terça-feira, outubro 30, 2012

As idas e voltas da política na sociedade do bicho homem


A gente se sente tão chique, a gente se sente tão educada, mas a gente é tão, mas tão pretensiosa... Mais uma vez eu vejo como as coisas não estão boas porque as pessoas não tem um pingo de uma coisa que se chama *generosidade*.

Dia intenso. Revi boa parte dos antigos colegas de faculdade, mas agora são antigos colegas da minha ex-faculdade, esta UFRJ que eu tanto detestei, e que sem que eu soubesse me abriu as portas pra um mundo bem maior que eu imaginava que fosse possível pra mim.

Vendo ali a minha velha vida, eu tive saudades, tive vontade de dizer "não, eu fico"; mas acho que a vida tem que ter mão única, tem que i
r reto e sem dar retorno. Tenho impressão que a cada ano que se passa, tenho escolhido desafios cada vez piores pra mim, e que os níveis de stress que estou me submetendo estão se superando, mas o que fazer se, mesmo tendo um coração relativamente fraco, eu sou viciado em desafios?

Seguir adiante, vencer o invencível, ter medo apenas de não tentar, e ter medida viver dentro de uma bolinhazinha toda pequenininha. Mas que dá saudade... Ai que dá saudade dessa cidade apaixonante que me ensinou a viver, a errar, a ficar puto e, sobretudo, a não desistir dos meus sonhos. É noite de lua cheia, é quase noite de tosas as almas... Obrigado Rio de Janeiro sem lógica, sem palavra, sem pé nem cabeça...

sexta-feira, outubro 19, 2012

O desespero

Acho que pela primeira vez na vida tive realmente vontade de me matar.

E não era um sentimento de ódio, não era um sentimento de vingança nem nada disso, mas sim uma sensação de que não tenho muita saída, de que estou destinado de uma forma a sofrer, e sofrer e olhar para todos os males do mundo, como se eles se esfregassem em mim, e eu nada posso fazer. Absolutamente.

Porque nem por mim, eu posso. Não posso mais.

Quando eu era criança, no buraco, que nós chamamos de Veneza Tropical, no país da bunda, da putaria e da política falida, eu tinha um sonho que era sair dali. Fiz tudo o que pude pra nos tirar daquela casa, daquela porcaria de casa mal-assombrada pelo espectro da vida para, da preguiça, da má vontade e dos limites, depois da região pobre da cidade, e depois eu fiz tudo pra sair de Fortaleza, tudo, mas tudo mesmo.

Fui pra São Paulo com uma porcaria de um bilhete de avião só de ida, depois fui parar no Rio de Janeiro, depois vivi ali sete anos de stress, de desconforto, de incômodo, de falsidade, de gente interesseira, de trabalho semi-escravo, de tudo o que não presta.

Pra começar morei com a porcaria de um namorado completamente doente da cabeça. Um imbecil que só sabia reclamar, ter ciúme, me dar ordem, me fazer sentir mal, e dizer que os cento e oitenta reais que eu paguei pra me inscrever no vestibular das federais era "dinheiro jogado fora", porque eu não merecia ser aluno de universidade federal.

Isso, evidentemente, depois de fazer das tripas coração pra estudar solfejo (porque eu era analfabeto), piano, formação musical, e tudo isso... sem dinheiro! Sem um puto no bolso! E, aos vinte anos, cearense no sudeste, como uma tal pessoa consegue um emprego no sudeste? Só garoto de programa, e nem isso me ofereceram, porque magro, feio, com cabelo mal cortado e cara de aidético do jeito que eu tinha, não havia cristão ou muçulmano que quisesse me comer.

Passei nessa merda dessa faculdade pra me fuder que nem um animal lá dentro. Não sabia ler música e ficava que nem um imbecil às três horas da manhã fazendo porra de solfejo pra depois chegar na faculdade e tirar 3, 4, 5... Pra quê? Pra porra nenhuma, porque o que me deu emprego não foi competência nenhuma, foi fazer como todo mundo: ser convidado por alguém que conhece alguém e vai com a tua cara.

Eu achava que eu cantava bem, mas talvez meu primeiro professor de canto, um ilustre frustrado, com todo respeito, me disse que "eu não tinha o menor talento pra cantar, e deveria pensar em línguas, porque pelo menos pra isso eu tinha jeito". Jeito pra quê? Pra ser pobre, fudido, ganhar salário de mil reais pra dar porra de aula de inglês pra analfabeto funcional que não sabe nem a diferência de Nova Orleans pra Toronto? Não.

Então passei aí uns bons sete anos enrolando entre tudo e nada, entre trabalhar quarenta e quatro horas por semana pra levar cantada, calote, ouvir problema de vida pessoal, dar jeito em casamento e tudo de aluno. "Aluno"... "Aluno" ou caso psiquiátrico? O que significa cantar, pra essa gente toda? Não é o prazer, nem o dever de provocar bem aos outros, e sim, resolver um grande problema emocional, uma grande castração oral que termina por despejar todas as misérias da vida sobre um profissional - às vezes uma "profissional", como eu vi como muitas retardadas de mestrado embaixo do suvaco, e sempre uma mulher! Ô profissãozinha sexista do caralho! - atrás de um piano.

Deve ser por isso que os professores de canto são tão insuportáveis. Primeiro porque pra você terminar nessa profissão amaldiçoada pelos músicos e pelos pedagogos, você tem que cantar muito mal e ser um péssimo pedagogo, porque pra terminar aí, nessa lacuna da música onde qualquer pianista que conheça uma ópera ou duas pode se meter a dar aula, você tem que estar muito sem opção.

Então nesse mundo de ficar vendo estrelas cadentes e ascendentes suicidas-profissionais que vão e que vem, você começa a ficar cascudo. Fica a dica: Se você canta bem, e quer alguma coisa da vida, além de ser ou um músico muito foda, ou ser MUITO mas MUITO gato, ou ser MUITO mas MUITO rico, ou conhecer MUITA mas MUITA gente e ser MUITO mas MUITO querido por todo mundo, você tem que ter um senso de responsabilidade de juíz alemão, uma cara de pau de mendigo de Lapa, e sangue de barata. Sangue de barata porque você vai se fuder pra aprender repertório e ouvir "mas antes de pensar em uma prestação de serviços, a única coisa que podemos oferecer ao senhor é a concessão do espaço da casa gratuitamente para você divulgar o seu trabalho" - em resumo - trabalha de graça, e ainda agradece.

Vão todos tomar no cu!

Porcaria de lobbys do caralho, a mesma coisa que fazem com atores de segunda categoria, à propósito, é o gado que é movido pelo próprio ego de aparecer dois quartos de segundo no canto inferior esquerdo durante a novela mais vagabunda do canal do Edir Macedo. Arte? Arte de cu é rola! O negócio é dinheiro, muito dinheiro pra enfiar em buceta de puta, depois de passar por bolso de pastor.

Eu me fudi, e muito, nessa baitolagem de querer "servir à arte e também fazer o mundo melhor com o meu engajamento artístico".  O mundo tá pouco se lixando pro caralho de um viado latinoamericano gordo que pensa que é o Gênio da Lâmpada com a resposta pra tudo.

E o pior, eu ainda resolvi, depois de ter me fudido muito, mas bastante, de ter vindo pra uma porcaria de mato sem cachorro, uma merda de matagal de ex-colônia da França onde só tem gente sonsa, e até empregada doméstica faz politicagem. Aqui é pior que qualquer interior do Ceará porque todo mundo cheira o cu de todo mundo, e depois queima o filme de todo mundo. Viado? Viado não pode - apesar dessas merdas não serem nem católicos nem o caralho - mas vivem de fuder, de lamber buceta e enviar pica no cu dentro de carrões da audi e bmw em beira de estrada à vista de todo mundo. E no dia seguinte? Não sei, não vi, não conheço. Todo mundo faz, todo mundo lembra, ninguém fala porra nenhuma. Mas como sempre viado não pode.

E além disso, apesar de ter emprego dando em árvore, graças aos lascados expatriados do Brasil que vem pra cá atrás de viver de ajuda do governo, ou de catar essa porcaria de ouro que está socado no furúnculo dessa floresta, a imigração aqui é um inferno. Por causa desses vagabundos, desses semi-analfabetos sem noção que só pensam nesse caralho de dinheiro, esse lugar aqui virou uma fortaleza contra estrangeiros.

Mas eu penso, sinceramente: Que cagada de pombo foi essa que me deu no cérebro de pensar que isso ia dar certo? Imigração é coisa pra quem tem buceta porque, como tudo no mundo, as leis que não podem ser quebradas, as situações mais enroladas do mundo se resolvem com o poder da chavasca. Basta dar a chana, levar pica de algum gringo fulegarem e sem noção que vem dos cafundós do zeca do lado da puta que pariu, fugindo da polícia ou da interpol, ou porque não consegue um emprego decente na merda daquele continente chato de gente velha. e depois ir com cara de sonsa pedir "meus papiers", e as imbecis não sabem nem dizer uma frase completa na própria lingua nativa.

Porém elas estão erradas? Elas estão erradas de sair de um país onde um deputado federal ganha mais dinheiro por mês (contando a podridão da corrupção) que elas, essas fudidas sem escola, sem direito, sem família, ganham durante a vida? Será que elas são culpadas simplesmente por terem nascido? Eu não posso culpar ninguém.

De qualquer forma eu tô de saco cheio. De saco cheio de relativizar, de tentar compreender, de ir e vir, e tentar, e improvisar, e ir falar com não sei quem, e passar trezentos e-mails, e de ouvir que eu tenho "muita possibilidade", de que "eu aprendi um francês incrível em tempo recorde" - pra que isso serve? Ora, eu não consigo ser mau-caráter. Tentei. Tentei fazer teste de sofá, tentei puxar saco, tentei chupar pica... Mas não dá. Terminei virando copo de café na cara de imbecil, queimando a pessoa pra todo mundo, ou dando um murro na cara do corrupto. Não dá. Eu não nasci pra ser puta.

E agora? O que eu faço? Um concurso público? Pra quê? Pra ser reprovado mil vezes porque todos os políticos do Brasil precisam aprovar toda a linhagem familiar deles antes? Vou abrir um negócio? Pra viver como um asiático imbecil ou um Seu-Lunga que passa o dia vendo a vida passar enquanto ele queria estar fazendo mil coisas mais interessantes? Quando eu falo dos brasileiros, meu Deus, não penso como deve ser atroz ser asiático, como deve ser difícil fazer parte de países que fazem os parentes pagarem pelas balas da execução. Que porcaria de mundo é esse?

Então eu pensei que poderia ser uma boa idéia se eu morresse porque, honestamente, apesar de todas essas "eventuais possibilidades" que eu viria a estar tendo, sério, não tem lugar pra mim. Eu não sou inteligente, não sou dedicado, não sou bonito, não sirvo pra puta, não sirvo pra esposa, não sirvo pra imigrante, não sirvo... pra nada! Talvez se eu vivesse na Grécia Antiga desse certo, podia viver a vida reclamando de alguma coisa e ser chamado de filósofo. É bem o que eu sou isso... um cara que acha que tem a resposta mágica pra todos os males da humanidade.

E pros meus? E pros meus??? Se eu durmo duas noites seguidas em paz, é muito! Desde que eu nasci é assim! Meu Deus, que porcaria de vida é essa??? E quantas vezes eu já rezei ao Divino implorando à Deus que a única coisa que eu queria era um mundo justo! Era um mundo bom mesmo pras pessoas que às vezes eu digo que quero ver mortas! Eu não consigo querer mal à outra pessoa, mas estou cantado de ver pessoas quererem me fuder, quererem me esmagar com fofoca, com picuinha, com insulto, com indireta, ou simplesmente com desprezo, com proposta de trabalho semi-escravo, seja no Ceará, seja no Rio de Janeiro, seja aqui na Guiana Francesa... Eu acho que sou um tipo de gente que deu muito azar nessa porra de mundo... Mas deu muito azar... Eu nasci pra exercer um tipo de função que pede desapego e uma abnegação sobrehumana, mas eu morro de medo de ficar só. Falei.

Morro de medo de não ter com quem dividir essa existência miserável que eu me atrevo a chamar de vida. Morro de medo de não me sentir parte de uma comunidade, um grupo, um ciclo de boas vontades e bons espíritos que conspiram para o bem comum... Mas tudo o que eu vejo são inimigos, são guerras, são disputas políticas, são quebras de braço pessoais enquanto esse mundo, mesmo a buceta do caralho da porra da Europa apodrece em miséria e bagunça. Isso mesmo, seus imbecis! A Europa é um CU!

Então, eu me digo, ok, e aí Ramir? E aí, tu vais fazer o quê? Vai entrar pra Al-Qaeda? Vai entrar pro Ita? Vai entrar pras Powerpuff Girls? Não. Porque eu não consigo me imaginar estraçalhando uma pessoa porque Deus me mandou, ou porque eu tô com raivinha da vida. Se o problema é meu, então eu que me retire. E estou começando seriamente a me retirar.

Eu queria viver, mas vida é coisa pra rico, e rico cego, surdo, mudo e com sangue do Cão nas veias.

E, por este sincero desejo de acabar com essa porra e morrer, eu agradeço à todo aquele corrupto, frio, indiferente, manipulador, desonesto, ladrão, ciumento, fofoqueiro, inadimplente, sabe-tudo, desocupado, filho-de-médico, funcionário público, policial civil, professor universitário, colega de universidade, falso amigo, sanguessuga, vendedor de restaurante no quilo, cantor lírico, novo messias, matuto, evangélico, nepotista, ambicioso, todo-poderoso, sem critério, relaxado, motorista de carro esporte, menina bonita que pensa que eu sou hétero, pianista, professor de canto, concorrente tenor, velha fofoqueira do bairro, professor de matemática, médico urologista, enfermeira mal paga, vizinha mal comida, amigo problemático, "amigo" carioca, orientador profissional, contratante, diretor de associação, dono de firma, viado bonito e rico, viado bonito e carente, viado carente e grudento, amigos de foda, amigos maconheiros, igreja católica, igreja universa e, sem dúvida, eventuais familiares indiferentes do tipo "te vira". Por toda esta angústia que estou sentindo, agradeço de maneira personalizada à vocês.

Pra mim, não tem mais nenhuma graça viver. Não sei pra onde vou, não tenho mais liberdade nenhuma e nenhuma vontade de continuar com esta imbecilidade de "luta pelo meu futuro". Meu futuro é comer capim pela raíz.

Vamos direto ao ponto.

E vão todos se fuder.

domingo, outubro 07, 2012

Dia de cumprir o dever cívico no Brasil:

Ê! É hoje! É hoje que os investimento dos nossos empresários políticos vão frutificar! Mas saiba que cada primo, cada irmão, cada amigo que você, futuro político colocar dentro da política são várias pessoas que você mata com desemprego, fome ou doença.

Caros candidatos, saibam que cada carro, relógio, iPhone roubado de vocês ou das classes abastadas é um
a mera resposta aos crimes que vocês cometeram com desvio de verbas e corrupção mascarada.

O Brasil só tem uma saída: Tirar os carrapatos da máquina pública. O Estado brasileiro é um dos mais ricos do mundo, mas ainda somos um dos países com mais pobres - um dos países mais desiguais do planeta.

Vamos por favor mudar esta porra. Não façam como todo mundo, respeitem o seu país e todos os 190 milhões de pessoas que não são seus amiguinhos e nem a sua família.

E ao votante: Voto não é papel higiênico. Se passou na bunda, depois não reclame se seu país fede.