É muito foda mudar de professor de técnica vocal como macaco pula de galho em galho - cada um diz uma coisa, e a confusão é generalizada. Daí eu já fui de tudo: De baixo a barítono brilhante até tenor ligeiro (inclusive hautecontre), meio-soprano dramático e por fim a novidade: Tenor.
Aí diz-se: Tá, daí?
Me lembro que, quando comecei a estudar, com meus, sei lá, quinze anos, eu cantava árias de tenorzão na entoca e de brincadeira. Coisas como 'Nessun Dorma' e 'Ah! Leve-toi', mas não me levava a sério. E quando ia pras aulas de canto, entendia "cantar leve" com apertar a voz... Daí as atrocidades começaram.
Muito tempo se passou, e casualmente, cantei uma certa música mais pesada pro meu professor, e o cara soltou: "Acho que a sua voz é mais pesada do que você tava imaginando." - E em outra ocasião foi um "acredito que a sua voz é feita pra isso" (referindo-se ao Calaf de Turandot).
Finalmente eu entendi porque não conseguia nem de jeito nenhum emitir aquelas notas leves e tão ágeis que outras pessoas com meu possível tímbre conseguem tão fácil. Mas lá no fundo eu me dizia "já sabia, já sabia..." De repente eu me vesti dessa coisa de tenor leve, muita ressonância, música antiga (como uma frustração) porque gostava mesmo.
Mas hoje não - hoje assumi o esporreiro, o bicho, o monstrengo que parece um barítono. E CHEGA DESSA PORRA DE CLASSIFICAR O XIXI DO MONGE! É spinto, é spinto mesmo porra.
(Aguardem! Um dia vocês me ouvirão cantando 'Erlkönig', vai ser babado).
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