terça-feira, agosto 21, 2007

Manual da vida fácil

Não tem nada a ver com prostitutas que, aliás, vida fácil não têm coisíssima nenhuma.
Depois da notícia de vários falsos mendigos apreendidos nas ruas de Uberlândia-MG (veja em http://noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=5318925), eu estou pensando seriamente em partir para a mendicância profissional. Apesar de ser contravenção penal, que prevê pena de 15 dias a 3 meses, os caras estão tirando cerca de dois mil reais por mês! Saem de suas cidades, pedem no horário comercial e depois voltam.
Viver no Brasil é muito bom mesmo...

sexta-feira, agosto 17, 2007

Frase do dia

"Olho gordo seca até cocô na chuva"
Só podia ser no Rio de Janeiro...

Novela aérea

Quem vai pegar avião nos dias de hoje já está preparado psicologicamente para os atrasos.

A estratégia do instrumento de sopro não deu muito certo em Manaus. Era mais fácil Gaakinha levar uma pedrada que conseguir ser alocada num avião. Tive a sorte de ter um funcionário conhecido por lá, que me telefonou assim que a aeronave pousou em solo manauara. Deu até tempo de voltar em casa para dormir.
Em Brasília, desembarquei quase na hora do almoço. A aeronave deveria estar em algum lugar do Brasil bem longe, pois o vôo para Belo Horizonte ia se atrasar em pelo menos 3 horas.
Hora do almoço, povo com fome. Povo com fome, povo estressado. E povo estressado esgotou o estoque de palavras cruzadas da parte destinada ao embarque. Chegou um momento em que começou a faltar comida. A lanchonete não deu conta da quantidade de gente com vôo atrasado na hora do rango... nem para a Gol oferecer uma barrinha de cereal naquela hora, poxa! Um estressadinho começou a brigar com a atendente: "você está me atendendo mal! É um absurdo isso! Eu não agüento mais esse caos aéreo!" - pondo no carteiro a culpa pelo preço do selo. Logo ele ouviu de um outro passageiro que estava com tanta fome quanto ele: "Não agüenta? Vai de ônibus!"
Depois de ter sido submetida a essa sessão de inanição, pretendo seguir o exemplo de um casal de argentinos: munidos de hambúrgueres, preparados em casa, abriram suas bolsinhas dentro do avião e fizeram "a farofa", com o suquinho oferecido pela companhia.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Será?

Após certos eventos, comecei a pensar um bocado sobre amizade. E o valor que as pessoas dão às outras...

É triste como a gente vale o que ganha ou faz. Raramente o mero fato de ser quem se é já é o bastante para que se tenha alguma atenção especial. Me lembrei que tinha uma doida que dizia assim:

That I would be good even if I did nothing
That I would be good even if I got the thumbs down
That I would be good if I got and stayed sick
That I would be good even if I gained ten pounds
That I would be fine even if I went bankrupt
That I would be good if I lost my hair and my youth
That I would be great if I was no longer queen
That I would be grand if I was not all knowing
That I would be loved even when I numb myself
That I would be good even when I am overwhelmed
That I would be loved even when I was fuming
That I would be good even if I was clingy
That I would be good even if I lost sanity
That I would be good
whether with or without you


Será que eu seria bom se eu fosse apenas... eu? Irresponsável, desligado, confuso... Só isso e aquelas coisas, e nada mais?

Puxando a orelha da mineirada...


E cada vez que Gaaki volta a Belo Horizonte tem mais certeza de que é mesmo de Manaus.
Não há lixeira nos ônibus, e não se vê um papel de bala jogado no veículo ou na rua.
Se tiver lixo no chão, principalmente plástico, pode ter certeza de que foi um belo-horizontino queimar o filme de Minas lá no norte.
Há belíssimas cavernas em Presidente Figueiredo, a 107km de Manaus. Não há uma gravação sequer. Aliás, há uma. Se você procurar bem, pode ver que nessa gravação de "nome de casal com coração" vai estar um MG ao lado.
Andando pela mata fechada, nas trilhas, não se vê uma ponta de cigarro no chão, um papelzinho, nenhum copo descartável, nada.
Navegando pelo rio Amazonas, chamei a atenção de uma garota que jogou um copo descartável dentro do rio. A mãe dela ficou muito sem graça e disse à criança que eu tinha razão. Se isso ocorresse em Minas, o mínimo que iria acontecer era eu ouvir um "o que você tem a ver com isso?", e em seguida viria o pai da criança e me daria um tiro na testa.
Os mineiros que me perdoem, mas só posso pensar isso ao ver boa parte das igrejas de Ouro Preto com as paredes todas destruídas pelas gravações de "nome de casal com coração". A cidade é um depósito de guimbas de cigarro a céu aberto.
Mineirada, cuidem das cidades. Gosto muito de vocês, mas jogar lixo no chão só "porque todo mundo faz" é coisa de gente sem cultura, que confunde democracia com libertinagem.
E, amazonenses, parabéns pelo zelo para com seu patrimônio. ;-)
(Foto: pôr-do-sol no Rio Amazonas, próximo a Itacoatiara-AM)

quarta-feira, agosto 15, 2007

Caso Richarlyson

Pegando carona no que disse o Maître D'Or...
Não interpretem o meu comentário como homofóbico, entendam que estou dissociando sexualidade de cultura, educação e bom senso. Confundiram as coisas em relação ao Richarlyson, só porque o cara é bem educado e sabe conversar.
A finesse está longe de ter algo a ver com sexualidade. Conheço homossexuais que são uns amores, e outros que são verdadeiras porteiras, assim como conheço heterossexuais que são uns amores, e outros que são verdadeiras porteiras. É questão de cultura... de berço!
Homofobia é crime, e por mais que você, Richarlyson, não tenha sido diretamente ofendido, o juiz que proferiu tamanhas barbaridades acerca do assunto merece, sim, um processo e uma destituição de cargo, no mínimo. Ele ofendeu boa parcela da população. Um cara que diz defender o Direito não tem o direito de dizer o impublicável.
Richarlyson, você pode ser o que quiser, homo, hetero, bi, pansexual, ninguém tem nada a ver com isso. É seu direito ser feliz, e seu dever jogar bola, garoto! Vai fundo! Muito sucesso para você.

sábado, agosto 04, 2007

É isso que dá colocar cavalo pra falar

Detesto - detesto ter que falar do mundo real onde não existe cultura, e onde as massas se degladiam e destroçam seus bodes expiatórios.

Como todos sabem, eu faço parte de uma leva de pessoas revoltadinhas com religião. Entre estas pessoas, a maioria viadinhos e outros marginais que tentam apelar para o inexistente senso do ridículo sobre as ainda vivas práticas de certos cultos aê, pô.

E hoje enquanto eu e ele estávamos num triste momento de morgação televisiva (a falência do livre arbítrio cultural, marca da condição geral no terceiro mundo) nos encontramos com um desses macabros programas evangélicos que varrem a televisão brasileira hoje em dia mais que nunca.

Foi quando percebi que o gritante (porque pastor pra mim é um cara caladinho com um pau na mão tangendo ovelha) era nada menos que Silas Malafaia (ou Silas Maracutaia, como alguns gostam).

O discurso, a princípio, parecia se tratar de um daqueles convencionais sobre "como o demônio rouba seu dinheiro"ou "agradeça a Deus o dinheiro que você tem dando-nos um dízimo¹" - mas não! De repente ele soltou aquela palavra mágica, que vinda da boca de um cristão já me gela a espinha. É como uma maldição... Então ele disse homossexualidade.

Pensei que depois de alguma insistência de nós, as bichas, para abafar o caso Rozângela Justino (vulgo Rozângela Desajuste) alguma coisa boa ia acontecer, e esse pessoal se tocar de que as bichas também são um bom mercado dizimista. Ou não, bicha só gasta no Ponto e no shopping. Não deve ter dado certo.

Foi uma luta pra manter a programação naquele canal, de tão desagradável que era a falação.

O homem era como um predador: O tímbre gutural, sempre imperativo, gritava comandos e morais, dizia, desdizia... Era um horror. No final das contas a reflexão espiritual sobre o homossexualismo (retornando a linguagem da patologia) era de que "o homossexualismo é comportamental. Não é uma coisa genética² como os gays querem dizer - é como o vício em cocaína ou álcool, é algo que se aprende ou se imita." E aquele desenvolvimento Velho-Testamento de sempre seguido por "amém" dos fiéis; naquele climinha mórbido dos templos deles.

Depois de bem mais de sete anos que o homoerotismo não é mais considerado patológico, depois de não-sei-quantas paradas e manifestos, e issos e aquilos ainda temos que conviver com esse fascismo. É triste, é triste...

O que eu me pergunto é: Isso só incomoda a mim? Estou há duas horas procurando a forma mais adequada de xingar esse homem, e algum mecanismo legal para queimá-lo em praça pública.

Não, eu não sou contra a liberdade de expressão. Não faço parte da sociedade secreta e conspiratória das bichas riquíssimas que dominam a mídia em uma realidade alternativa. Sou um cara normal, que é gay, e se incomoda ao extremo com as leis de Moisés interferindo no meu direito de ir e vir na esquina.

ISSO DEVIA SER PROIBIDO! As afirmações altamente especulativas feitas pelo religioso em questão tem caráter subversivo e fascista. Uma pessoa não pode se vestir de ciência em um ponto (para afirmar com razão limitada que o homoerotismo não é encontrado em nenhuma cadeia genética específica) e esquecer-se de outro fundamental (que há vários anos a sociedade psiquiátrica mundial aboliu o termo homossexualismo do quadro de patologias e para todas implicações legais, psíquicas e físicas, homoerotismo NÃO é classificado como doença).

Então chega! Aqui vai uma sugestão, quem quiser vir no bonde que venha: Assim como as ovelhas seguidores da Maior Farsa da História subvertem o real significado da política e criam seus partidos de superstição e subversão; nós, os viados e sapatões deste Brasil também devíamos tomar uma boa dose de vergonha na cara, arregaçar as mangas e mandar umas dúzias pro Palácio do Planalto ir votar umas certas leis.

Vamos sair do armário do poder político e mostrar que a opção ou condição que nos relega ao getto também pode nos levar ao palanque e mostrar nesse país, de uma vez por todas, que gostar de macho sendo macho, ou de cocota sendo mulher é problema nosso, e nosso apenas.

Seja por influência do Cão, por genética, poderes mutantes, oposição de vênus e urano, ser filho desse ou daquele santo; ter sido estuprado na infância, ter nascido no corpo errado ou simplesmente ser quem somos e por acaso sermos gays. E repito: Não há nada de feliz em ser gay. Tem que ser muito, mas muito macho!
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¹: Não se engane, a matemática dos dízimos hoje em dia está longe de 10%. Alguém aí falou em Thiffany's?
²: Como se todos os gays do mundo argumentassem isso. Especulação por especulação, prefiro a conjectura sobre vênus e urano.