segunda-feira, novembro 28, 2011

A casca vazia

Existem muitos objetos no mundo que são interessantes de se ver, e outros, nem tanto. Mas o que agrada aos olhos, parece coisa vistosa e cheia das pompas, às vezes não é o melhor material. Pode ser uma casca vistosa, uma coisa de dar nas vistas, uma coisa linda por fora, mas dentro é infestada de podridão e egoismo. Como uma bela maçã podre, de casca bem vermelha, que quando se morde, vem de brinde um verme dentro.

Como aquela camisa velha que você deixou dentro do armário imaginando que estaria boa pra ser usada, e foi toda comida pelos cupins. Como todas as coisas que começam boas, e depois se transformam num pesadelo - essa foi a minha história ruim. Eu queria dizer I'm so over it, mas não é o caso, ainda estou com a triste sensação que jogaram uma praga de urubu na minha cabeça, que eu vou morrer olhando a vida e o gramado do vizinho, enquanto eu vivo nesse mar de frases incompletas e de oportunidades perdidas. Na vida não se acerta sempre, sorte nos negócios, azar no amor... Em que eu tive sorte?

Devo ter tido, cavando com os braços nus, no peso da pedra, enquanto gente de vida fácil vai comprando os iates... Quer saber, dane-se. Não devo nada a ninguém, nunca vivi pendurado no cangote dos outros, nunca desejei o mal... Mas só hoje depois desses quatro meses de inferno eu não queria me sentir uma casca vazia. Queria me sentir como tento fazer meus queridos se sentirem... Queria um afago, um sossego... Uma certeza... De que não estou sozinho nesse mundo de gente abandonada. E sim, tem gente solta ai pelo mundo que eu definitivamente preferia que um raio os partisse. Não que mereçam , eu não sou ninguém pra dizer quem merece o que... Mas eu só queria que se fudessem bonito, pra imaginarem - pra imaginar, pois a cria de chocadeira é uma entidade só, imaginar só por um momento como eu fui humilhado e exposto às situações que eu não desejo nem ao meu pior inimigo.

Assim como tive que aturar - não tenho outra opção de verbo - a falsa modéstia, a falsa auto-piedade (que é pior que esta simples falência da moral), assim como ao puxasaquismo e a prostituição de caráter (quando o cabeça oca é cabeça oca, é uma coisa, agora quando o burguesoide é o que pensa que lhe vai elevar, e fazendo isso seca a própria - triste, triste, triste... E pensar que olhando pirita, eu imaginei que era o ouro que eu já tive na mão). Que Deus me dê olhos a partir deste dia! Quero conseguir ver além do alcance do tédio e das simples carências caprichosas.

Ao meu pior inimigo - que não é o cáspita citado aqui - eu desejo vida longa, prosperidade, desejo que nunca trabalhe com crianças, pois em grupo são insuportáveis, desejo que não acredite de cara em tudo o que vê, desejo que não seja tao sugestionável, e desejo que consiga ver o que eu não vi: O valor das pessoas que veem valor em você.

Seja feliz, meu pior inimigo.
Pena que você não existe.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Seja lá a quem eu tenha feito mal: me perdoe. A vida segue, e que siga com as suas dores, que nos dêem pelo menos um pouco de conforto...

Meu diário de bordo

Estou finalmente comigo mesmo, em silêncio com as minhas idéias, e em processo de cura de todas as feridas. Posso dizer que são algumas... as que eu sinto e as que eu provoquei. E o que me incomoda é esta sensação de que eu tenho a obrigação de saber o futuro, que eu tenho que conhecer todos os mistérios da vida e da morte, e eu só tenho vinte e cinco anos. Isso dói.

Conversei muito com uma pessoa que sabe umas coisas da vida, e ele me disse “por que você pecisa saber tudo?”

Não sei. O verbo é sempre este maldito. Então sigo assim, tentando saber porque eu tenho que saber... por que eu tenho que ter certeza, e controle, e tantas outras coisas que me faltam. Me falta a felicidade. Durmo e acordo todos os dias aqui com a sensação de que eu fiz ou farei mal a alguém. Quando me lembro de todas as palavras que foram ditas, todas idéias que foram tomadas – as decisões não foram a do coração. Aliás: Parece que nunca foram.

Sempre que procurava o outro, fazia por mim somente, e por mais que eu tentasse, continuava com meus segredinhos, minhas opiniões nojentas, minhas impressões de que eu sempre via algo além do alcance. Talvez eu veja. Mas me sinto um fiasco.

Ao invés de romper a barreira do silêncio, preferi inventar motivações malucas e me aventurar no meio de uma tormenta de gelo... vejo que precisava me mexer, mas meu coração definitivamente está um trapo. Estou novamente como há três anos: destruído.

Não queria ter feito mal a ninguém... não queria ter magoado ninguém, queria somente ser feliz... E não adianta dizer que é só trabalhar e viver relações de vista clara e trinta minutos por semana – um dos melhores mistérios do ser humano é o mistério da intimidade.

Eu digo isso, mas sou um fracasso, um verdadeiro fracasso de gente que vive enterrado em tesão, e vontades superficiais e idiotas. Agora eu que pague com lágrimas amargas, quem eu já quis do meu lado, hoje mandei pro raio que o parta. Então será frio, e sonhos destruídos. E hoje me digo: bem feito seu preguiçoso egoísta.

Adeus à intimidade, adeus à sensação de ser único... estou de volta a ser só mais um que se acha na rua. Bem feito. E que eu me torne alguém deste mergulho no estígio. Tudo o que eu queria eram os sorrisos... agora serão lágrimas, e a terrível subjetividade da tristeza amancebada com a incerteza.

Que Deus exista,

preciso de um pouco de luz...