terça-feira, abril 22, 2008

Ps.:

Preciso dar um jeito sério de voltar a estudar alemão. Acho que sou a pessoa que conheço que mais gosta do Lied germânico. Nunca vi, fala sério. Estou com Lieder como adolescente com metal: Ao invés das tablaturas são partituras, e sempre correndo atrás de uma tradução. E cada Lied que consigo traduzir, é como uma faca que me rasga o peito (mas daquele jeito triste que é bom - você sabe do que estou falando) ou então como um brigadeiro (sei lá, tipo um ferreiro rocher) ou mesmo uma jóia rara - daquelas que você nem encosta direito com medo de estragar o brilho.

Agora que eu fui entender porque isso deu tão certo. Esses compositores conseguiram trazer para a música um certo amor, uma dor, uma sensação de solidão que viveram os poetas e os músicos que compuseram as obras (em dada época), que de uma maneira maluca representou magníficamente esta coisa noir, contemporânea, insólita que ainda vivemos. Cidades grandes, muitos mundos... E nenhuma comunicação com isso tudo. Então tudo que é de belíssimo fica íntimo, fica pequeno, tímido...

Um canto ali, um piano aqui... E todo amor que couber em um papel, uma voz e duas mãos.

Já estou cansando o assunto...

O bom de se acreditar em Deus é que, por mais idiota que seja, você tem um tipo de certeza contínua de que algo em algum lugar se encaixa. E que alguém perde tempo olhando por você. (Não simplesmente pra você como faz um transeunte com cara de taxo no meio da rua).

Certos tempos colocam nossos culhões a prova, e nessa hora eu percebi que não acredito em nada além da minha família e meus amigos. Meus Deuses.

A pior coisa do mundo num caso destes é sentir que as coisas não se encaixam. E que os Deuses não estão lá. É você e o monólito. Você e a lenda pessoal. Seja a tragédia ou o triunfo. Toda a odisséia está pronta. As bestas e os demônios estão em suas respectivas alcovas, com suas bocarras abertas, esperando aquele frouxo herói ousar dar os passos adiante para ser simplesmente devorado pelos mesmos.

Um herói leva consigo a terra, o suor e o sangue de suas origens. Tem algo tremendo e quase terrível de tão perfeito em si. Um herói tem uma certeza, e seu coração é um castelo repleto do seu passado, adornado com as boas memórias, onde moram os seus bens e queridos, e tem como tapetes as tragédias e os desafios.

Já eu me sinto um retirante numa tempestade de areia andando pra algum lugar que mais parece um buraco sem fundo. Quantas vezes um ser humano se sente assim? Meu Deus - quantas vezes alguém precisa olhar pra morte pra saber que está vivo? Quantas vezes precisa cair no poço pra saber que está em pé?

As coisas são o que são... e sejam lá o que forem, eu não as sei, não as conheço. É uma noite sem estrelas, é uma chuva em silêncio de vento frio, e à frente há o escuro.

Não fossem as palavras, estaria morto. Acho que não sei mais chorar.
Que porra é essa, né?
Dane-se.

sábado, abril 19, 2008

Allein, allein und immer allein

Por mais que eu não seja um astronauta, e muitas pessoas também nunca foram ao espaço sideral, é comum a sensação de vácuo num mundo tão cheio de gente tão cheia de si. mas não importa com qual força prendamos o ar e a sensação de self, a porra toda trava como um ciclo que não se fecha: Ser humano é estar em contato. É compartilhar.

Eu escrevi este blog pensando nisso. E por mais que ninguém o leia (também por mais que ninguém além de mim saiba o que realmente se passa na minha vida) continuo buscando reencontrar os elos rompidos.

Me sinto um pedregulho no vácuo, em algum lugar praticamente sem temperatura pelo espaço - preto e fundo.

Sempre uma canção...
Sempre uma pancada seca, ressoando fria no escuro...

 Die sich hier Gespielen suchten, 
öfter weinten, nimmer fluchten,
wenn vor ihrer treuen Hand
keiner je den Druck verstand:
Alle die von hinnen schieden,
Alle Seelen ruhn in Frieden!

terça-feira, abril 08, 2008

Wie eine Traum...

Heilige Nacht! Heilige Nacht!
Sterngeschlossner Himmelsfrieden!
Alles, was das Licht geschieden,
Ist verbunden,
Alle Wunden
Bluten süß im Abendrot.

Bjelbogs Speer, Bjelbogs Speer
Sinkt ins Herz der trunknen Erde,
Die mit seliger Gebärde
Eine Rose
In dem Schoße
Dunkler Lüste niedertaucht.

Heilige Nacht, züchtige Braut,
Deine süße Schmach verhülle,
Wenn des Hochzeitsbechers Fülle
Sich ergießet;
Also fließet
In die brünstige Nacht der Tag!

Clemens von Brentano

Ps.:

Na vivamúsica tô como barítono.

Sacanagem!

Uma coisa é te chamarem de barítono se você for, outra é ser barítono e ter culhão pra fazer aqueles repertórios pauleiras.

Quem dera que eu tivesse aqueles vozeirões. Mas não gente. É voz metálica e espetada mesmo. Esta porra que vos fala é tenor mesmo.
Quem dera que o mundo pudesse ser um pouco maior quando precisamos de espaço, e menor quando precisamos de tempo... Mas as coisas são como são. E não existe lugar para o medo.

A fraqueza é constante, e todos os vícios são como pólen para as abelhas...
Desagradável.

quarta-feira, abril 02, 2008

É tão bom ver os avestruzes com a cabeça num buraco e os vermes na carniça. Ó vida, ó lei do retorno.