sensação de estar em casa é com elas, no passado. Realmente nunca me senti em casa "nos dias atuais", não por vivermos em uma era de caos ou maldade como muitos protestantes gostam de vender. Mas simplesmente... Não é a minha, (como se isso fosse uma opção.)

Mas esta é minha linguagem: tonal, de métrica simples, previsível. Com muitas pausas e momentos de urros e berros súbitos, e obviamente os excessos de velocidade. Porém não sou telepático, alienígena, indescritível... Na realidade algo extremamente comum. Praticamente "aquele ali".

Antes eu queria me ver mais complexo, mais sombrio... E confesso que os assuntos infernais me tomam bastante a atenção pela sua requintada e macabra beleza politicamente incorreta. Mas isto não me descreve, só me fascina, assumo! Bem que eu queria ser malvado, vingativo, sempre com uma palavra pronta na ponta da língua... Mas não sou contínuo, não sou constante. Apenas previsível.

Eu ainda me recupero do que é me deparar com o mundo dos valores, dos adultos, do bem e do mal... Gostaria que tudo fosse mais simples, sem julgamentos. Apenas acontecimentos em sucessão, seus efeitos, causas e desdobramentos; sem que quaisquer conceitos se debrucem sobre estes e manchem a existência dos tais.

Esta linguagem, estas regras... Os momentos certos... Isto não existe pra mim. Existe a eficiência, existem os modos, mas não existe a leitura do ilegível ou do capricho aleatório. E eu não sei mesmo como acontece a telepatia. Infelizmente meu mundo, (inclusive o lúdico), é extremamente concreto. E quando não é visual, é aromático ou palativo!

Pode-se pensar nas minhas decisões como as de um animal pensante, no mais sentido da expressão: Ele pensa, mede, espera, reflete e finalmente age. Mas ainda é um animal. Nada divino, nada inexplicável. Apenas o bicho, a coisa viva e respirando ali dentro de si.

Eu poderia pensar em fazer um grande rebuliço sobre esse assunto, coisas sobre a razão da minha vida, ou qualquer falatório retórico e ordenado; mas eu não acredito nos leões de Judá, na serpente do deserto, na deusa cobra-cabeça-de-minhoca... Isso tudo é complicado demais pra mim. Tudo é complicado demais pra mim. Eu acredito na esperança e na qualidade. Acredito na harmonia entre animais que pensam demais, assim como acredito em um certo poder que a arte tem de nos fazer acreditar mais no que quer que nós acreditemos.

Gosto muito disso... Dos acordes tonais, daqueles trinados e mordentes sucessivos... Tudo tão complicadinho, mas tão simples, tão humilde... Este é meu mundo: Lá com suas regras, mas no final das contas eu sou um Ferdinando mesmo - Tudo é lindo, tudo é simples e verde e vivo. O problema é a maldita abelha...

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