domingo, fevereiro 23, 2014

Essa coisa de "paixão" é muito importante na vida, pra fazermos alguma coisa bem feito, precisamos estar apaixonados por aquilo; ou pelo menos pra continuar fazendo. Uma coisa que eu faço muito bem (e mesmo me surpreendo com os resultados) é ser professor de canto, e, modéstia à parte, o canto propriamente dito - mas não vejo como levar uma vida disso... 


Não é rentável, não é estável, não é seguro e eu não tenho cabeça pra dizer "I have a dream": eu só vejo alguém que quer ou que precisa muito cantar e queimo todos os meus neurônios ao ponto de ficar exausto pra colocar essa pessoa em "situação".


Mas é essa a verdade, eu não acredito mais nisso como profissão, gostaria muito de fazer isso como hobby e ouvir meus "padawans" preferidos (que estão quase todos aqui no meu face) quando for preciso.


A vida pra mim virou um beco sem saída: absolutamente mais nada tem graça pra mim, e eu não acredito que mais absolutamente nada vai dar certo porque eu tô muito velho, gordo, feio, doente e sem diplomas.


É besta, mas é isso.


Como qualquer ser vivo eu sei que o instinto de sobrevivência vai findar por falar mais alto e eu vou terminar conseguindo tomar uma decisão mais rápida (claro, sem esquecer que ainda estou preso pela prova de piano que estou pensando seriamente em mandar pra puta que pariu), mas é complicado olhar ao redor e só ver problemas: os franceses me dizem que a França é o inferno, o Brasil não está melhor, os colegas de trabalho lamentam que "o único professor legal vai embora"... O que quer que eu consiga fazer alguém vai ficar triste, mas o mais triste é eu ficar 7 dias por semana em inércia total.


Não sei qual foi o último dia em que não pensei como a minha vida é sem graça - acho que faz mais de um ano! Assim como não sei mais qual foi o dia que pensei que me sentia bem, realizado, feliz, com esperança, satisfeito... Deve fazer pelo menos três anos! Sacudir a poeira é preciso pra viver, mas pra viver (e não "sobreviver" como estou fazendo) a gente precisa de um motivo.


Motivos, esperanças, missões, sonhos no sentido mais puro da coisa... Eu não tenho nenhum. Não tenho vontade de fazer absolutamente nada e isso me entristece muito. A vida ficou muito desagradável pra mim...

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Não é normal. 

Não é normal todo santo dia ter os mesmos pensamentos, as mesmas frustrações, se perguntar as mesmas coisas e ter sempre as mesmas respostas...

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

domingo, fevereiro 09, 2014

E eu ali, como um perfeito babaca esperando a boa nova do fim dessa tristeza - não tem boa nova: nenhuma ligação, nenhuma notícia de ninguém; absolutamente nada, é como se eu não existisse...
Que sentimento ruim...
Mais um fim-de-semana inútil se acaba...
Tudo continua, mas vamos ver se tudo melhora, muda ou piora...
Pronto, estou fechado na minha bolha. Agora não tem mais rede social pra ficar vendo a vida dos outros desfilar na minha frente: sou eu e eu mesmo pra resolver o que fazer. Eu continuo? Eu paro? Eu faço o que acho que tenho que fazer? Em todos os casos preciso de coragem...

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

A depressão é uma das coisas mais estressantes e difíceis de entender, principalmente quando você está do lado de dentro.

"Entender" vira justamente um verbo inexplicável: você não entende mais nada, não ouve mais nada, não tem mais voz... Você se torna um fantasma ambulante que não consegue captar direito a passagem do tempo. Os eventos desfilam, as pessoas vem e vão e a sua mente continua congelada, enquanto um veneno misterioso escorrega pelo seu corpo.

A sensação é ácida, você sente as veias pulsarem, você tem sempre a impressão que acabou de tomar uma surra (principalmente quando você acorda) e você tem que fazer todas as coisas, principalmente falar com as pessoas.

E falar com as pessoas, como é horrível! Formar as frases, explicar, discordar, mostrar outro ponto de vista, é tudo tão cansativo, tão repetitivo... E você olha todas as ambições das pessoas passarem em cima da sua cabeça, você vê exatamente o quê toda essa gente quer: dinheiro, poder, dinheiro, poder - enquanto tudo o que você pensa é que cedo ou tarde todos estarão mortos, e nada disso faz absolutamente nenhum sentido sequer.

Então você se irrita com aquela perda de tempo - tudo o que você quer é que te deixem em paz, que você volte pro seu canto escuro e fique olhando o vazio enquanto as horas, os dias e os meses passam e você não consegue decidir.

Não consegue decidir se mexe o braço esquerdo ou direito, se anda ou fica (em geral você fica), não consegue decidir se vai viver ou se mata de vez... Tudo fica suspenso.

Você não sente mais nada além do medo, da culpa, da tristeza, da amargura, da raiva, da vingança: mas como todas essas emoções horríveis se misturam, elas se matam mutuamente, e finalmente você não sente absolutamente nada, só um vazio,  esse vazio te dá muita vergonha e medo pelas outras pessoas.

Então você se isola como se fosse uma bomba relógio, ou se isola como os bichos quando se preparam pra morrer.

Mas você não está se preparando pra nada - você simplesmente não está mais ali. A depressão é como se fosse o corpo que chora ter-se perdido da alma, ou a alma que grita quando está soterrada pelo corpo. De qualquer forma é muito desagradável: o corpo luta contra si mesmo, se machuca, se tortura e isso tudo acaba com a sua energia e a sua vontade de fazer as coisas.

Os projetos para o futuro se acabam: tudo vira passado. O presente também se desloca, ele se torna uma eterna preparação mal feita para o futuro pois enquanto você luta pra esvaziar a cabeça e se concentrar em alguma coisa já são 3 horas da manhã, seu coração está à 140 bpm e você está tão cansado que não consegue mais dormir.

A depressão não tem a menor lógica. Mas o que não tem a menor lógica mesmo é fingir que nada está acontecendo: grite. Aproveite aquele único segundo de energia do dia que você tem e grite, chore, implore por socorro antes que a depressão te amordace de novo - assim que ela puder, ela vai te calar.

Se as pessoas do trabalho são frias e não ligam pra você, se os seus amigos não são mais os mesmos e te deram as costas, se a sua família te abandonou, se a sua esposa morreu, amigo - foda-se! Não perca tempo e peça socorro! Você não tem nada à perder, mas se alguém te estender a mão, você tem tudo à ganhar.

De depressivo para depressivo/a.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

"Leva pra casa"

Ora - o delinquente, marginal, pilantra, ladrão já está dentro da nossa casa - o Brasil. Não adianta ficar colocando a mãozinha na frente do rosto pra fingir que tem uma solução mágica pra violência descontrolada, agora é a época de começar à preparar a única solução possível: desenvolvimento! É trantando o pobre que nem gente e dando um mínimo de dignidade pro brasileiro que a situação pode se inverter, não é dividindo a sociedade em "cidadão de bem" e "vagabundo" que isso vai funcionar.

Qualquer pessoa que é testada com a pobreza, o racismo, a precariedade e a humilhação durante toda a vida pode cair em tentação e ceder ao crime, crime violento de roubar bolsa de loirinha bonita em Botafogo, crime escroto, de roubar o carro de um "cidadão de bem pai de família que come hóstia"... Isso aí tudo acontece.

A corrupção e a marginalidade é tão forte que tenta até os ricos e burocratas - esses aí que quando a gente vê com o rabo do olho até parecem cidadãos de bem, e é pra pagar o luxo da vida dessa gente que 33% da tua grana vai-se embora na boca do Leão.

Mas vai, classe média, Estados Unidos, partido de direita, deus é mas, vai, continua falando do pobre, dizendo que o Brasil é uma merda por causa dele...

E para todas Cheirazadas, vão se lascar. Eu tô do lado do cracudo, da Nem, das pessoas que não agregam valor e que não deram certo na vida.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O mundo pra mim, talvez por causa das escolhas que eu fiz - ou por causa de uma falha de caráter que parece durar desde a manhã da minha vida, é um lugar horrível.


A maldade das pessoas sempre me afetou de uma maneira diferente, com 10 anos de idade eu levei sozinho uma professora mesquinha diante da diretora por maus tratos e insultos, com 22 eu denunciei um policial militar no Rio, com 23 coloquei os pingos nos "i"a para outra professora diante umas 40 pessoas, e com 27 anos eu enfrentei a imigração francesa sozinho: escrevi a minha defesa jurídica e ataquei o pescoço de um dos sistemas mais injustos e cruéis do mundo.


A dor alheia me chama atenção, ela me comove de um jeito muito intenso - ela dói em mim como se fosse minha, e toda essa miséria faz parte da minha vida.


Finalmente existe o canto - o que isso significa na minha vida? Ora, eu não consigo me ver em plena felicidade, com viseiras de burro sem olhar pros lados. Eu não sou ninguém de objetivo, muito menos de "eficaz", eu sou essa coisa emocional que sangra, e que tenta curar o mundo com bandagens sujas de sangue: o mundo tem muita dor, muito sofrimento, e eu gostaria muito que as pessoas parassem de fingir que não.


Eu não digo isso como uma simples cobrança, mas já abri a porta da minha casa para catar no chão o que restava de alguém, e continuo vendo que as pessoas tem uma verdadeira obsessão pelo sucesso e pela paz de espírito absoluta, como uma espécie de reprodução terrena do paraíso supremo de Deus, o criador.


Enquanto não se divide o pão, enquanto não se enxuga a lágrima, enquanto não se estende a mão, e se abraça a amargura do outro sem pensar e nem julgar, nós não somos em nada diferentes do nosso pior inimigo: que ele seja a vida que nos tomou um ente querido, ou um superior que simplesmente "não tinha nada a ver com isso" ou alguém que naquele momento "não podia fazer absolutamente nada" - o que nos torna medíocres não é não ser o melhor no que se faz, mas é aceitar a vida nos tornar simplesmente alguém que só consegue olhar pra frente ou ter uma visão distorcida de si mesmo no espelho, só vemos quem deveríamos ser, e não vemos nada que se mete no nosso caminho entre o real e o sonho do super-eu...



Bom, é isso. Talvez eu esteja sempre diante de uma experiência muito ruim, mas quando vejo esse culto do sucesso, das fotos em festas, de carros, das conquistas, eu me pergunto "qual o problema de toda essa gente que vive pra fugir de todos esses pesadelos que eles me ligavam aos prantos 11 hora da noite pra pedir socorro"?


Quantos desses maravilhosos e bem-sucedidos não eram suicidas em potencial que se escondiam atrás de religião, da maconha, da amante, da academia ou do relacionamento falido?


Eu vejo que a profecia de mãe se cumpre. "Amigos são meus dentes".


Pois é. Desculpem-me todos se não tenho mais sucesso é boas notícias pra dividir com vocês. Como vocês sabem, meu sol é a lua, o que me faz existir é a angústia, e a nuca certeza que eu tenho é a dúvida.


Este grande retorno de Saturno me arrancou desse mundo real e me mostrou de uma vez por todas que não adianta eu fingir que pertenço à lugar nenhum ou à quem quer que seja.


Nasci pra ser anônimo, ou ora estar sempre chegando ou indo embora pra sempre...