sábado, agosto 18, 2012
Depois de ter vindo do Rio de Janeiro e desta minha experiência com os gringos, lamento por dizer estar muito decepcionado com o que vi na minha bela cidade.
Antes via a situação da oficiosidade aqui no Ceará, do hábito ao invés da lei, do jeitinho ao invés do que é correto até o ponto em que me perguntei como as pessoas vivem no "mas é assim mesmo", sabendo que existe uma elite que nem educada é, e pisa em cima dessa massa de gente pobre, mas as pessoas aceitam.
E todo mundo se acostuma a tudo resolver com jeitinhos ilegais, improvisações e acordos irregulares, aceitam o absurdo e o abuso como parte da vida e as pessoas estão aí sobrevivendo sem saber que tem direito a serem respeitadas. Pois no Ceará o que se diz é "rapaz, não se estresse não, a vida é assim mesmo".
E tudo o que vejo no Brasil é anarquia, cinismo e megalomania (como um show do Placido Domingo pago a três milhões de reais no centro de convenções em Fortaleza para um punhado de convidados que não fazem nem idéia do que significa Fanciulla del West, um artista da maior grandeza que foi mero passa-tempo de um bando de novos ricos que só sabem comer e comprar roupa). Eu não sei mais o que dizer do meu país, tive vontade de chorar com o que já vi nessas férias.
As praias estão lindas, sim! A orla está cada vez melhor... Mas a vida na periferia e nos ônibus que vão até a parangaba estão cada vez piores, está tudo cada vez mais difícil para quem é pobre. Há dez anos atrás eu pegava um ônibus desse lotado, mas conseguia ficar em pé, já hoje, fiquei de ponta de pé com a barriga encolhida e me segurando com uma mão só para dar espaço às pessoas que quando saíam do ônibus pisavam categoricamente no meu pé e me empurravam como um saco de merda sem ao menos cogitar pedir desculpas. Imagino uma pessoa ser obrigada de viver nisso... Não dá.
Além disso, os motoristas de Fortaleza usam a buzina como uma arma, eles te coagem a correr, a abrir espaço fazendo cara feia e xingando se você os fez perder cinco segundos do seu precioso tempo. São pessoas capazes de atropelar alguém porquê estão certas da impunidade (afinal a polícia aqui não funciona) e do "jeito daqui".
Por favor, não contrate sem carteira assinada, se errou, peça desculpas, não faça barganhas absurdas em cima de vendedores que ganham por comissão, só porque você tem um carro, não quer dizer que você tenha o direito de fazer os pedestres correrem porque você acha engraçado, peça licença, diga 'obrigado', se interesse pelas pessoas que você acabou de conhecer, e principalmente, aprenda a respeitar quem nunca vai te dar nada em troca, só assim esse país fica mais justo.
Esta é a minha nota de repúdio. Isso aqui está uma barbárie, dá desgoto de ver como isso funciona. Para quem tem dinheiro é sempre bom. Os ricos vão ser sempre os ricos mesmo que eles estejam no inferno. Nesta cidade se vive uma guerra civil não declarada. É rico contra pobre, polícia contra ladrão e bandido contra bandido - aqui não tem mocinho.
Aqui a lei é o dinheiro, a rede de contatos, o "jeito daqui". Aqui não se diz a verdade, não se procura direitos e nada se critica, tudo se aceita e nada se transforma. "Svm qvi svvm".
Gostaria de dizer que não, mas hoje eu tenho vergonha de ser brasileiro e nojo de ser cearense.
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