Bom, vou começar assumindo logo que parei de postar neste blog por causa do vestibular. Parece mesquinho, mas poucos sabem como isto tudo de vida estudantil me perturba. Eu terminei o segundo grau da pior forma, e toda minha formação básica foi difícil (apesar de ter tido a sorte e uma boa mãe que sempre fez o impossível pra me deixar em escolas particulares). E eis o resultado: Segundo lugar pro bacharelado em canto na UFRJ.
Tô feliz pra caralho.
Eu tinha pesadelos horríveis, achando que ia ter que refazer todo o meu nível médio, que a polícia vinha me buscar por causa de um certificado de conclusão falsificado, de que um funcionário se recusava a fazer minha matrícula na faculdade... Um monte de parada.
Sabendo que todos meus primos e primas estão cursando faculdades, alguns já tem mestrados, ganham bem e tal, me sentia humilhado. A banda podre da família sabe? Algo como "a bichinha subversiva e burra, aquele troço que foi pro Rio bancar o artista". É terrível se sentir assim. Algo que me faz sentir mal é este assunto.
Mas é ótimo saber que isso - esse pesadelo de incompetência e autoflagelação acabou. Acabou! Anos de medo, culpa, vontade de desistir, de "assumir o fracasso", de sumir... É bom saber que o meu ímpeto por seguir em frente, assumir o aventureiro, o sem-rumo, deu frutos. A partir desta nova notícia eu me tornei outra pessoa, minha jornada finalmente saiu do ponto inicial. Pela PRIMEIRA vez na vida eu me sinto capaz, realizado comigo mesmo, é o fim de uma longa e confusa depressão; era como se o peso de toda a desgraça do mundo tivesse virado uma montanha de sequilho, daquele bem docinho que desmancha na boca. Cara, eu me sinto finalmente gente.
"Um bom viajante não tem planos fixos nem a intenção de chegar"
- Lao Tsè.
(E obrigado ao tempo, a chuva, ao irmão, aos amigos, aos inimigos, ao atraso, ao medo, a frustração, a humilhação, ao desprezo, aos falsos, aos maus, aos pedantes, aos lerdos, aos desprezíveis, aos exemplos, aos vivos e mortos, a mãe, ao amor e finalmente obrigado, mil vezes obrigado a minha existência. Existir é o máximo!)
* Acorde Maior *
(com muitos metais, dobramentos de tônica e tímpanos eufóricos)
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